sábado, 8 de agosto de 2015

JOGA PEDRA NO DIRCEU! JOGA BOSTA NO DIRCEU! ELE É FEITO PRA APANHAR! ELE É BOM DE CUSPIR!

A constatação de que o Zé Dirceu, afinal, não esteve envolvido com esquemas de corrupção apenas em nome de um porvir melhor para a humanidade, locupletando-se também, fez desabar sobre ele uma rejeição acachapante. 

Até o Juca Kfouri o fulminou, no espaço que geralmente utiliza para detonar os ratos da cartolagem futebolística. Clovis Rossi o comparou ao Maluf. O Zé Simão fez piada com sua desgraça, "pichuleco Gold". O PT o abandonou às feras, evitando inclusive citar seu nome.

Não fiquei nem um pouco surpreso, seja com os esqueletos que saíram do armário do Zé, seja com a atitude dos bons companheiros, de reprovação velada ou execração explícita. [Regra de ouro: é melhor juntar-se logo aos estilingues do que correr o risco de tornar-se também vidraça...]

A opção revolucionária nunca embotou minha perspicácia de jornalista ou, mesmo, meu senso comum. Desde o mensalão já dava para se perceber claramente que algum proveito pessoal ele tirara do imenso poder que detinha. Se o desejável for a moralidade no sentido estrito do termo, tráfico de influência é tão recriminável quanto receber uma mesada do demo.

Nada escrevi sobre isto, contudo. E não por ter telhado de vidro e temer um efeito bumerangue, pois nunca cedi às tentações do capitalismo. Grana e poder jamais foram cantos de sereia para mim. 

Não foi o marxismo que me fez detestar as injustiças e a desigualdade social, foi por detestar a sociedade na qual vivia que acabei me tornando marxista. Nunca invejei os burgueses e seus privilégios. Queria é que os seres humanos, libertos da canga do trabalho alienado, tivessem existências gratificantes e solidárias. Queria ser um entre todos numa sociedade humanizada.

Por que poupei o Zé Dirceu, então? 

Porque nunca esqueci quantos estavam ao nosso lado em 1968 e quão poucos continuaram ao nosso lado em 1969.

Porque era necessária muito idealismo, coragem e firmeza de caráter para lutar-se contra a ditadura depois do AI-5.

Porque a derrota final foi terrível demais e um impacto desses dificilmente é bem absorvido. À maioria, abala e traumatiza. A alguns, vira do avesso. 

[O Vandré entrou em parafuso, o Dirceu se tornou um espertalhão e a Dilma, uma tecnoburocrata que engole até o neoliberalismo porque, tecnica e burocraticamente, lhe parece ser a melhor solução para fazer as coisas andarem sob o capitalismo, com cuja sobrevivência parasitária e catastrófica já se conformou. 

99% dos companheiros agora dirão que o Dirceu fez pior. Mas, nunca desculparei a Dilma por nos ter igualado aos amorais que, na hora da necessidade, agarram sofregamente a primeira boia que lhe aparecer pela frente, mandando às urtigas tudo que haviam dito e jurado no passado.

Éramos cavaleiros da esperança, ela nos fez ser vistos como tão merecedores de desconfiança quanto quaisquer outros políticos. Da sua maneira atrapalhada, causou dano incomensurável à imagem dos revolucionários.]

Posso ser um sentimental, mas me machuca ver o que o Vandré se tornou, como o Dirceu vem sendo degradado e quão longe a Dilma está indo na destruição da sua biografia. Gostaria imensamente que tivessem saído de cena com dignidade. E penso que as ressalvas que lhes fazemos no presente não anulam sua grandeza no passado. 

Brecht disse tudo:
"Infelizmente, nós, 
que queríamos preparar o caminho para a amizade, 
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos. 
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem, 
pensem em nós
com um pouco de compreensão."

9 comentários:

AF Sturt Silva disse...

Não foi o marxismo que me fez detestar as injustiças e a desigualdade social, foi por detestar a sociedade na qual vivia que acabei me tornando marxista.

Acho que essa frase também resume bem a minha vida.

Valmir disse...

também sou marxista desde criancinha...desde o dia que vi o primeiro filme do Groucho..

celsolungaretti disse...

AF,

o que eu também quis dizer é que, por isto, jamais me contentei com a solução reformista: aumentar um pouquinho a quantidade de migalhas da mesa dos exploradores que é oferecida aos explorados.

É algo que está na raiz de meu distanciamento do PT: quanto mais reformista (menos revolucionário) ele ficou, mais me afastei dele. Hoje, considero-o um empecilho à revolução.

Abs.

celsolungaretti disse...

Valmir,

eu sou marxista nos dois sentidos. Os irmãos Marx detonando a ópera ou as corridas de cavalo me deixaram sem fôlego de tanto rir.

Abs.

Antonio F. Moura disse...

Os jornais, os blogs de domingo analisaram intensivamente as "vozes de moderação" dos poderosos da mídia, da FIESP,e de outras federações do comércio e da indústria e dos banqueiros contra o golpe ou impeachment em vias de deslanchar.

O processo de impeachment é complexo e demorado e no seu curso poderá ocorrer levantamento de muitas forças da sociedade ainda sonolentas devido o atual governo ruim de Dilma poder vir a ser trocado por um bem pior dado os personagens que poderão ocupariam a cadeira presidencial.

O tumulto, os grandes movimentos das massas nas ruas, tiram o sossego e a tranquilidade para o capital continuar com seus fabulosos lucros como tem feito nessa mais de uma década de governo petista. Daí a voz do capital colocando focinheira nos seus covardes e barulhentos cães fascistas.

Se confirmada e concretizada a vinda dessa relativa paz ao governo, o arrocho Levy poderá ser aplicado eficazmente no lombo dos trabalhadores. É o que o capital e os rentistas querem.

Os atuais incompetentes ministros de Dilma, omissos e inoperantes durante a crise cantarão vitória e dirão que foram sua contenção, sua prudência que levaram ao bom termo, ao resfriamento da temperatura da crise.

E assim tudo ficará como dantes no quartel do Abrantes na composição do quadro ministerial. Dilma já demonstrou sua falta de coragem e incompetência para qualquer reforma ministerial que dê outra dinâmica a seu governo.

Entretanto a crise se aprofundará, o projeto de terceirização voltará com tudo. O desemprego continuará atingindo mais milhões de trabalhadores e centenas de milhares também de coxinhas,batedores de panelas e muitos com MBA e pós graduação.

Faltando o trabalho faltará o pão dentro de casa.

As massas não passam fome sem luta. Portanto, os trabalhadores sairão para a rua e as polícias dos governos estaduais os reprimirão.

Dias difíceis esperam os trabalhadores qualquer que seja o desfecho da crise e o pior: estão completamente desorganizados, principalmente os trabalhadores urbanos, nesses 13 anos de governo do PARTIDO DOS TRABALHADORES.



celsolungaretti disse...

Companheiro,

mais do que uma crise, temos um vácuo de poder, que acabará sendo preenchido por um ou outro lado. E a direita tem dado os passos certos nesta direção, enquanto o governo patina sem sair do lugar.

Dilma, em sua infinita teimosia/arrogância, continua agindo como se fosse possível convencer os 200 milhões de brasileiros de que eles estão errados e ela, certa. Então, o fosso entre governanta e governados se aprofundará cada vez mais, até tragá-la.

Poderia evitar o impeachment com mudanças de rumo políticas de grande impacto, começando com a exoneração do Joaquim Levy e descarte do neoliberalismo. Mas, não fará isto e vai morrer abraçada com ele.

Concordo plenamente com o Boulos: serão as ruas que vão decidir a parada. Nas pesquisas de avaliação do seu governo, Dilma está perdendo de 71% x 8%. Se esta goleada se repetir nas manifestações do dia 16 e do dia 20, o jogo estará decidido, independentemente do que estejam declarando expertos e palpiteiros.

Resta saber o que Dilma fará até o dia 20. Já deveria saber que, faça o que fizer, não conseguirá impedir que multidões saiam à rua para pedir sua cabeça e nem mesmo reduzir o volume dessas multidões.

Mas, depende dela fornecer o estímulo necessário para que haja também muita gente no dia 20.

Tem de reavivar a chama da militância, mudando TUDO que deu errado até agora: a política econômica, as alianças heterodoxas e consequente loteamento do Ministério, a tentativa de ser fiel a dois amos. Ou cai nos braços do povo ou os ricos ficarão gargalhando enquanto ela cai do poder. Simples assim.

Depende fazer História --levando a luta de classes no Brasil a um novo patamar-- ou de farsa, sendo expelida do governo tão facilmente como João Goulart, caindo de podre, sem esboçar uma verdadeira reação.

celsolungaretti disse...

Companheiro,

mais do que uma crise, temos um vácuo de poder, que acabará sendo preenchido por um ou outro lado. E a direita tem dado os passos certos nesta direção, enquanto o governo patina sem sair do lugar.

Dilma, em sua infinita teimosia/arrogância, continua agindo como se fosse possível convencer os 200 milhões de brasileiros de que eles estão errados e ela, certa. Então, enquanto insistir no mais do mesmo, o fosso entre governanta e governados irá se aprofundando cada vez mais, até tragá-la.

Poderia evitar o impeachment com mudanças de rumo políticas de grande impacto, começando com a exoneração do Joaquim Levy e descarte do neoliberalismo. Mas, tudo indica que não fará isto e vai morrer abraçada com ele.

Concordo plenamente com o Boulos: serão as ruas que vão decidir a parada. Nas pesquisas de avaliação do seu governo, Dilma está perdendo de 71% x 8%. Se esta goleada se repetir nas manifestações do dia 16 e do dia 20, o jogo estará decidido, independentemente do que estejam declarando expertos e palpiteiros.

Resta saber como Dilma agirá até o dia 20. Já deveria saber que, faça o que fizer, não conseguirá impedir que multidões saiam às ruas para pedir sua cabeça, e nem mesmo reduzir o volume dessas multidões.

Mas, depende dela fornecer o estímulo necessário para que haja também muita gente no dia 20.

Tem de reavivar a chama da militância, mudando TUDO que deu errado até agora, principalmente a política econômica traíra; as alianças oportunistas/heterodoxas e consequente loteamento do Ministério; e, enfim, a tentativa de ser fiel a dois amos, o que não dá mais pé com o fim da abastança. A luta de classes voltou com tudo e só Dilmolina não viu. Ou cai nos braços do povo ou os ricos ficarão gargalhando enquanto ela cai do poder. É simples assim.

Depende fazer História --levando a luta de classes no Brasil a um novo patamar-- ou de farsa, sendo expelida do governo tão facilmente como João Goulart, caindo de podre, sem esboçar uma verdadeira reação.

Valmir disse...

devo ser burro...muito..muito..muito burro..mas pq a tal "Direita" - assumindo que o PT seja a "esquerda" (pausa para gargalhadas) mas pq essa "destra" ia querer derrubar a "sinistra" -e bota sinistra nisso - que está fazendo tudo exatamente como a direita faria e desejaria e está levando todas as pedradas que a direita desejaria evitar??? isso não é o melhor dos mundo pra eles????
mas como disse antes..eu devo ser muito burro mesmo.

celsolungaretti disse...

Exatamente pelo que expliquei no artigo seguinte: a Dilma não consegue implementar o arrocho fiscal por absoluta falta de credibilidade no geral e falta de apoio das bases do PT em particular.

Como o arrocho é prioritário para os grandes grupos econômicos, eles vão botar no poder algum serviçal mais eficiente no cumprimento de suas ordens.

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