segunda-feira, 24 de março de 2014

TER HIERARCAS EM BOQUINHAS É INADMISSÍVEL PARA A ESQUERDA

Este honrou as tradições da esquerda.
Quando um partido de esquerda conquista qualquer governo sob o capitalismo, tem a obrigação de agir de maneira bem diferente dos políticos convencionais.

Por quê? Simplesmente porque o objetivo último de esquerda não é eleger prefeitos, governadores ou presidentes. É educar as massas para a revolução. E isto implica aguçar as contradições até ficar evidenciado para os trabalhadores que o estabelecimento pleno da justiça social e da liberdade só se dará com o fim da exploração do homem pelo homem.

Então, o PT jamais deveria, em nome da governabilidade, ter feito alianças com a ralé direitista, a ralé centrista e a ralé dominante que com elas se confunde, a fisiológica. Deveria ter lutado para conseguir a aprovação de suas metas e medidas sem fazer concessões em termos de princípios, sem pagar apoios com grana nem distribuir nacos de poder (em termos morais, não há diferença nenhuma entre o envelope de dinheiro entregue sorrateiramente e o rateio explícito de ministérios, secretariados, estatais, etc.). 

E se os acostumados às barganhas chiassem e chantageassem, deveria levantar as massas contra eles, ao invés de rebaixar-se ao toma-lá-dá-cá.

Presidentes de esquerda, ou aguçam as contradições até colocarem o País no caminho da revolução, ou são derrubados. 

Quando não acontece nem uma coisa nem outra, é porque não estão governando como pessoas de esquerda.

Este também.
É melancólico o PT ter-se desmoralizado por descer ao nível dos políticos convencionais.

Começando pelo mensalão e acabando pela ocupação de cadeiras nos Conselhos de Administração de empresas apenas para os grãos petistas completarem seus ganhos.

Durante a ditadura militar, não era só nos das estatais que oficiais da reserva iam receber uns trocados para reforçar suas pensões. Também as empresas privadas precisavam tê-los para garantir a boa vontade governamental; e os tinham, religiosamente.

Pois não é que esta prática repulsiva se repete hoje, com a companheirada não se vexando de participar da mesmíssima farsa?!

É o que afirma Elio Gaspari (vide íntegra aqui):  
"A prática é velha: reforça-se o orçamento dos hierarcas nomeando-os para conselhos de empresas. Ela vale tanto na administração federal como nas dos Estados. Tome-se o exemplo de Dilma Rousseff. Em 2006, como chefe da Casa Civil, tinha um salário mensal de R$ 8.362. Em 2007, ganhava R$ 8.700 mensais como conselheira da Petrobras e de sua distribuidora. À Casa Civil ela ia todo dia, aos conselhos, uma vez a cada dois meses (e às vezes chegava atrasada).
...Quando o PT estava na oposição, reclamava disso. No governo, acostumou-se. Agora chegou a conta. Como integrante (e presidente) do Conselho da Petrobras, Dilma é responsável pela aprovação da ruinosa compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.
...Numa estrutura séria, seria demitido o presidente da empresa, ou iriam embora os conselheiros que se julgaram desinformados. Os conselhos de estatais não são sérios, são bicos. O caso da refinaria acertou a testa da doutora Rousseff, a gerentona que pode ser acusada de viver num mundo de verdades próprias, mas nunca se meteu em transações tenebrosas. A vida é arte, errar faz parte. Enquanto houver hierarcas em boquinhas, o erro será a arte"
É profundamente lamentável.

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