sábado, 31 de março de 2018

QUEM NÃO QUISER SERVIR DE BOBO ÚTIL PARA MANIPULADORES ESPERTOS, ASSISTA A "O MECANISMO" ANTES DE SE POSICIONAR

Até quando as redes sociais vão servir como correia de transmissão para as manipulações petistas, engolindo lorotas convenientes como se fossem a tábua dos 10 mandamentos?!

Li muita gente séria garantindo que o seriado O mecanismo não tinha nada de mais, então fui tirar a prova dos nove e constatei a inexistência de qualquer intenção de detonar preferencialmente o PT, poupando seus adversários políticos.  

Tanto que o Michel Temer aparece como outro partícipe importante nos esforços para abafar as investigações policiais e livrar a cara das empreiteiras crapulosas.  

O Aécio Neves chega a ser caricato no seu oportunismo rasteiro, além de haver uma sugestão de que ele realmente se drogaria. 
Sérgio Moro/Paulo Rigo: pressões ilegais sobre os presos

O próprio Sérgio Moro (bem como alguns agentes da Polícia Federal) é mostrado ultrapassando os limites de sua autoridade e pressionando presos de forma ilegal para coagi-los a se tornarem delatores premiados. E por aí vai

Quanto ao STF, a impressão que O mecanismo passa é a de que ele tradicionalmente agia para garantir a tranquilidade dos poderosos, minimizando o estrago causados pelas investigações de escândalos, até que  resolveu bancar a Operação Lava-Jato, tomando o partido dos antipetistas na luta pelo poder e não conseguindo depois enfiar o dentifrício de volta no tubo. 

Enfim, trata-se de uma visão bem negativa do universo da política, da Justiça, do Ministério Público e da polícia, só aliviando um pouco para alguns personagens envolvidos na luta contra a corrupção, como o José Padilha vem fazendo desde Tropa de Elite, no qual relativizava até a prática da tortura. Mas, nem mesmo a agente Verena e o ex-agente Ruffo deixam de ter seus escorregões éticos e legais.

Enfim, se há alguma ideologia no seriado, é a de que está tudo podre (canceroso) no topo de nossa sociedade
Dilma Rousseff/Janete Ruskov: chamam-na de a louca
A insistência do PT em posar de vítima já encheu o saco. Qualquer detalhezinho ínfimo, tipo colocar na boca do Lula uma frase do Romero Jucá, serve como pretexto para uma tempestade em copo d'água como a que estamos assistindo, cujo real motivo é colocar sob suspeita uma obra que, apesar de suas evidentes limitações, acerta pelo menos ao igualar os políticos profissionais do PT, do MDB, do PSDB e todo o resto da corja como farinha do mesmo saco

A quem esses aprendizes de Goebbels pensam que enganam? Não ao cidadão comum, que há muito tempo concluiu a mesmíssima coisa sobre aqueles que fazem da política um meio de se darem bem no inferno capitalista, mandando os ideais de uma sociedade mais justa às urtigas. 

[Quanto à esquerda, deveria é aproveitar o desencanto com a democracia burguesa para reassumir-se como força transformadora da sociedade. Enquanto limitar-se a disputar privilégios com outros aspirantes a privilegiados, chafurdando na mesma lama dos demais políticos podres, de nada lhe adiantará quebrar os espelhos que refletem sua descaracterização.]

De resto, há milênios autores colocam falas de um personagem histórico na boca de outro quando isto é conveniente em termos artísticos.
Um típico sucesso de escândalo

Usar tal detalhezinho ínfimo, que mal se notaria no meio da trama, como pretexto para impugnar um seriado de mais de seis horas de duração é outra evidência gritante de que dessa gente os explorados não podem esperar nada que preste; e de que a esquerda, ou os deixa de lado e caminha para a frente, ou afundará no mesmo descrédito que eles cavaram para si próprios.

Quem não quiser servir de bobo útil para manipuladores espertos, assista a O mecanismo antes de se posicionar como um inquisidor do século 21, apoiando implicitamente a prática da censura.

Por último: atuei uns cinco anos como crítico de cinema, mas não farei uma análise a caráter da série... porque não passa de mais uma besteirinha da indústria de entretenimento, feita para dar lucro e não para lançar luzes sobre acontecimentos históricos. 

É 96% de thriller policial, com umas pitadas de niilismo político simplório para dar um saborzinho picante e suscitar polêmicas que ajudam a promover o produto em questão (a Netflix buscou e obteve o velho sucesso de escândalo). Nunca levo a sério o que não merece ser levado a sério. 

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