segunda-feira, 10 de julho de 2017

O NARIZ DO JOESLEY NÃO PÁRA DE CRESCER

O delator premiadíssimo Joesley Batista já havia sido pego na mentira pela Folha de S. Paulo (vide aqui). Agora é a vez d'O Estado de S. Paulo, que, não querendo ficar atrás, apontou outra cascata que o provocador-geral da República engoliu como se fosse a revelação da verdade divina.

Está no editorial do último sábado (8), intitulado Mentira comprometedora. E não se trata, como da última vez, de discrepância entre o que consta da delação premiada e o que Joesley afirmou em entrevista à imprensa, mas de uma revelação posterior haver derrubado a versão que ele dera na delação – o que seria motivo mais do que suficiente para a anulação do magnânimo benefício concedido, caso se tratasse de um encaminhamento jurídico propriamente dito e não de um mero pretexto para derrubar presidente. 

Leiam e confiram.
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"...Desde sua divulgação, em maio, o acordo de colaboração premiada firmado entre a Procuradoria-Geral da República e o sr. Joesley Batista, controlador da J&F, vinha sendo bastante criticado por variados segmentos da sociedade pela disparidade entre o que o delator ofereceu de informações ao Estado e o que dele recebeu em troca, a saber, a imunidade total para os gravíssimos crimes que confessou ter cometido.
Já seria questionável, de pronto, a concessão de imunidade total a um criminoso confesso e contumaz, atitude que não se coaduna com o próprio conceito de justiça que deve sempre pautar as ações da PGR. Causou ainda mais estranheza a irrazoabilidade dos termos negociados no acordo com o sr. Joesley Batista, cujo resultado (...) foi uma denúncia inepta por corrupção passiva contra o presidente da República.

Sabe-se agora que sr. Joesley Batista mentiu para a PGR. Durante as tratativas para o fechamento do acordo de colaboração premiada, ele negou ter tido qualquer de seus negócios facilitado por Antonio Palocci no âmbito do BNDES. Entretanto, de acordo com informações veiculadas pelo Estado, a JBS – uma das empresas controladas pela holding J&F – pagou, entre dezembro de 2008 e junho de 2010, cerca de R$ 2,1 milhões à Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, empresa do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, em troca das gestões de Palocci com a direção do BNDES para o aporte de US$ 2 bilhões do banco estatal que serviram para a compra da Pilgrim’s Pride Corporation pela JBS por cerca de US$ 2,8 bilhões em 2009. 

Vale dizer, por meio da intervenção remunerada de Antonio Palocci, a JBS ampliou seus negócios nos Estados Unidos utilizando mais de 70% de capital do BNDES. É importante repetir que, mesmo quando questionado, o sr. Joesley Batista negou ter recebido auxílio de Antonio Palocci para fechar seus negócios bilionários.

Além de ter negociado os termos do acordo de colaboração premiada da JBS contrariando ditames legais, vê-se agora que a PGR negociou mal. É inadmissível que uma delação que baseou uma denúncia contra o presidente da República venha eivada de mentira. Não se pode supor que um fato dessa gravidade seja um mero descuido da PGR, que de pronto acreditou na palavra do delator e não fez uma averiguação prévia de sua veracidade.

O açodamento e o desmazelo do Ministério Público Federal no tratamento das informações entregues pelo sr. Batista reforçam a percepção de que os objetivos da delação são, antes de tudo, eminentemente políticos".

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