MUITAS CAUSAS...
As sociedades mercantis, capitalistas, são fábricas de ricos bandidos de colarinho branco, e cada vez mais, do crime organizado por bandidos que querem ficar ricos e de delinquentes juvenis pobres atraídos pela busca do dinheiro farto que lhes falta.
O dinheiro é o móvel primário do crime e a crescente decrepitude moral social decorre da descriminalização da apropriação indébita de parte do trabalho abstrato pelo capital, que assim oficializa e valida a lei de Gerson (expressão inspirada nos comerciais de cigarro em que o futebolista campeão de 1970 aparecia dizendo que gostava de sempre levar vantagem)
O problema se agrava porque à tradicional desigualdade social agora se acresce o desemprego estrutural. E como, enquanto houver dinheiro, ele não será suficiente para todos – principalmente agora, na sua fase de impossível reprodução no nível de exigência da expansão monetária válida advinda da chamada economia real –, o crime campeia solto.
O dinheiro é o móvel primário do crime e a crescente decrepitude moral social decorre da descriminalização da apropriação indébita de parte do trabalho abstrato pelo capital, que assim oficializa e valida a lei de Gerson (expressão inspirada nos comerciais de cigarro em que o futebolista campeão de 1970 aparecia dizendo que gostava de sempre levar vantagem)
O problema se agrava porque à tradicional desigualdade social agora se acresce o desemprego estrutural. E como, enquanto houver dinheiro, ele não será suficiente para todos – principalmente agora, na sua fase de impossível reprodução no nível de exigência da expansão monetária válida advinda da chamada economia real –, o crime campeia solto.
Primeiramente, devemos reafirmar o nosso repúdio ao crime generalizado em todas as esferas sociais. Ele tem como exemplos midiáticos:
O aumento da criminalidade tem causas e razões sociais indesculpáveis, das quais somos parte, por via da nossa servidão voluntária ao sistema; fugir de sua discussão é omissão covarde ou resultante de uma inconsciência social. Devemos encará-la, até porque ela está batendo à nossa porta.
- a corrupção política;
- a cooptação de jovens para a prática de barbáries pseudo-religiosas como a dos fundamentalistas islâmicos, que se constituem no estágio mais visível do atual retrocesso civilizatório da humanidade;
- e os recorrentes latrocínios no Brasil (assaltos à mão armada com mortes, e mais de três assaltos a bancos por dia), que pontuam como evidências de uma patologia social profunda.
O aumento da criminalidade tem causas e razões sociais indesculpáveis, das quais somos parte, por via da nossa servidão voluntária ao sistema; fugir de sua discussão é omissão covarde ou resultante de uma inconsciência social. Devemos encará-la, até porque ela está batendo à nossa porta.
Entre outros fatores, as matérias-primas dessa indústria da criminalidade e da decadência moral são o desemprego estrutural e o subemprego; a falência dos serviços públicos essenciais (educação, saúde e segurança pública); e a precariedade da previdência social, que, com sua anunciada futura falência, angustia os velhos aposentados já empobrecidos.
Vejamos alguns das condicionantes do aumento da criminalidade:
Vejamos alguns das condicionantes do aumento da criminalidade:
- o desemprego, numa família, que somente pode manter sua subsistência com o dinheiro do salário, significa desespero. E o desespero, sem consciência das formas de superação do problema (que consiste na superação do próprio emprego), é um significativo fator de indução ao crime;
- o despreparo intelectual, numa sociedade de produção tecnológica de mercadorias e serviços, inviabiliza o acesso dos analfabetos funcionais à inclusão social;
- a perda da capacidade do Estado de prender, processar e condenar (o uso recorrente das tornozeleiras eletrônicas é exemplo disso), pois um preso é mais caro do que um professor denuncia a falência sistêmica de modo ilustrativo e irrefutável;
- a lei de Gerson, como norma de conduta moral, é referência comportamental criminosa.
A resultante disso tudo é a barbárie generalizada que vemos pela televisão ou ao abrirmos a janela, e que não é apenas culpa de um ou outro governo (embora o agrave quando incompetente e corrupto), mas de um modelo social que se tornou anacrônico.
E, se assim é, a questão central não nos remete à escolha eleitoral dos nossos dirigentes, numa transferência de responsabilidade cômoda e inócua, mas sim à compreensão da nossa responsabilidade com a natureza e essência do nosso modo de ser social, bem como da necessidade de sua superação por algo que seja consentâneo com o conceito atual de modernidade, apenas existente nos ganhos admiráveis em ciência e tecnologia, mas que nunca chegam ao campo social.
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E, se assim é, a questão central não nos remete à escolha eleitoral dos nossos dirigentes, numa transferência de responsabilidade cômoda e inócua, mas sim à compreensão da nossa responsabilidade com a natureza e essência do nosso modo de ser social, bem como da necessidade de sua superação por algo que seja consentâneo com o conceito atual de modernidade, apenas existente nos ganhos admiráveis em ciência e tecnologia, mas que nunca chegam ao campo social.
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... E UM EFEITO.
(ou: O TRISTE FIM DO ROSENILDO)
Rosenildo era filho de Rosa Maria e José Nildo, que se casaram no final dos anos 70, quando os dois vieram do interior para Fortaleza em busca de melhores dias. Nasceu em Fortaleza, em 1983, e desde então a família morava na favela Cidade Aflita, num barraco de alvenaria, sem reboco externo, com piso de cimento e três pequenos cômodos, juntamente com seus três irmãos.
Agora no ano de 2016, José Nildo, semialfabetizado, que contava 63 anos e havia trabalhado a vida inteira como ajudante de pedreiro, jardineiro, vigia e zelador, vinha tendo problemas de saúde que lhe foram causados pelo diabetes e pressão alta. Estava sendo (des)tratado pelo SUS – Sistema Único de Saúde quando soube da sentença em uma ação de reintegração de posse promovida pelo proprietário do terreno, que ordenava a desocupação de todos os moradores da favela em 90 dias. A família passou a viver um pesadelo.
Agora no ano de 2016, José Nildo, semialfabetizado, que contava 63 anos e havia trabalhado a vida inteira como ajudante de pedreiro, jardineiro, vigia e zelador, vinha tendo problemas de saúde que lhe foram causados pelo diabetes e pressão alta. Estava sendo (des)tratado pelo SUS – Sistema Único de Saúde quando soube da sentença em uma ação de reintegração de posse promovida pelo proprietário do terreno, que ordenava a desocupação de todos os moradores da favela em 90 dias. A família passou a viver um pesadelo.
Rosenildo era bom de bola, o que havia gerado na família dele a esperança de que se tornasse um Neymar, para ganhar muito dinheiro. Mas, aos 33 anos, era apenas titular do time da Sociedade Esportiva Cidade da Esperança; o sonho dourado de virar celebridade esportiva havia se frustrado.
A situação pessoal e familiar de Rosenildo, que queria casar com Maria Rita, com quem já namorava há oito anos, colocara-o num impasse: repetir a vida do seu pai, que após anos de trabalho, já velho e doente, teve como resultado um despejo e um atendimento médico público como o que conhecemos, ou procurar uma saída do tipo se vira nos trinta.
A situação pessoal e familiar de Rosenildo, que queria casar com Maria Rita, com quem já namorava há oito anos, colocara-o num impasse: repetir a vida do seu pai, que após anos de trabalho, já velho e doente, teve como resultado um despejo e um atendimento médico público como o que conhecemos, ou procurar uma saída do tipo se vira nos trinta.
Revoltado e perplexo, Rosenildo aceitou a proposta de entrregar drogas para os clientes de um conhecido traficante local, apelidado Cara de Cavalo. Inicialmente ganhou um dinheiro fácil e até comprou uma moto. Já se preparava para o casório quando foi instado, sob ameaça, a fazer uma parada para seu chefe.
Tratava-se do recebimento de cocaína que chegria de um país da América do Sul, com a promessa de ganhar grana suficiente para resolver o problema do despejo da família, cuidar melhor da saúde do seu pai e, ainda, casar.
O sonho se desfez quando a polícia, avisada por traficantes concorrentes que mantinham conluio com os hôme, fez uma batida e prendeu os envolvidos. Rosenildo, tentando fugir, foi atingido por um tiro e morreu no local.
Tratava-se do recebimento de cocaína que chegria de um país da América do Sul, com a promessa de ganhar grana suficiente para resolver o problema do despejo da família, cuidar melhor da saúde do seu pai e, ainda, casar.
O sonho se desfez quando a polícia, avisada por traficantes concorrentes que mantinham conluio com os hôme, fez uma batida e prendeu os envolvidos. Rosenildo, tentando fugir, foi atingido por um tiro e morreu no local.
[Esta é mais uma desesperada e repetida notícia da nossa decadente sociedade mercantil. Diante de tantos fatos e evidências, qual a eficácia do voto na escolha dos prefeitos e vereadores nas próximas eleições que se aproximam, independentemente de pessoas e partidos?] Por Dalton Rosado
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De frente pro crime ('Tá lá um corpo estendido no chão")