sexta-feira, 3 de junho de 2016

CRÔNICAS DO MEU E DO TEU TEMPO - 2

COMO MANIPULAR OS OUTROS
É facílimo. Basta se dirigir àquelas pessoas que você pretende manipular, dizendo exatamente aquilo que elas querem ouvir, se possível com as palavras que elas usariam. E nada mais!
QUE ALÁ TENHA PIEDADE
Quase um mês depois, continuamos surpresos com esse ministério criado pelo Temer. O PMDB está efetivamente no poder desde 1985, ali no talo do poder, no miolo da coisa. Então imaginaríamos um Temer mais sofisticado, mais inteligente mesmo, trafegando com maior desenvoltura entre o poder político e a sociedade. Mas qual, há nada menos que um Mendonça Filho na Educação! É realmente o símbolo de uma época, de toda uma mentalidade, essas coisas. 

E o Temer lá, sem nenhum pensamento propriamente dito, sem nenhum verdadeiro posicionamento político, em sua mediocridade obtusa, sombria, com aqueles discursos em latim que não convencem nem o próprio governo. É difícil encontrar um árabe estúpido; fico chateadíssimo quando vejo um.

OS PROFESSORES OBSERVAM
 ABACATE E ENXERGAM BETERRABA
Está aumentando em número o professorado de luta, aquelas pessoas que dão aulas na rede pública, participam de todas as greves, apoiam os estudantes secundaristas nas escolas ocupadas e passam metade da vida no Facebook dizendo que todos os homens da face da Terra são culpados dos estupros cujas vítimas são mulheres —no caso das crianças que sofrem estupros, todos os homens também são invariavelmente culpados? E quando quem violenta crianças é mulher?

Pois se trata da nova moda entre o professorado que vai à luta, e a palavra é mesmo esta, moda . Consiste em dizer que estamos à beira de uma ditadura porque o Alexandre Frota foi lá dizer ao inqualificável ministro Mendonça Filho (foto acima) que professor não pode falar de política na escola. E mais: uma tal lei da mordaça, segundo se afirma por aí com toda a convicção e aos gritos, poderá pôr na cadeia aquela professora que deseje conversar sobre violência sexual na sala de aula. E baboseiras do tipo, num volume francamente surpreendente.

O que esse professorado bom de briga, surgido em 2013 (1) de certa forma, parece realmente ignorar é um negócio chamado legislação: refiro-me à que vigora neste momento e continuará vigorando. 

O que rege o trabalho do professorado encontra-se em quatro conjuntos de documentos, muito claros quanto à autonomia do professor: a Constituição, a LDB, as novas bases curriculares por disciplina e o Plano Nacional de Educação, implementado de 2014 a 2024. 

Quem trabalha com Educação tem o dever intelectual e moral de conhecer muito bem o verdadeiro estatuto educacional do Brasil, e faria muito bem deixando de discutir e divulgar bobagens.

SÓ SE ENGANA QUEM QUER
Por estes dias, tem havido barulhenta movimentação em São Paulo, contra o golpe, isto é, pró-Dilma. São mobilizadas 10 mil, 20 mil, 30 mil pessoas em cada manifestação, e seria melhor ninguém se enganar.

Esses milhares são aqueles com quem as organizações normalmente contam, ou porque são militantes de verdade, ou porque é gente paga, sempre disponível.

Mas os trabalhadores em geral, tão numerosos quanto é a classe trabalhadora, não aderem, e dificilmente vão aderir.

Seja porque até mesmo a CUT e a CTB já se encaminham para o entendimento com Temer (como poderiam deixar de fazer isso?), seja porque os trabalhadores em maior número desorganizados encontram-se numa defensiva completa. Ou seja porque o trabalhador já não dá um centavo amassado por Dilma. (por Eduardo Rodrigues Vianna)
(1) Uma parte muito significativa do professorado mais combativo é jovem, graduou-se recentemente ou ainda está se graduando, e passou a se interessar pelas lutas na sociedade a partir de junho de 2013

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails