quinta-feira, 19 de abril de 2018

BATTISTI É ACUSADO DE TER MENTIDO AO DECLARAR COMO DOMICÍLIO A CASA NA QUAL CONTINUA MORANDO ATÉ HOJE

O casamento da discórdia: muito barulho por nada.
O Ministério Público quer porque quer complicar a vida do escritor Cesare Battisti. Vale tudo para estressá-lo e fazê-lo desperdiçar seu tempo.

Depois da autêntica comédia de pastelão na qual se constituiu sua detenção no Mato Grosso do Sul embora tivesse o direito legal de sair do Brasil a seu bel prazer, seguida de uma denúncia insustentável de evasão de divisas, surge outra forçação de barra persecutória. O show não acaba nunca?

Agora é uma questiúncula sobre o Cesare ter supostamente fornecido endereço errado na documentação para seu casamento com a brasileira Joyce Lima. Atribuem-lhe falsidade ideológica por haver comunicado que morava em Cananeia, SP... exatamente onde reside até hoje!!! Ridículo tem limite.

É óbvio que as duas denúncias poderão, quanto muito, ser levadas a sério em 1ª instância, mas acabarão fulminadas nas instâncias superiores, pois ambas não têm nem pé nem cabeça.

Mas, choca-me constatar que tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. A ditadura acabou, mas as bocas continuam tortas por causa do cachimbo.

Naqueles tempos infames eu também era alvo dessas infelizes coincidências. Certa vez, na década de 1980, uma revista em cuja redação eu trabalhava foi apreendida nas bancas por pressões de uma associação de bairro de defensoras do moralismo rançoso.
Battisti em Cananeia. Onde mais?

Disto resultou um processo contra a Fiesta e eu peguei a sobra. Só que o fulcro da questão não tinha absolutamente nada a ver com as funções de um redator. 

As peças apontadas como pornográficas eram um conto de terceiro (!), que foi publicado com o nome do autor bem visível; e uma publicidade (!!) de pomada erótica, cuja responsabilidade, evidentemente, cabia ao anunciante e ao dono da revista, por ter aceitado o anúncio. 

Acreditei que esclareceria tais disparates logo na audiência inicial. Acabei tendo de assistir a todas as audiências, umas quatro ou cinco, chegando sempre no Fórum João Mendes às 13 horas e tendo de passar a tarde inteira mofando lá, pois os casos sem réus presos iam invariavelmente para o final da fila.

No julgamento, o promotor finalmente reconheceu que nada havia contra mim naquele processo e recomendou a minha absolvição, sendo esta a sentença do juiz. 

Mas, saí de lá convicto de que a intenção real tinha sido a de me intimidar e infernizar a minha vida, assim como o Cesare decerto estará considerando agora.

Por último: o máximo a que uma somatória de processos cricris poderia levar é à expulsão de Battisti do Brasil, mas não à sua extradição para a Itália, que depende de autorização do Supremo Tribunal Federal. 

Enquanto o ministro Luiz Fux não colocar o assunto em discussão, seja na 1ª turma ou no plenário, o Cesare continuará a salvo da vendeta dos neofascistas italianos.

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