quinta-feira, 29 de março de 2018

MUITA CALMA NESSA HORA!

Gilmar Mendes foi chamado de "palhaço"...
Está no noticiário que até ministros do Supremo Tribunal Federal, como Edson Fachin, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, andam sendo pressionados e/ou hostilizados por cidadãos comuns. 

Parece que a tentação de sentir-se espetacular na sociedade do espetáculo fala mais alto do que o receio de complicações legais. Um desses abilolados não só perseguiu e xingou Mendes nas ruas de Lisboa, como filmou tudo com seu celular e postou as imagens na internet, fazendo questão de deixar à vista aquela em que aparecia refletido num espelho, por meio da qual poderá ser identificado.

Isto vem ao encontro da minha interpretação do episódio dos tiros disparados contra a caravana do Lula: não passam de amadores metidos a bestas querendo aparecer. 

Trata-se, claro, de um fenômeno preocupante e que tem de ser coibido, mas não equivale a nenhuma conspiração de profissionais para matar figurões, como, p. ex., a que redundou no assassinato do então presidente dos EUA John Kennedy em 1963. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
...por este exibicionista.

Percebe-se, contudo, a existência de uma exploração política exacerbada dos disparos contra a lataria de ônibus, pois há gente tentando de todas as maneiras influenciar a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre prisão imediata do Lula x necessidade de aguardar-se que mais uma instância judicial confirme sua condenação.

Mantenho a minha posição de que Lula deveria é cumprir sua pena em prisão domiciliar, por ser idoso e por haver sido sentenciado em razão de um crime do colarinho branco, cuja gravidade é imensamente menor que a dos crimes hediondos, por mais que certos jacobinos do Ministério Público defendam o contrário. 

Fizeram da corrupção política um espantalho e querem sustentar de qualquer maneira tal ilusão, omitindo que muito mais danosa para os brasileiros sempre foi a aberrante desigualdade econômica e os escandalosos lucros dos grandes empresários em geral e dos banqueiros em particular. 

Uma esquerda digna desse nome estaria é explicando há muito tempo esta verdade óbvia para o povo (números para comprová-la não faltam), ao invés de, covardemente, evitar contrariar os simplismos que a indústria cultural martela na cabeça das pessoas humildes. 

De certa forma, os processos do mensalão e do petrolão a puniram por sua pusilanimidade. 

O Paulo Francis afirmou e eu sempre reiterei que o combate à corrupção é uma bandeira da direita (um acréscimo de minha parte foi o de que a corrupção é intrínseca ao capitalismo e existirá enquanto os seres humanos forem compelidos a buscar o enriquecimento como prioridade suprema de suas existências).
"O combate à corrupção é uma bandeira da direita"
Mas a esquerda, de forma oportunística, quis mais é surfar nessa onda, como quando apoiou a Operação Satiagraha, alinhando-se com uma das quadrilhas que travavam aquela disputa de gângsteres por um mercado florescente. 

Isto a deixou sem credibilidade para opor-se aos evidentes excessos cometidos por policiais e procuradores nas posteriores cruzadas enxuga-gelo.

Enfim, os erros crassos cometidos lá atrás desembocaram no impeachment da Dilma e na iminente prisão do Lula. 

Mas, a esquerda brasileira nunca dependeu desesperadamente da posse da Presidência da República, que, relativamente a seu papel primordial (fazer a revolução anticapitalista), não passa de um objetivo tático; e até as pedras da rua sabem que Lula não ficará muito tempo no xilindró, logo algum jeitinho se dará para livrá-lo das grades (o mais tardar no indulto natalino).

Então, muita calma nessa hora! 

A correlação de forças nem de longe nos favorece neste instante. Opodres Poderes da República estão fragilizados, mas o verdadeiro inimigo (o poder econômico) tem como mobilizar facilmente todas as forças e recursos necessários para nos esmagar. E não há dúvida de que o fará, se as coisas chegarem a esse ponto.
"O poder econômico tem como nos esmagar"

Vai daí que, estimulando a radicalização, estaríamos apenas levantando a bola para o outro lado marcar pontos e talvez até nos destruir. Pode se partir para a guerra quando se dispõe de um exército de verdade, mas aquele que João Pedro Stedile possuiria não tem sido visto em campo de batalha nenhum... 

Então, temos mais é de assumir que estamos uma fase de defensiva estratégica, durante a qual devemos repensar nossas estratégia e táticas, reagrupar nossas forças e ampliar em muito nossos contingentes organizados, antes de cogitamos voos maiores. 

Não é hora de sequer flertarmos com a ideia de confrontos, muito menos de os propiciarmos com provocações insensatas e bravatas pueris.

4 comentários:

Anônimo disse...

.
Tem um furo na lataria do busão.
E tem um furo na versão.
Cadê a bala meu irmão?!

Vitorio Malatesta disse...

A polícia "engoliu" a bala meu irmão.

Valmir disse...

"O combate à corrupção é uma bandeira da direita"

e o exercício da corrupção propriamente dita é uma bandeira da esquerda???

celsolungaretti disse...

Que decepção, Valmir! Até você deu de fazer comentários sem ler o post com atenção!

A resposta já está no texto: "a corrupção é intrínseca ao capitalismo e existirá enquanto os seres humanos forem compelidos a buscar o enriquecimento como prioridade suprema de suas existências".

Ou seja, a corrupção é uma prática ampla, geral e irrestrita, na qual incidem todas as correntes do espectro político enquanto prevalecerem os condicionamentos psicológicos do capitalismo.

Esquerdistas deveriam ter consciência suficientemente firme para resistirem às tentações da ganância, do consumismo, do poder, do status, da busca de diferenciação e de privilégios, etc.

Mas, sua formação ideológica hoje é das mais medíocres e eles acabam também metendo os pés pelas mãos quando têm acesso às benesses do poder.

Então, a coisa virou uma geleia geral, causando enorme vergonha nos militantes bem formados da minha geração.

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