terça-feira, 29 de agosto de 2017

DIZIAM QUE LULA SERIA CANDIDATO DE QUALQUER JEITO E QUE O PT NÃO TINHA NENHUM 'PLANO B' PARA 2018. AGORA TEM?

Toque do editor
Mantendo a tradição deste blogue, reproduzo uma análise sobre movimentação de bastidores que considero ser relevante para refletirmos sobre o que está para vir.

Pois, para mim, a função de um blogueiro jornalista é ajudar os leitores a descobrirem as verdades ocultas sobre o passado, entenderem o presente e perscrutarem o futuro, não a de martelar o tempo todo as visões, versões, distorções e clichês partidários, como fazem tantos blogueiros leigos e alguns blogueiros jornalistas que deixaram de portar-se como tais e hoje não passam de propagandistas.

Gostaria de possuir eu mesmo os contatos que me permitissem montar um quadro de bastidores como o do Igor Gielow em seu artigo desta 3ª feira (29), mas isto ficou para trás. Tinha lá meus informantes quando trabalhava na grande imprensa, mas agora não sou mais interessante para eles. O jeito é garimpar o que jornalistas na ativa revelam e me pareça consistente.

P. ex., Gielow diz que já caiu para Lula a ficha de que não será candidato a presidente em 2018. Ora, venho cantando esta bola há tempos. Por que os poderosos, depois de tê-lo conduzido à beira do precipício jurídico, deixariam de dar o empurrão final?

O mais comezinho exercício de lógica nos sugere que, caso insista na candidatura, ele será bloqueado pela via legal. E, se bobear, corre o risco até de ser preso. 
Terá Lula finalmente caído na real?

Daí eu inclusive já tê-lo aconselhado, em posts do semestre passado, a tentar negociar sua aposentadoria política em troca de uma garantia de permanecer em liberdade; afinal, todos sabemos que processos no Brasil tanto podem tramitar a jato quanto se arrastar nas costas de uma tartaruga...

Ou, como Gielow coloca, o Lula poderia ser condenado a uma pena que o inabilitasse eleitoralmente mas não implicasse prisão. 

Isto, claro, na hipótese de desistir de confrontos desaconselháveis na atual correlação de forças. Preservando-se agora, talvez ele possa até ressurgir das cinzas em 2022, repetindo o feito de Getúlio Vargas, que no final de 1945 se isolou em São Borja e ficou quietinho até a onda adversa passar, voltando com tudo em 1950. Se Temer assumiu aos 75 anos, o que impede Lula de o fazer com os 77 que então terá acabado de completar? 

De resto, caso se confirmem os prognósticos de uma melhora da situação econômica, o jogo, em 2018, será mesmo mais favorável para a centro-direita.

Só não vejo Fernando Haddad como competitivo o suficiente para que o PT ao menos não desapareça nacionalmente. Tende a perder mais votos petistas do povão do que os conquistará dos politicamente corretos, não mantendo sequer a fatia de 30% que o PT detinha antes de 2002. Quem viver, verá. (CL)

CANDIDATO EM PÚBLICO, LULA MIRA
O PSB EM COSTURA PARA HADDAD

Por Igor Gielow
Em público, Luiz Inácio Lula da Silva continua candidatíssimo à Presidência em 2018, como evidencia seu giro por Estados do Nordeste.

Em privado, o ex-presidente acredita em sua inabilitação pela Justiça e busca tornar o nome do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad competitivo o suficiente para que o PT ao menos não desapareça nacionalmente.

Segundo a Folha apurou, em reuniões recentes durante a caravana nordestina, Lula deixou claro a interlocutores que considera que terá sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá confirmada em segunda instância antes do começo da campanha eleitoral.

Em reuniões reservadas, incentiva os até aqui discretos movimentos do ex-prefeito para se viabilizar.

Haddad tem se articulado em viagens pelo país. Ele dá entrevistas quase semanais para avaliar conjuntura política e sempre diz que Lula é o candidato, mas nunca nega a possibilidade de ser lançado em seu lugar.

E invariavelmente ignora as raízes da crise econômica na política dos governo do PT, poupando o padrinho.

O que é natural: além de lhe dever a carreira, Haddad precisa de Lula caso queira alçar tal voo após ter sido trucidado no primeiro turno em 2016 pelo tucano João Doria.
Quando prefeito, Haddad implantou faixas para ciclistas...

Mesmo que Lula seja absolvido e possa concorrer, há em setores do PT a avaliação de que o jogo é mais favorável para a centro-direita, apesar do desgaste da agenda associada à gestão Michel Temer.

Nessa avaliação, os 30% que Lula pontua em pesquisas seriam um teto, e um candidato como Haddad poderia tentar partir daí para buscar votos num espectro centrista. No partido, fala-se mais em "construir 2022" do que "sonhar com 2018".

Neste momento, o plano de Lula está focado na montagem do arcabouço para o PT manter-se acima da linha d'água em 2018, trazendo o que sobrar da implosão do PSB para seu lado.

É uma operação complexa, que foi discutida durante jantar que reuniu Lula, o governador Paulo Câmara (PSB-PE), um antigo desafeto do petista, e a viúva de Eduardo Campos, Renata, na quinta (24), no Recife.

A fatia governista do PSB, que inclui a órbita do ministro Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), está negociando com o DEM.

Para atrair o grupo mais à esquerda do partido, descontente com a adesão a Temer, Lula tem um trunfo duplo.
...e reduziu a velocidade nas marginais. Agradou a poucos.
Primeiro e mais fácil, a vaga de vice. Segundo, o apoio à candidatura de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo em 2018.

França é vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e quer se candidatar ao Bandeirantes, mas foi rifado pelo governador paulista em nome de uma aliança nacional dos tucanos com o DEM e talvez o PMDB.

A questão é que ele é visto como muito próximo de Alckmin, o que dificultaria uma aliança nacional com o PT contra o padrinho, caso seja mesmo o presidenciável.

Além do PSB e de aliados naturais como o PC do B, os petistas trabalham com a hipótese de a pré-candidatura de Ciro Gomes desidratar, levando o PDT para a esfera lulista por gravidade.

Ciro sonha em ter Haddad como vice, mas no PT poucos confiam no ex-governador, visto como mercurial, para ficar em termos elegantes.

Por fim, a manutenção da candidatura de Lula serve para sua defesa, já que adensa a figura a ser julgada. A esperança no PT é a de que a pena seja reduzida, evitando a prisão ainda que o inabilite.

Um comentário:

Vandeco disse...

Em termos mercadológicos o Lula não tem nenhuma chance de retornar ao Palácio do Planalto em 2018. A "marca" Lula está cheia de processos, desacreditada e no fundo do poço, tal como a sua biografia. E olha que saiu com o governo co 80% de aprovação. Jogou tudo no lixo! E o pior para sua imagem é que ele continua achando que é um DEUS. Desconheço algum marketeiro ou guru que possa tirar esta marca do lodo.

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