quinta-feira, 20 de julho de 2017

CONFRONTO É IMINENTE NA VENEZUELA

Toque do editor
O Governo Maduro coloca num amargo dilema os defensores dos ideais revolucionários em todo o mundo. Forças direitistas locais e exteriores o confrontam politicamente e o asfixiam economicamente, mas ele responde da pior maneira possível, arrastando o povo venezuelano à penúria extrema e resvalando para o mais desembestado autoritarismo, com os assassinatos políticos aumentando dia a dia.

Infelizmente, Maduro parece estar decidido a travar uma guerra que não tem como vencer. Com isto, engrossará a onda reacionária no nosso continente e vai destruir o que possa ter sobrado do legado de Chávez. Só podemos encarar este quadro com profundo pesar e desalento.

Mas, no estágio em que a coisa chegou, as prioridades máximas, agora, são deter a matança e restituir aos venezuelanos condições minimamente civilizadas de existência. Não parece restar sequer uma esperança de o pior ser evitado. (CL) 
.
DIPLOMACIA BRASILEIRA JÁ SE PREPARA
PARA CENÁRIO DE GUERRA NA VENEZUELA
.
Por Clóvis Rossi
O embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Pereira, marcou para as próximas terça e quarta (25 e 26) uma reunião com os representantes diplomáticos na Venezuela para, segundo o chanceler Aloysio Nunes Ferreira Filho, discutir providências para proteger a comunidade de brasileiros no país na eventualidade de um agravamento de uma crise que já está em ponto de combustão.

A conta mais recente indica que vivem na Venezuela cerca de 32 mil brasileiros.

A iniciativa do embaixador é sábia, a julgar pela descrição que faz da conjuntura venezuelana um de seus melhores analistas, Luis Vicente León, responsável pelo centro de pesquisas Datanalisis:
.
"O governo acredita que está morto politicamente se não consegue passar a sua Constituinte [votação convocada para dia 30]. Mas, da mesma forma, a oposição sente que essa Constituinte representa sua morte e também a da democracia, da República, dos direitos humanos e econômicos e das possibilidades de resgatar a paz".
.
Caminhão de comida saqueado em Sinamaica
Como nenhum dos lados em confronto quer morrer, é inevitável que soem tambores de guerra em um país já conflagrado por manifestações diárias há cem dias (96 mortos até agora) e por uma situação econômica e social que fica mais dramática a cada dia.

O drama do dia (quarta-feira, 19): o custo da cesta básica subiu 24,1% de maio para junho. Em um ano, o aumento foi de 343,2%.

Para poder adquirir a cesta básica, um venezuelano precisa de 18,9 salários mínimos.

Não há quem consiga viver nesse ambiente, o que ajuda a explicar a notável mobilização para votar no domingo (16) em um plebiscito não oficial, convocado pela oposição.

Compareceram, segundo os oposicionistas, 7,6 milhões de pessoas, que era o máximo para o qual se preparara a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática. Foram montados locais de votação para apenas um terço do eleitorado total (19,8 milhões), o máximo de capacidade logística que a oposição conseguiu. O comparecimento foi, portanto, praticamente o total do esperado.

Com base nesse resultado, a MUD declarou nesta quarta-feira que a mudança de governo "é inevitável e iminente" e anunciou seu compromisso de "formar um governo de união nacional", para "garantir a governabilidade do país no caso de que se logre a saída de Nicolás Maduro do poder".
Protesto contra o governo em Caracas
A oposição acredita que o sucesso de uma greve geral convocada para esta quinta-feira (20) servirá para tornar ainda mais "inevitável e iminente" a queda de Maduro.

Mas o governo não está nem remotamente disposto a ceder um milímetro nesta batalha.

Toca, ele também, os tambores de guerra, na forma, por exemplo, da convocação do Conselho de Defesa. Trata-se do "organismo máximo de consulta para a planificação e assessoramento do Poder Público em assuntos relacionados com a defesa integral da Nação, sua soberania e a integridade de seu espaço geográfico".

É, em tese, resposta à ameaça dos Estados Unidos de impor sanções à Venezuela, se não for desconvocada a votação para a Assembleia Constituinte.

Na prática, contudo, é a preparação do governo Maduro para a guerra antevista pelo analista Luis Vicente León.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails