terça-feira, 22 de maio de 2018

MADURO QUER FICAR NO PODER ATÉ 2025. A VENEZUELA NÃO SOBREVIVERÁ ATÉ LÁ.

Por Celso Lungaretti
Ainda existem articulistas de esquerda que preferem encarar corajosamente as verdades desagradáveis do que impingir a seus leitores realidades alternativas, como se estivessem escrevendo novelas de ficção-científica para tranquilizar adultos imaturos. 

Para aqueles que permanecem íntegros e comprometidos com os valores fundamentais do marxismo e do anarquismo, o que aconteceu no último domingo foi tão somente isto: um dos piores ditadores da atualidade deu mais um passo rumo ao abismo para o qual se encaminha e para o qual conduz o sofrido povo venezuelano. 

Meus parabéns a Ricardo Kotscho, um dos maiores jornalistas brasileiros vivos,  que já atuou em quase todos os veículos importantes do País e foi secretário de Imprensa do Governo Lula em 2003/2004.  O artigo abaixo faz jus a quem ele é, ao mesmo tempo envergonhando os que um dia foram parecidos com ele, mas hoje nada mais são.

Por Ricardo Kotscho
DITADURA DE MADURO MONTA FARSA, MAS OS ELEITORES
FOGEM DAS URNAS
Ditaduras no mundo inteiro sempre promoveram eleições para se legitimar, inclusive a nossa.

Salas de votação vazias guardadas por paramilitares fardados são o melhor retrato da farsa que foi a votação de domingo na Venezuela em que Nicolás Maduro foi reeleito por mais quatro anos.

Para quê, se o país está quebrado, dilacerado, sem comida, sem remédios e sem esperança?

Mais da metade dos eleitores não compareceu às urnas, a abstenção chegou a 54% dos inscritos.

Com o absoluto controle do Estado e os principais opositores presos ou impedidos de disputar a eleição, Maduro teve 5,8 milhões de votos (67% dos válidos), contra o principal adversário admitido nas urnas, Henri Falcón, que ficou bem distante, com 1,8 milhão de votos. 

“O que a gente ganha não dá nem para comer. Quem vai se entusiasmar com essa eleição?”, perguntou o pintor de carros Jesus Pereira ao repórter Fabiano Maisonnave, da Folha.

“Todos estão saindo do país como os pássaros. Quem pode vai embora”, desabafou o eleitor, que compareceu à mesma seção em que votava Hugo Chávez, morto em 2013.

Chávez instalou o bolivarianismo em 1999 e desde então seu grupo foi implantando e ampliando uma ditadura, à medida em que perdia apoio popular e a economia venezuelana se esfacelava.

Maduro foi nomeado herdeiro político do chavismo e, desde que assumiu pela primeira vez, abriu guerra contra as empresas que estariam a serviço dos Estados Unidos.

A indústria nacional foi destruída, vários países importantes cortaram relações e começou a grande debandada de venezuelanos em busca de sobrevivência. Só no Brasil já são mais de 50 mil que entraram no país nos últimos anos.

Mesmo assim, Maduro encontrou motivos para comemorar a vitória em seu discurso no Palácio Miraflores:

“Obrigado por me fazer presidente da República Bolivariana da Venezuela para o período 2019 a 2025. Quanto me subestimaram, e aqui estou.”

Será que o país sobreviverá até lá? O pior é que não tem nada para colocar no lugar dos bolivarianos.

É importante lembrar que o grande drama venezuelano não é provocado só pelo governo, na desatinada luta pela sobrevivência no poder, mas pelas elites locais, a começar pela mídia, a serviço dos interesses americanos.

Com a oposição dividida por interesses diversos e as instituições totalmente desacreditadas, a população não tem a quem recorrer.

Nós brasileiros deveríamos prestar mais atenção no que acontece por lá, para que a mesma tragédia não se repita aqui com as viúvas da ditadura dos generais, encantadas com a patética figura de Jair Bolsonaro, um ex-capitão, militar como foi Hugo Chávez, só que com os sinais trocados.
A diferença é que Chávez resolveu afrontar os Estados Unidos, enquanto Bolsonaro está pronto para prestar absoluta vassalagem ao grande irmão do norte.

Lá como cá, como sabemos, por trás de tudo está a disputa pelas reservas de petróleo.

Não podemos esquecer que brasileiros também já estão emigrando em massa, não só para Miami e Lisboa, mas também para o Paraguai.

Corremos o risco de virar não uma Grécia amanhã, mas uma Venezuela, se não tivermos juízo.

Vida que segue.
Já que estamos falando num pequeno ditador infame
e ridículo, por que não relembrarmos um grande ditador?

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