Ora é uma jornalista que priva da intimidade de muitos figurões garantindo que Lula começou no último fim de semana a comunicar aos amigos íntimos a decisão de candidatar-se à Presidência da República.
Ora são deputados da base aliada a atuarem como porta-estandartes do volta, Lula!
Enquanto isto, o próprio diz à imprensa portuguesa que vai humildemente servir de cabo eleitoral para Dilma, mas se recusa a afirmar que nunca, em circunstância nenhuma, será candidato, deixando aberta a possibilidade de, para o bem de todos e felicidade geral da nação petista, dispor-se ao sacrifício... de fazer aquilo que sempre quis fazer, aquilo que mais quer fazer neste instante. Me engana que eu gosto.
Pacto cumprido de parte a parte, jurou de pés juntos que nunca mais seria James Bond. Só que a dupla de produtores se desfez e um deles resolveu refilmar a única novela de Ian Fleming cujos direitos detinha. Ofereceu um caminhão de grana a Connery e eis que ele, 12 anos depois, já cinquentão, com peruca e uma faixa espremendo a barriga, reapareceu em Nunca mais outra vez. O título (Never say never again no original) foi uma alusão bem humorada a suas duas promessas descumpridas.
Lula é mais precavido do que Connery. Talvez porque, no seu caso, não vá se tratar de uma reconsideração, mas sim da concretização do projeto que acalentava desde que escalou Dilma para tomar conta da cadeira presidencial na sua ausência.
Assim, não causa nenhuma estranheza suas declarações à Rádio e Televisão de Portugal soarem como discurso de candidato.
Assim, não causa nenhuma estranheza suas declarações à Rádio e Televisão de Portugal soarem como discurso de candidato.
Só me surpreendeu ele ter deixado o Zé Dirceu, o José Genoíno, o Delúbio Soares e o João Paulo Cunha na rua da amargura: no afã de distanciar-se o máximo possível de qualquer envolvimento com o mensalão, foi ao cúmulo de afirmar que os petistas condenados não eram pessoas de sua confiança.
Ou seja, a responsabilidade pelos 20% do processo juridicamente consistentes caberia a outros, esses inconfiáveis, não a ele. Talvez pretenda apresentar-se ao eleitorado como Lula, o imaculado.
Tendo conseguido tornar-se até doutor honoris causa de universidades, deve estar de olho nos últimos troféus que lhe faltam: o Prêmio Nobel e a canonização.
Aguardemos os próximos e emocionantes capítulos. Nós, livres. Os quatro companheiros históricos do Lula, na Papuda ou em prisão domiciliar.