sexta-feira, 21 de julho de 2017

UMA POESIA DO LUNGARETTI, COM O PERDÃO DO T. S. ELIOT

OS HOMENS DE ESQUERDA TORNADOS OCOS

A nossa força estava nas ruas.
Na fidelidade aos explorados.
Na solidariedade para com todos
que travam o bom combate.
Na capacidade de personificarmos
a nova sociedade a ser erguida 
sobre os escombros da que está ruindo.

Na integridade e desapego
com que travávamos nossas lutas 
e perseguíamos nossos objetivos,
sempre colocando o bem maior
acima dos interesses mesquinhos. 

  Na opção de sermos eternos
                   revolucionários,
                  com um pé no presente inglório
                   e outro no porvir desejado.

Na opção de jamais sermos
homens de poder,
abdicando do futuro
por um prato de lentilhas.

Perdendo as ruas,
perdemos tudo.
E isolados, ficamos indefesos
diante de inimigos tão poderosos.

"É assim que acaba o mundo,
é assim que acaba o mundo,
é assim que acaba o mundo:
não com estrondo, 
mas com um suspiro"

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