quarta-feira, 6 de setembro de 2017

ACLAMADO POR DILMISTAS QUANDO TENTAVA DERRUBAR TEMER, JANOT FAZ AGORA PESADAS ACUSAÇÕES A DILMA.

Janot e aquela que ele acusaria de "criminosa desde 2003"
Um fenômeno chocante de nosso tempo é  a presença largamente majoritária, entre os internautas que se definem como de esquerda, de cidadãos sem a mínima familiaridade com os valores, as tradições e o pensamento revolucionários. 

Tais internautas enxergam a política como um Fla-Flu, torcendo acriticamente por um time e satanizando acriticamente o outro time.

Então, quando um procurador-geral da República que jamais teve a mínima afinidade com a causa dos explorados se uniu à rede de TV mais perniciosa para o povo brasileiro desde os tempos sinistros da ditadura militar, os maniqueístas virtuais ditos de esquerda vibraram, pois o complô visava à derrubada do principal beneficiado com a derrubada de Dilma Rousseff.

Cansei de alertar que, ao invés da sede de vingança, o que deveria decidir nossa postura era se o sucesso dos golpistas nos seria de alguma utilidade tática (pois estratégica, claro, jamais haveria nenhuma!) ou, pelo contrário, não passava de um salto no escuro com grande chance de nos conduzir a um cenário pior ainda. Desde quando apoiamos golpes de direita, ainda que dados contra um presidente de direita?

Bem, os fervorosos dilmistas, que queriam porque queriam ver Temer pagar pelo que fez à sua amada heroína, podem agora saber exatamente a quem aplaudiam.
Esta flechada na Dilma não foi o Janot quem deu

Basta lerem esta singela notícia do blogue do Fausto Macedo n'O Estado de S. Paulo, cujos trechos principais reproduzo:

"A ex-presidente Dilma Rousseff foi 'amplamente' beneficiada com recursos de propina inseridos em planilhas que somam R$ 170,4 milhões, acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao apresentar a denúncia contra Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras seis pessoas por organização criminosa.

De acordo Janot, esses valores também serviram para os interesses do grupo político beneficiado com a permanência da petista no poder... 

...Ao analisar a planilha Italiano, referente a recursos de uma conta corrente mantida pela Odebrecht, Janot diz ser 'possível afirmar que Dilma recebeu no mínimo uma parte ou a totalidade das vantagens ilícitas de R$ 26 milhões pagas pela Odebrecht a João Santana (marqueteiro responsável pelas duas campanhas presidenciais da petista) em 2011, referentes a dívidas por serviços de marketing prestados à sua campanha de 2010 à Presidência da República, e de R$ 30 milhões repassadas a Palocci (ex-ministro da Casa Civil da petista), coordenador da referida campanha, em julho, agosto e setembro de 2010, meses coincidentes com o período eleitoral daquele ano'.

No que diz respeito à planilha Pós-Itália, o procurador-geral da República infere terem sido transferidos em benefício de Dilma parte ou a totalidade 'das vantagens ilícitas de R$ 21 milhões repassadas pela Odebrecht em 2014 a João Santana, de R$ 69,4 milhões repassadas pela Odebrecht entre setembro e outubro de 2014' mediante autorização do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Janot também citou o suposto pagamento de R$ 24 milhões para a compra de apoio de partidos políticos à candidatura de Dilma à Presidência da República em 2014, visando à ampliação do tempo no horário político gratuito.

'Somados os referidos valores, verifica-se que Dilma foi favorecida, em 2010, com a quantia de R$ 56 milhões, com débitos da planilha Italiano, e, em 2014, de R$ 114,4 milhões, com descontos da planilha Pós-Itália, concluiu Janot.

Segundo Janot, Dilma integrou a organização criminosa em questão desde 2003, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia a convite de Lula.

'Desde ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no âmbito da Petrobrás, da qual foi presidente do Conselho de Administração entre 2003 e 2010', disse Janot.

'Durante sua gestão junto à Presidência da República deu seguimento a todas as tratativas ilícitas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atuação direta que teve nas negociações junto ao grupo Odebrecht', acusou o procurador-geral da República".

P.S.: seja por ter tomado gosto pela coisa, seja por estar querendo agora agradar à parcela majoritária dos donos do PIB, depois de ter metido os pés pelas mãos ao participar do complô urdido por uma facção minoritária, Janot disparou outra denúncia contra Dilma e Lula no espaço de 24 horas: acusou-os de tentarem obstruir a Justiça naquele episódio em que Dilma quis tornar Lula ministro para assegurar-lhe fôro privilegiado.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Cansei de alertar que, ao invés da sede de vingança, o que deveria decidir nossa postura era se o sucesso dos golpistas nos seria de alguma utilidade tática"

Mudou a camisa foi Lungaretti? Antes não era golpe e agora é? Antes era impeachment previsto na Constituição. Golpista.

Oportunista, sacripanta. Você acha que as pessoas não sabem quem é você?

celsolungaretti disse...

Antônio,

você viajou na maionese. O artigo é bem claro quanto ao golpe a que me refiro: o que a Globo, o Janot e as Organizações Globo tentaram dar no Temer, fracassando miseravelmente. Foi tentativa de golpe porque envolveu um sem-número de ilegalidades na delação premiada que ensejou a denúncia (o que se comprovou inequivocamente agora).

Não tenho dúvidas de que existam razões legais para derrubar o Temer. Mas não com armações desse tipo.

Quanto à derrubada da Dilma, também já me defini com a máxima clareza:

1. evidentemente, ela caiu porque o poder econômico assim decidiu;

2. em termos técnicos, foram cumpridos todos os requisitos legais, então não se pode falar em golpe, salvo como etiqueta propagandística;

3. maquilar as contas públicas, tecnicamente, constitui motivo suficiente para impeachment, embora noutros governos se fizessem vistas grossas a tal prática;

4. pior mesmo foi a vitória eleitoral obtida com propaganda enganosa (a Dilma prometeu aplicar uma política econômica diametralmente oposta à que começou a implantar assim que empossada, ao escolher um neoliberal para ministro da Fazenda), pois tornou a eleição um conto do vigário. Este sim foi um estelionato eleitoral merecedor de impeachment, mas a patética Constituição de 1988 não o possibilitava.

Seria bom mesmo se todas as pessoas soubessem quem eu sou. Entre outras coisas, saberiam que, quando o digno companheiro Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do PT por ter denunciado a corrupção que começava a corroer o partido, fui um dos únicos esquerdistas a assumir publicamente sua defesa.

Alertei que, ao sacrificar um revolucionário para salvar uma laranja podre, o PT sinalizava um "liberou geral" que acabaria destruindo o partido. Se dependesse do Venceslau e de mim, o PT não estaria hoje mergulhado na lama até o pescoço.

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