sábado, 22 de março de 2014

DILMA, DARCY RODRIGUES E AS MÁGOAS DE 1969

Darcy Rodrigues (esq.), quando era jovem e vigoroso.
Conheci Dilma Rousseff no chamado Congresso de Teresópolis da VAR-Palmares, em outubro de 1969. Ela pertencia à facção que defendia a manutenção de vínculos com o movimento de massas, cujos principais líderes eram Carlos Franklin da Paixão Araújo e Antonio Roberto Espinosa. Eu, à facção que via a Organização como mais apta para o cumprimento das tarefas militares da revolução, principalmente o desencadeamento da guerrilha rural.

As discussões foram ásperas e acabaram com sete de nós (os militaristas) rachando para reconstituir a VPR, sob a liderança de Carlos Lamarca, enquanto os demais (os massistas) continuaram se denominando VAR. Como alguns comandantes ficaram do nosso lado, abriu-se vaga para Dilma  ascender ao Comando Nacional da VAR.

Mas, considerá-lo "acabado" seria exagero.
Neste sábado (22), uma entrevista de Darcy Rodrigues à Folha de S. Paulo revela que as mágoas de 1969 ainda não foram superadas pelos antigos integrantes das duas facções:
"Dilma era e é uma pessoa dura. Cai na asneira de chamá-la de sargentona quando era ministra --disseram que ela não gostou. Quando ela veio a Bauru [na campanha de 2010], fui ao aeroporto encontrá-la. Ela colocou a mão no meu ombro e falou: você está velho, acabado. Eu disse: vim aqui só para pegar o telefone de seus cirurgiões plásticos e esteticistas, para ficar bonito igual a você".
Será por isto que, quando soube da aberrante longevidade do meu mandado de segurança junto ao Superior Tribunal de Justiça (vide aqui), ela apenas oficiou ao ministro da Justiça e aceitou suas evasivas explicações? Ou realmente acreditou que a culpa fosse dos togados?
Dilma também fecha os olhos... ao meu caso.

O certo é que a Advocacia Geral da União recorre às mais óbvias manobras protelatórias para embaçar o cumprimento da decisão tomada em fevereiro de 2011, quando o julgamento do mérito da questão me foi favorável por acachapantes 8x0. A culpa é da AGU. Os ministros do STJ apenas dançam conforme a música. 

Como consequência, depois de sete anos de tramitação e três anos após a sentença consistente e categórica haver sido dada, meu direito continua sendo embargado sob pretexto de questiúnculas periféricas e já superadas em fases anteriores.

Deste jeito, sou eu que ficarei velho e acabado. De raiva.

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