quinta-feira, 19 de junho de 2014

MUNDIAL 2014/7º DIA: REQUIESCAT IN PACE, TIKI-TAKA.

O período de hegemonia espanhola no futebol mundial está definitivamente encerrado, com a eliminação precoce dos campeões da última Copa, que foram despachados para casa com a maior sem-cerimônia por um Chile aguerrido e taticamente disciplinado como nunca: 2x0. 

Espero que eles tenham, pelo menos, um digno canto do cisne, na partida que já não vale nada contra a Austrália. Escreveram uma belíssima página do esporte das multidões, restituindo-o por alguns anos mágicos à condição de arte. Que a partida final seja um tributo à grandeza de craques como Iniesta e Xavi Hernandez, os destaques de um dos melhores meios-de-campo que o mundo conheceu.

Já o técnico Vicente Del Bosque não merece o mesmo apreço dos amantes do futebol. Como a Carolina da canção célebre do Chico Buarque, o tempo passou na janela e só ele não viu. Ao invés de aposentar-se com os louros de uma conquista inédita, o fará com as urtigas de uma campanha desastrosa.

tiki-taka, sistema de jogo centrado na manutenção da bola sob controle mediante perfeita troca de passes, até surgir a oportunidade para uma assistência decisiva, fora desmontado pelo Bayern de Munique no fim de abril e começo de maio de 2013, com as duas acachapantes goleadas (4x0 e 3x0) impostas ao  Barcelona nas semifinais da Liga dos Campeões.
Gol de Vargas: o começo do fim.

Uma marcação sob pressão agressiva e, retomada a bola, contra-ataques fulminantes, apontados diretamente para o gol, revelaram-se a resposta perfeita ao tiki-taka (o Bayern, ademais, aproveitou a fragilidade da defesa do Barça face ao jogo aéreo, mas tal detalhe não era, digamos, intrínseco àquele sistema de jogo).

A lição foi tão clara e didática que até o nosso Carlos Alberto Parreira captou, ensinando o técnico Felipão a copiá-la na Copa das Confederações. Daí resultou a goleada brasileira sobre a Espanha, que disseminou por aqui a ilusão de que voltáramos ao auge. O presente Mundial está demonstrando que não.

Del Bosque, no entanto, enterrou a cabeça na areia como avestruz, obstinando-se em repetir na o Mundial de 2014 o que dera certo no de 2010, mas se demonstrara obsoleto na Copa das Confederações de 2013. Foi cabeça dura a ponto de não querer enxergar nem mesmo a péssima fase do glorioso goleiro Casillas, cuja confiança ficara em frangalhos depois da falha terrível na final da Liga dos Campeões, quando quase entregou a taça numa bandeja para o Atlético de Madri. 

A partida contra a Holanda escapou do controle da Espanha quando, no finzinho do 1º tempo, Casillas ficou novamente no meio do caminho, sem sair para disputar a bola com Van Persie nem recuar para não ser encoberto. O goleiro deve ser eximido de culpa no 3º gol, quando sofreu falta clamorosa, mas vacilou novamente no 4º, deixando a bola fugir dos seus pés como um principiante.
Del Bosque pagou o preço da teimosia

Dezenove entre vinte técnicos não o escalariam para o jogo de vida ou morte contra o Chile. Del Bosque foi teimoso e pagou o preço, pois Casillas rebateu para o meio da área uma bola que poderia segurar e propiciou o gol de Aránguiz, a pá de cal no enterro da Espanha. [Júlio César mostrou o mesmíssimo defeito nas duas exibições brasileiras e são favas contadas que, adiante, os adversários terão atacantes instruídos para aproveitar suas rebatidas temerárias.]

Igualmente incompreensível foi o (outro!) ultrapassado bigodudo haver deixado Xavi no banco, com prejuízo evidente para o futebol de Iniesta e da seleção espanhola como um todo.

Para que o nocauteado Del Bosque não seja o Felipão de amanhã, o treinador brasileiro terá de aproveitar bem a trégua que acaba de lhe cair do céu para consertar nossa seleção. A goleada facilmente aplicada pela Croácia em Camarões (4x0) quebrou a espinha dos africanos, que já entrarão derrotados na próxima partida. A sorte do Brasil depende do que Scolari fizer daqui até o confronto com a Holanda ou o Chile nas oitavas. Como atuou até agora, não passará nem por uma, nem pelo outro.

No começo da tarde a Holanda confirmara sua excelência ofensiva ao enfiar três gols na Austrália, mas a defesa conseguiu tomar dois dos bisonhos cangurus. Até quando sobreviverá, se continuar vivendo perigosamente?

Um comentário:

Leonardo Marques Arnaldo disse...

tem que ver se não vai perder pra camarões! e é bem provável que aconteça! sobre a Espanha: ficou mais do que provado que o Brasil NÃO É O PAÍS DO FUTEBOL! como é que o torcedor ao invés de aplaudir os talentos que chegaram aqui(mesmo que suas seleções não ajudem),hostilizam! debocham dos mesmos! aproveitem que dentro de mais ou menos 20 dias,voltaremos a ver"craques",do nível de negueba,fred,valter,caça-rato(mesmo sendo da segunda divisão),hernane.

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