terça-feira, 15 de agosto de 2017

O FUTEBOL ERA UM BELO ESPORTE. HOJE, NÃO SEI MAIS O QUE É...

A ganância desmedida não respeita nada
O capitalismo tem o toque de Sadim: tudo que toca, vira excremento.

Vamos falar de uma vítima de tal transformação que a poucos ocorre: o futebol. Era um belo esporte. Hoje, não sei mais o que é.

Há um acúmulo de competições disputadas pelas principais forças do nosso futebol: a Copa Libertadores da América (cujo campeão vai à Copa do Mundo de Clubes da Fifa), o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, a Copa Sul-Americana, a Recopa Sul-americana, os campeonatos estaduais, a Primeira Liga e a Copa do Nordeste (faltou alguma?).

Os desvalorizados campeonatos estaduais, relegados ao comecinho da temporada, servem apenas para aquecer as turbinas. Depois vêm as outras competições, embolando-se. Há clubes, como o Grêmio, jogando três delas simultaneamente.

Se escalassem sempre o que têm de melhor, metade do elenco estaria estourada o tempo todo: não há quem aguente tanta partida junta.

Mas, a medicina esportiva já dispõe de exames para aferição científica do potencial de contusão dos jogadores; os técnicos, sabendo quais atletas correm maiores riscos em cada momento, deixam-nos de fora do jogo seguinte. Quando isto é impossível, colocam-nos só no 2º tempo, ou entram em campo com eles e os substituem no início da etapa complementar.

Outro artifício é definirem uma das competições como prioritária e a(s) outra(s) como secundária(s). Aí, poupam descaradamente seus melhores jogadores, às vezes escalando apenas um ou dois titulares.
Os 7x1 no Mundial de 2014: pior vexame da História.

E a prioridade não é dada necessariamente à competição mais importante. Pode ser àquela que o clube tem maiores chances de ganhar.

Neste momento, p. ex., o Brasileirão registra uma disparada do Corinthians que chegou ao final do 1º turno com oito pontos à frente do 2º colocado (Grêmio). O que aconteceu? O Grêmio praticamente desistiu da competição brasileira mais importante e está poupando seus craques não apenas para as partidas da Libertadores, mas também para a Copa do Brasil.

O Santos, para a Libertadores.

O Flamengo, para a Copa do Brasil e a Sul-Americana.

O Botafogo, para a Libertadores e a Copa do Brasil.

Acrescente-se a má fase de Palmeiras, São Paulo e Atlético Mineiro, e temos o Corinthians praticamente campeão na exata metade do caminho; pois, com o 2º turno inteiro por disputar, os rivais que poderiam ser uma pedra na sua chuteira já abriram mão do Brasileirão. Farão figuração até o fim. E o campeonato mais longo se arrastará sem disputa real pelo título, mas tão-somente pelas vagas restantes para a Libertadores e pela permanência na Série A. Que tédio!
Jogadores prostrados ao final da partida. Deprimente.

Os torcedores pagarão ingresso para – e os telespectadores pagarão o mico de – assistirem a contendas entre o que quer ganhar e os que estão somente cumprindo tabela.

E, mesmo assim, continuará havendo excesso de contusões, pois exige-se esforço demasiado dos proletários dos gramados (ainda que os ganhos de alguns deles sejam mirabolantes, continuam sendo explorados e o que recebem continua sendo inferior às receitas que as respectivas agremiações extraem do seu labor). 

Como era mesmo aquela história da carochinha sobre o ganancioso matar a galinha dos ovos de ouro? Pois é.
Numa bela canção de Milton Nascimento, recuerdos
dos tempos em que aqui era o país do futebol... 

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