sábado, 24 de outubro de 2015

RICARDO KOTSCHO: "CRESCE O ABISMO ENTRE BRASÍLIA E O RESTO DO BRASIL".

SÃO MAIS 670 MIL EM BUSCA 
DE TRABALHO, DIZ IBGE.

Por Ricardo Kotscho
Pense em dez estádios do Maracanã lotados. É esta a multidão de gente que está neste momento procurando trabalho: são 670 mil desempregados a mais do que em setembro do ano passado.

A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país manteve-se estável em 7,6%, pelo terceiro mês seguido, mas cresceu 56,6% nos últimos 12 meses, com a população desocupada atingindo agora um total de 1,9 milhões, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE divulgada nesta quinta-feira.

É o pior resultado para um mês de setembro desde 2009. "Temos uma população desocupada que aumenta e uma ocupação que cai. Ou seja, temos mais pessoas procurando trabalho, pressionando o mercado, e não está tendo geração de postos de trabalho, que na comparação anual vem caindo", avalia Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Renda do IBGE.

Esta deveria ser a maior preocupação de todos os brasileiros neste momento de crise econômica aguda, a prioridade absoluta dos líderes do governo e das oposições, mas não é.

A agenda do Brasil oficial continua sendo dominada pela luta política que chega aos tribunais, mais um pedido de impeachment, o bate-boca Dilma x Cunha, as denúncias da Lava Jato, a CPI da Petrobras, o rombo no orçamento, o ajuste fiscal encalhado no Congresso e os rachas nos principais partidos, enquanto no Brasil real a vida vai ficando cada vez mais difícil. Cresce o abismo entre Brasília e o resto do Brasil [os grifos são meus], ou seja, todos nós.

Os novos e cada vez mais preocupantes números do IBGE sobre o emprego, é importante registrar, referem-se apenas às áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre, mas o problema vai se alastrando por todo o país.

Para se ter uma ideia do clima em Brasília, nota publicada na coluna de Ilimar Franco, em O Globo, informa que o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, alertou o ministro Jacques Wagner, da Casa Civil, que o quadro econômico está ficando dramático. Ameaçado no cargo, Levy aponta como principal causa a paralisia e letargia do Congresso.

O pior é que não temos no horizonte próximo nenhum sinal de que esta situação possa mudar tão cedo. Estão todos preocupados apenas em salvar a própria pele. E quem vai nos devolver pelo menos a esperança de dias melhores em 2016?

Vida que segue.

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