quinta-feira, 2 de março de 2017

A TENEBROSA NUVEM DE MORTE NO OCASO DEFINITIVO DA GENOCIDA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL CAPITALISTA

"Vocês preparam os gatilhos 
para os outros atirarem. 
Então vocês se afastam e assistem 
a contagem dos mortos aumentar"
(Bob Dylan em Masters of war)
.
O valor é ocidental, branco e masculino (Roswitha Scholz). Constitui-se numa forma de relação social que tem como objeto teleológico o vazio fim em si mesmo da acumulação de dinheiro e mercadorias; e como resultante inevitável, a segregação social. 

É evidente que tal conceito de relação social não pode terminar bem, tanto que estamos a vivenciar uma aguda decomposição sócio-ambiental.

Nada foi mais oportuno para o desenvolvimento de uma civilização escravista e segregacionista do que a descoberta e desenvolvimento da escravização indireta pelo salário (trabalho abstrato), mais apropriada à hipócrita razão iluminista que deu suporte filosófico à lógica mercantil capitalista em substituição à truculenta escravização direta dos devedores inadimplentes, dos derrotados nas guerras, dos negros e dos índios.

Foi com a escravização direta e indireta, que portugueses, espanhóis, ingleses, irlandeses, franceses e holandeses chegaram às Américas, à Ásia, à Oceania, e à África para colonizar os autóctones segundo os seus conceitos civilizatórios.

Tal sentimento de superioridade xenófobo, que considerava as raças inferiores como semi-humanas, deu suporte ideológico e psicológico para:
– o quase extermínio dos peles-vermelhas e a escravização negra nos Estados Unidos por parte de ingleses e irlandeses;  
– a carnificina indígena e escravização negra da América espanhola e portuguesa, com a apropriação do ouro e da prata; 
– o abuso sexual disfarçado por uma poligamia hipocritamente consentida;  
– a guerra dos bôeres na África do Sul, entre holandeses e ingleses pela imposição do apartheid;  
– o domínio inglês na Índia e demais países asiáticos;  
– a exclusão dos aborígenes australianos.
Tais exemplos históricos (há outros) são os marcos de uma civilização que nega o mais elementar conceito humanista de civilidade.

Na sequência da colonização veio o início do desenvolvimento da era capitalista, quando o mercantilismo transcontinental fez o fausto europeu e estadunidense com as revoluções industriais. 
Tudo se fabricou, vendeu-se, comprou-se (matérias primas) e financiou-se para o chamado 3º mundo segundo a lógica do lucro e da usura. Na era industrial se impôs o êxodo rural e com ele a formação dos guetos.

Mas, das contradições inerentes à dinâmica funcional capitalista recém-instalada decorreram crises cíclicas e a 1ª e 2ª guerras mundiais, com o genocídio de 70 milhões de pessoas.
.
ARMAMENTISMO À VISTA?

Agora, presenciamos o deslocamento da produção para países populosos e subdesenvolvidos, em busca de mão-de-obra barata com o uso da tecnologia; trata-se de um novo ciclo mercantil. 

Tal fenômeno, que representa o último suspiro do capitalismo moribundo, provoca a exclusão crescente de grandes contingentes humanos do processo de produção e da vida social. 

É por causa deste impasse de natureza congênita que um governante míope como Donald Trump, com sua mentalidade microeconômico, está querendo que a galinha volte para dentro do ovo. 

O impasse assume proporções gigantescas e o fenômeno da debacle capitalista (como consequência de suas contradições internas inconciliáveis sob sua própria lógica) está provocando turbulências tão graves quanto perigosas. 

Quando vemos um Trump solicitar o aumento em 10% do orçamento militar estadunidense (que já é o maior do mundo), nós temos motivos para supor que, ao invés de caminharmos para uma cultura de paz, marchamos para a intensificação da cultura de guerra. 

É que bilionários como o recém-empossado presidente dos Estados Unidos não conseguem raciocinar de outra forma senão objetivando preservar os conceitos e valores capitalistas; e, para defenderem tais pressupostos conceituais de vida social e interesses privados, não hesitam em fazer o uso da força. É aí que reside o perigo, face ao poderio bélico hoje existente. 

Para eles não existe alternativa de modelo social senão aquele que lhes oferece poder; então, o defunto tem de caber no caixão, independentemente do seu tamanho.

Governar hoje, em qualquer lugar do mundo (aí incluídos países que se dizem anticapitalistas, como Cuba, Coréia do Norte ou Venezuela), significa administrar o poder político do Estado dentro do interesse da lógica capitalista mundial. E como dita lógica entrou no seu estágio de autofalência, os governantes experimentam rejeições e impopularidades crescentes mundo afora, quaisquer que sejam as suas orientações políticas. 

Trata-se do interminável pêndulo da ineficácia, no qual os governantes se alternam no poder sem sair do lugar, com o povo padecendo as consequências de um modelo que clama por superação. 

É neste sentido que considero um erro grave de quem se proclama anticapitalista querer assumir o controle político do Estado, ao invés de negá-lo. 

Constituíram-se num equívoco as manifestações públicas generalizadas durante o carnaval na linha do Fora Temer!. Não porque o Presidente Temerário mereça continuar no governo com suas falaciosas afirmações de recuperação da economia (no que é ajudado pela grande mídia), mas porque colocar outro no lugar significaria apenas mais do mesmo. A palavra de ordem mais apropriada e consequente seria Fora tudo, fora todos!

Ou será que podemos encarar esse interminável pesadelo de massacres e segregação social como uma verdadeira civilização, considerando que tudo se resume à qualidade e compromisso dos governantes eleitos? 

Até quando fingiremos não perceber que tais governantes, longe de terem autonomia na tomada de decisões, são eles próprios governados por uma lógica abstrata decadente? (por Dalton Rosado)

Um comentário:

Anônimo disse...

Dalton,

Sua acurácia em diagnosticar o fim do capitalismo é brilhante.
Seus conhecimentos de história e economia são patentes.
Diante da sua sapiência, sinto-me pequeno, quase obtuso.
Porém, e apenas como uma opinião sem maiores credenciais, ouso expressar alguns conceitos a respeito do seu texto.

Considerar a evolução do escravismo para o capitalismo um fenômeno de somenos importância deslustra o esforço de mentes geniais que, lidando com seres extremamente egoístas, conseguiram abrandar a violência da exploração dos mais fracos e derrotados.
Os caras conseguiram liberar o espírito humano para ideais mais elevados (ainda que egoístas) e disso resultou todo o progresso tecnológico atual. (Nossa internet, por exemplo)

Percebo em você o idealismo das grandes almas que creem na inata bondade humana. Ela existe, mas ainda não é o fenômeno generalizado que supõe. A grande massa dos seres humanos persiste atualmente na animalidade e usa a razão como ferramenta para satisfazer os instintos básicos, sem altruísmo, e com toda violência intrínseca.

Portanto, reconheço que os iluministas fizeram um grande trabalho, dadas as condições que atuaram.

Já a escalada armamentista afigura-se como o conhecido último impulso antes do fim da tendência.
Ora, imagino que o trompete pensa em arranjar empregos direta e indiretamente no complexo bélico industrial usando dinheiro público. Ele posa de liberal, por isso não pode fazer isso as claras.

Os caras tem drones e robôs que farão o serviço sujo (como já fazem) nas batalhas.
Não faz mais o menor sentido a guerra convencional (seriam homens contra drones e robôs) e muito menos a guerra atômica generalizada.

Lembra quando os caras vazaram os segredos da bomba? Evitaram ou não outras guerras atômicas?

São estratégias de seres poderosos e inteligentes.

Diferente dos planos quinquenais, esses caras pensam dezenas de anos a frente...

Até além da existência física deles.

Por último, diria que você não leu o ensaio "Do Rendimento e Suas Fontes" do Karl Marx.

Pelo menos no que entendi, o dinheiro só vira mercadoria quando é negociado a juros, sendo que no seu papel original de facilitador de trocas e como reserva de valor um bom instrumento de contabilidade dinâmica.

Não tive a sorte de estudar em grandes universidades, ou ter renomados professores, mas os caboclos da beira do Madeirão me ensinaram que TUDO é o grau do mestre, que é quem sabe de tudo quanto há.

Não me queira mal por perguntar...

O senhor é mestre e sabe de tudo?

Eu não sou e, portanto, não posso apoiá-lo quando diz: fora com tudo e todos.

Sabedoria dos beradeiros do Madeira: quando se come peixe fica com a carne e joga fora as espinhas!

Assim eu diria, fora com tudo que não presta e todos são chamados a viver em paz e harmonia.

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