quinta-feira, 23 de maio de 2013

A COMISSÃO DA VERDADE, A SOFREGUIDÃO E OS HOLOFOTES


É suspeita a atitude de integrantes da Comissão Nacional da Verdade, de estarem desde já se posicionando publicamente a favor ou contra a revogação da anistia de 1979.

Isto porque nada será decidido agora. O xis da questão é se, no relatório final da Comissão, daqui a um ano e meio, vai ou não ser recomendada a anulação da aberração jurídica que permitiu aos assassinos oficiais anistiarem a si próprios.

Então, por que botaram o carro na frente dos bois, lançando o debate com tanta antecedência? Meu palpite é de que se trata de um terceiro tema controverso oferecido numa bandeja à imprensa, para que a Comissão da Verdade entre com destaque no noticiário.

É verdade: a presidente Dilma Rousseff cobrou, há alguns meses, que dessem maior visibilidade aos trabalhos da Comissão. Mas, será que ela tinha em mente a espetacularização? Ou os conselheiros estão sendo mais realistas do que a rainha?

O certo é que coincidiram com o primeiro aniversário do colegiado:
  1. o anúncio da decisão de exumarem o corpo do ex-presidente João Goulart, que pode levar à comprovação de seu assassinato por envenenamento (ou, em caso contrário, fornecer um poderoso trunfo propagandístico às  viúvas da ditadura, daí haver sido uma leviandade trombetearem o que poderiam ter feito discretamente, deixando o obaoba para depois, se o resultado dos exames o justificasse);
  2. a totalmente inútil convocação do megatorturador Carlos Alberto Brilhante Ustra para bater boca com membros da Comissão, cuja sessão foi aberta ao público pela primeira vez exatamente para maximizar a repercussão do espetáculo... deprimente e constrangedor; e,
  3. agora, a também totalmente inútil antecipação de uma polêmica que só será travada para valer, se o for, no final de 2014.
Tal busca sôfrega por holofotes me fez lembrar um episódio emblemático. Em 2004, quando do 25º aniversário do simulacro de anistia que igualou as vítimas a seus carrascos, era previsível que a imprensa estivesse à cata de notícias para preencher os espaços dedicados à efeméride.

A Comissão de Anistia programou exatamente para aquele momento o julgamento do processo de Anita Leocádia Prestes (ela estava em grande evidência por causa do recém-lançado filme Olga) e divulgou triunfalmente que lhe concedera uma indenização.

Anita, contudo, retrucou dignamente que não pedira tal indenização e a doaria para caridade. Seu pleito era apenas de que o tempo passado no exílio fosse também considerado, na contagem dos anos para ela obter aposentadoria de professora; só queria aquilo que pedira, não o que fora acrescentado à sua revelia.

A CAPITULAÇÃO DECISIVA SE DEU EM 2008

Quanto ao fulcro da questão, reitero o que venho escrevendo desde meados de 2008, quando o Ministério se dividiu (Tarso Genro e Paulo Vannuchi encabeçavam a corrente a favor da revogação da Lei de Anistia e Nelson Jobim, a contrária) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou ao lado do então ministro da Defesa, desperdiçando uma oportunidade única para expor o blefe de velhos militares que não falavam em nome das tropas:
  • a apuração dos crimes e atrocidades da ditadura, com a consequente punição dos responsáveis, era um dever que o Estado brasileiro deveria ter cumprido logo no início da redemocratização, em 1985 (mas, claro, não se poderia esperar que o arenoso José Sarney colocasse o próprio pescoço na forca, depois de ter sido o mais servil capacho dos militares);
  • por culpa de um sem-número de omissos, continuamos na estaca zero até hoje, no que diz respeito à punição das bestas-feras;
  • mesmo que se derrube a vergonhosa decisão de 2010 do Supremo Tribunal Federal, na contramão das recomendações da ONU e do enfoque legal dos países civilizados, já não há mais hipótese de a condenação dos criminosos hediondos transitar em julgado antes que eles morram todos de velhice, dada a lerdeza da Justiça brasileira e o número infinito de manobras protelatórias que faculta a quem pode contratar os melhores advogados;
  • então, devemos nos preocupar é com o legado que deixaremos aos pósteros, ou seja, batalharmos para que não permaneça legitimado o escabroso precedente de uma ditadura, em plena vigência, anistiar antecipadamente seus esbirros, concedendo-lhes uma espécie de habeas corpus preventivo.
Reposicionar tal questão dependeria, evidentemente, de uma articulação política.

Um equívoco da espetacularização 
Para eles, é inaceitável o cumprimento de penas, a perda de pensões e o pagamento de indenizações.

Do nosso lado, uma vez que admitamos realisticamente o fato de que a possibilidade de vê-los um dia encarcerados se tornou quimérica,  o mais inaceitável passará a ser seu  enquadramento formal pelo Estado brasileiro como  anistiados  e não  como    criminosos.

Temos de, pelo menos, desestimular recaídas no arbítrio;  a completa impunidade sacramentada pelo STF vai exatamente na direção contrária, deixando, inclusive, os cidadãos desinformados em dúvida sobre sua culpa. Então, mesmo não havendo punições concretas, é preciso que fique bem evidenciada para o povo brasileiro a responsabilidade dos golpistas e seus paus mandados no verdadeiro festival de horrores que aqui teve lugar.

A infame decisão da STF não pode ser a palavra final nesta questão, a menos que nos assumamos como uma república das bananas, ignorante dos valores que norteiam a vida civilizada e disposta às mais abjetas concessões para afastar o espectro das quarteladas.

Para avançarmos, entretanto, se faz necessária uma negociação; e a resistência da caserna, que (embora superestimada) tem existido nos últimos anos, poderá ser esvaziada se descartarmos a hipótese de punições. Aí, sem dramas, os oficiais mais jovens não vão sentir-se moralmente obrigados a prestar solidariedade aos velhos carrascos.

Enfim, é um desafio para o governo de Dilma Rousseff, para as forças progressistas e para os cidadãos com espírito de justiça e apreço pela democracia, darem um desfecho mais digno para a tragédia dos anos de chumbo, sem a repulsiva ambiguidade da anistia de 1979.

A hora de punir pode ter passado, mas o Estado brasileiro deve afirmar inequivocamente que tais pessoas eram culpadas e mereciam punição. Só assim se criará uma expectativa de tratamento mais severo para quem  tentar reimplantar o totalitarismo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

IstoÉ DESMASCARA A FARSA E EXPÕE A CHANTAGEM BOLIVIANA. E AGORA, DILMA?


O advogado dos 12 torcedores corinthianos laçados pela polícia boliviana para servirem como bodes expiatórios da morte do jovem Kevin foi sondado pelo tio do pranteado defunto, o também advogado Jorge Ustarez Beltrán: a família se dispunha a reconhecer a inocência dos gaviões engaiolados, ajudando a defesa a desmontar a farsa, mediante o pagamento de 220 mil dólares (cerca de R$ 400 mil).

Como o Corinthians se recusou a ser extorquido e a Gaviões da Fiel não tem como arcar com um resgate tão vultoso, o dr. Sérgio de Moura Ribeiro Marques foi para o tudo ou nada, tornando pública a  proposta indecente. Pois, espertamente, gravara as conversas sem conhecimento do interlocutor. 

A história é contada na matéria de capa da revista IstoÉ desta semana, As provas da chantagem boliviana, e pode ser lida aqui

A  cantada  do titio ganancioso está neste trecho das gravações:
"...o que nós propomos a vocês é acabar de vez com esse processo. Uma vez retirada a denúncia, não é possível, portanto, um processo penal. Os familiares buscam uma reparação material, civil... entendo que essa responsabilidade poderia ser assumida pelo Corinthians... estou consciente de que os 12 não são culpados".
O  malandro otário  passou recibo da tentativa de extorsão, ao escrever de próprio punho a quantia ambicionada num papelucho que a IstoÉ reproduziu.

A revista também detalha o acordo costurado pelos dois advogados, mas frustrado por falta de quem se dispusesse a morrer numa grana preta: 
"...o tio de Kevin, segundo Marques, produziria uma petição na qual declararia, entre outros pontos, a inocência dos 12 brasileiros presos pela morte de Kevin.
E – mais importante – revelaria que o adolescente boliviano encontrava-se de costas para o campo quando foi alvejado pelo sinalizador. Além de Beltrán, Beymar Jonathan Trujillo Beltrán, primo de Kevin e única testemunha ouvida (em uma declaração de apenas cinco linhas) sobre a morte dele, assinaria o documento que seria incorporado ao processo de investigação.
Por ser uma declaração contundente de uma nova testemunha intimamente ligada ao adolescente morto, seria aberta uma grande possibilidade de libertação para os brasileiros. Apesar de não ter se pronunciado legalmente ainda, o tio de Kevin estava no jogo Corinthians e San José..."
Para completar a comédia de erros, o advogado Marques denuncia a existência de "pressão política" por parte do governo brasileiro e do Corinthians para que o escritório do qual é sócio seja afastado do processo. O motivo: “Querem que nós sejamos destituídos do caso e o governo colha o mérito da possível soltura dos torcedores”. 

Finalmente, eis a irrefutável conclusão do autor da reportagem, Rodrigo Cardoso:
"...se não há como provar a culpa dos 12 torcedores do Corinthians, eles têm de deixar a prisão em Oruro. Passou da hora de o governo brasileiro arregaçar as mangas de verdade e, livre de interesses paralelos, priorizar uma solução rápida para a prisão arbitrária de 12 de seus cidadãos que, na Bolívia, vivem dias de criminosos sem sequer terem sido acusados legalmente".
É a mesma posição que sustento há mais de dois meses. No artigo Vergonha: Bolívia faz 12 brasileiros de bodes expiatórios! (acesse aqui ), de 11/03/2013, já escrevi: 
"As autoridades de cá estão agindo com tibieza vergonhosa, ao não defenderem da forma mais enérgica BRASILEIROS FLAGRANTEMENTE INJUSTIÇADOS NOUTRO PAÍS.
Já passou da hora de mostrarem algum serviço, pois suas frouxas gestões não tiveram resultado prático nenhum e vêm sendo olimpicamente ignoradas pelos bolivianos".
Voltei ao assunto em Os 12 torcedores sequestrados na Bolívia e a tibieza brasileira (acesse aqui), do último dia 8, quando um grupo de deputados se reuniu em Brasília com representantes de três ministérios e da OAB para discutirem possíveis medidas a serem tomadas:
"Vamos ver se, a partir de hoje, nossas autoridades deixam de agir com a TIBIEZA VERGONHOSA que vem caracterizando sua atuação no episódio.
...Tenho certeza de que, se os injustiçados pertencessem à classe média ou à elite, as gestões brasileiras teriam sido incisivas e imediatas.
A Justiça boliviana está agindo de forma tão aberrante que já se justifica uma queixa à OEA.  É o caminho inescapável para o Brasil, caso o sequestro não cesse..."
Depois da revelação da IstoÉ, o nosso governo tem a obrigação moral de, finalmente, se fazer valer. Ou seremos obrigados a concluir que ele não vale nada.

terça-feira, 14 de maio de 2013

ACORDA, REBELO! É HORA DE REMOVER O ENTULHO AUTORITÁRIO DA CBF!

Quem entende um mínimo que seja de futebol, está careca de saber que Ronaldinho Gaúcho é, atualmente, o melhor jogador brasileiro em atividade, aqui ou no exterior. 

Cérebro e maestro do Atlético Mineiro, faz dele um time que consegue, ao mesmo tempo, deslumbrar a torcida e ser extremamente competitivo; tanto que acaba de aplicar sonoras goleadas em adversários fortes como o São Paulo e Cruzeiro, além de criar um sem-número de oportunidades para ampliar o marcador. 

[Contra o tricolor paulista, p. ex., foram duas bolas no travessão e uma que o zagueiro Tolói tirou da linha de gol, de forma que caberia perfeitamente um 7x1]. 

Preterir o Gaúcho na convocação para a Copa das Confederações, é mais do que burrice ou teimosia; trata-se de um crime contra a arte futebolística. O técnico Felipão tenta repetir uma matreirice imunda que deu certo em  2002, excluindo o  grande craque  (Romário, daquela vez) e estimulando os demais atletas a unirem-se contra as críticas e desconfiança generalizada. Quer  fechar o grupo, sem perceber que o prazo de validade destas artimanhas imorais venceu faz muito tempo.

Menos mal que a seleçãozinha tem tudo para dar vexame na Copa das Confederações, livrando-nos do  pesadelo Felipão  antes da Copa do Mundo, aquela que realmente importa. 

O futebol brasileiro não é, nem de longe, o melhor do planeta na atualidade. Está muito atrás da Alemanha, da Espanha e (por causa do Messi) da Argentina.

Então, precisamos é de um técnico estrategista como o corinthiano Tite, que teve competência para dar um nó tático no afamado Rafael Benítez, tornando menos desequilibrada a partida contra o Chelsea no Mundial de Clubes. Mesmo assim, o único título importante do Brasil nos últimos tempos dependeu também --e muito!-- dos milagres do goleiro Cássio. 

Com o rústico, tacanho,  ultrapassado e  traíra  (*) Felipão, que vem perdendo sistematicamente das equipes e seleções que praticam o futebol moderno, a tendência é de, mais uma vez, não passarmos das quartas-de-final. Podem anotar.

ESPÍRITO DA ERA MÉDICI

Para finalizar: se (graças ao Romário, Juca Kfouri e Ivo Herzog) cair o presidente da CBF que foi lambe-botas de ditadores, cairá também o técnico autoritário que encara o futebol como uma guerra. 

O primeiro não tem mínimas condições éticas para ocupar cargo tão importante quando os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil.

E o segundo, após ter sido o principal culpado pelo rebaixamento do Palmeiras no Brasileirão, estaria desempregado até hoje se o ladrão de medalhinhas não o tivesse  resgatado do ostracismo.

Para piorar, na hipótese improvável de  a moeda cair em pé, a vitória acabará beneficiando a turma do "ame-o ou deixe-o",  do "ninguém segura a juventude do Brasil".

Pois o espírito truculento e patrioteiro  da  era Médici  está entranhado até a medula em Felipão e Marin, embora só este último tenha se acumpliciado efetivamente com a ditadura dos generais. 

A última coisa de que precisamos é a exumação de conceitos fascistóides como o da "pátria em chuteiras", que levam água para o moinho da direita mais boçal e bestial.

Acorda, Rebelo! É hora de remover o entulho autoritário da CBF!

* no capítulo maucaratismo, vale lembrar que Scolari foi desleal com seu antecessor Mano Menezes, aceitando substitui-lo antes mesmo de ele ser demitido pela CBF; e com jogadores do Palmeiras, fazendo chegar às  maltas organizadas  os nomes de reais ou supostos baladeiros, para que fossem  colocados na linha. A segunda falseta vazou para o elenco palmeirense e causou tamanha revolta que Felipão não teve mais condições de dirigir o time, sendo obrigado a abandonar o barco quando já era concreta a possibilidade de queda para a série B.

IN MEMORIAN: LEONEL ITAUSSU ALMEIDA MELLO (1945-2013)

                                                             Por Osvaldo Coggiola,  historiador e economista

Leonel Itaussu Almeida Mello nasceu em Icém, interior de São Paulo. Tinha antepassados libaneses. Jovem, deslocou-se à capital para estudar, e se incorporou à (...) Aliança Libertadora Nacional. 

Foi preso pelo regime militar, torturado no Doi Codi, conheceu a chamada  cadeira do dragão. A tortura na boca com eletricidade lhe fez perder todas as obturações molares. Manteve sequelas físicas da tortura durante toda sua vida... 

Esteve na prisão durante dois anos, aproximadamente. Novamente livre, foi professor do cursinho da Equipe, a partir de 1974, e concluiu estudos de advocacia (e) de Ciências Sociais na (...) USP. 

Fez mestrado em Sociologia Política, e doutorado em Ciência Política. Era também pós-Doutor pela Universidade da Califórnia (Berkeley). Docente do Departamento de Ciência Política (FFLCH) da USP, eu o conheci nos debates sobre a unidade da FFLCH dos anos 1990, em que se destacou defendendo a unidade da faculdade, com a força intelectual e a fogosidade oratória que lhe eram características. Já era professor titular do Departamento de Ciência Política da USP, cargo obtido em concurso de concorrência acirrada.

Com Luiz César Amad Costa, seu colega de trabalho, de estudo, e grande amigo, escreveu textos didáticos de história moderna e contemporânea, de grande difusão. 

Dentre outros livros, publicou: Argentina e Brasil: A Balança de Poder No Cone Sul (São Paulo: Hucitec, 2012, última edição); Quem tem medo de Geopolítica? (São Paulo: Hucitec, 2012, última edição); A Geopolítica do Brasil e a Bacia do Prata (São Paulo: Hucitec, 2012, última edição). 

Entre a esposa Dea Conti e Antônio Roberto Espinosa
Não fez “carreira política”, não almejou cargos governamentais e parlamentares, carreira para o qual lhe sobravam fibra e condições intelectuais e não lhe faltavam oportunidades de todo tipo; preferiu dedicar-se à pesquisa e à docência na universidade pública, e à luta junto aos trabalhadores e os movimentos sociais desde essa posição. 

Era orador excepcional, dispensava microfones quando enfrentava auditórios, graças ao volume da sua voz e à sua forte personalidade. Prendia a atenção o público pela erudição e pela lógica contundente de suas argumentações, e enfrentava com elegância todos os debates políticos, nos quais ouvia com atenção e educação os argumentos contrários ou divergentes. Foi, por isso, presença indispensável nos congressos e simpósios que organizamos no Departamento de História da USP... 

Sua generosidade pessoal era ímpar. Se preocupava permanentemente pelo estado de saúde e bem-estar de seus amigos e colegas. Vivia em condições modestas, se deslocava em um Monza da década de 80, e quando da demissão de funcionários da USP por “delito” de greve, doou, durante um ano, parte de seu salário para esses trabalhadores que se encontravam sem proventos (não deixou que ninguém soubesse, mas agora eu digo). Foi delegado pela Adusp a vários congressos do Andes- Sindicato Nacional. 

Era membro permanente, e permanente participante dos debates, na Congregação da FFLCH-USP. Em uma de suas últimas aparições públicas, no ato-debate “Contra a destruição da Palestina” que coordenamos no Departamento de História (USP) em finais de 2012 por ocasião dos bombardeios israelenses contra a população civil de Gaza, fez questão, em que pesem suas precárias condições de saúde, de falar em pé... em homenagem ao homo erectus.

Apresentou nesse ato um texto-moção sobre o conflito no Oriente Médio, que foi adotado pelo Foro Social Mundial – Palestina, que nesse mesmo momento se reunia em Porto Alegre. 

Há pouco mais de 15 dias, quando de uma visita judicial ao meu domicílio devido a um problema banal (...), fez questão de permanecer comigo como testemunha (e eventual advogado), como meu amigo, e insisto em que sua saúde já não estava boa. 

Assim era Leonel. Generoso ao máximo, e dono de um humor cáustico, ao mesmo tempo em que de uma capacidade crítica, permanentes. Ninguém se aborrecia, ou se entediava por um minuto sequer, estando ao seu lado. Ninguém perdia o tempo escutando suas críticas ou conselhos.

Se interessava por tudo, e seus alunos e orientandos lembram e lembrarão sempre sua dedicação, atenção e, novamente, generosidade. Lutava por eles quando lhes faltava um prazo para concluir suas dissertações ou teses. Como membro de bancas de concurso público, não aceitava pressões e se guiava por uma objetividade absoluta baseada no mérito.

Esteve política e intelectualmente ativo até poucos dias (talvez até poucas horas) antes de sua internação final, com problemas respiratórios em um organismo já muito debilitado devido a doenças diversas e a uma vida vivida sem medo nem cálculos egoístas.

...Leonel foi um marxista, um revolucionário, no verdadeiro e amplo sentido da palavra. Membro de uma geração cheia de contradições e de impasses, mas cujos melhores representantes não vacilaram em apostar a vida nas suas convicções. E Leonel esteve entre eles. 

Esse é o homem que se foi domingo (05/05) pela madrugada, aos 67 anos de idade. Uma vida encurtada pelas apostas que ele fez na política, no ensino, no conhecimento, na militância, nos homens, nas mulheres, na vida. 

Todos os que hoje o choram (...) têm sobrados motivos de orgulho por tê-lo conhecido.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

UMA PERDA SENTIDA: GLÓRIA KREINZ

Só agora tomei conhecimento da morte da estimada companheira Glória Kreinz, que fiquei conhecendo e respeitando como colaboradora do blogue Sarau para todos, do qual eu também participava.

Era gente finíssima e, ao mesmo tempo que resistia bravamente ao câncer, amargava injustiças que sofria numa USP submetida à escalada autoritária tucana. 

Fará muita falta num ambiente acadêmico em que os melhores são perseguidos e intimidados, enquanto os piores obtêm vantagens imerecidas capitulando a reitores retrógrados e obscurantistas.

Como tributo à inesquecível Glória, reproduzo trechos de um belo e abrangente necrológio da Associação Brasileira de Divulgação Científica (chamando a atenção para a passagem que destaquei em vermelho, referente à grande mágoa que ela carregou para o túmulo):
"A divulgação científica está de luto. Após cinco anos de luta contra o câncer, faleceu na madrugada do dia 4 de maio de 2013, aos 69 anos, Glória Kreinz.
Secretária-geral da Abradic e coordenadora de pesquisa do Núcleo José Reis de Divulgação Científica da USP, Glória se graduou em Letras Neolatinas pela PUC de Campinas (da qual era professora titular) e em Jornalismo pela Faculdade Casper Líbero (em que também lecionou), com mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Ciências da Comunicação pela USP.
Foi a idealizadora da Coleção Divulgação Científica, série de livros iniciada em 1998 com A Espiral em Busca do Infinito, da qual foi a organizadora em todos os seus números (13 até o momento), doze dos quais ao lado do inesquecível Crodowaldo Pavan, grande cientista de nosso país, presidente da Abradic até falecer em 2009.
...Ao lado de Pavan e de Osmir Nunes, seu dileto esposo e colaborador, nas funções diretivas (...) foi a verdadeira líder do Núcleo José Reis – até que, em 2010, um golpe perpetrado por quem lhe era (apenas) hierarquicamente superior interrompeu as atividades de um dos mais importantes centros de incentivo à divulgação científica no Brasil.
Cumpriu, talvez como nenhum outro, o preceito de José Reis segundo o qual, tanto quanto a ciência em si, a própria divulgação científica deve ser divulgada. Quando assumiu a coordenação de pesquisa (e a real liderança) do NJR, nos anos 1990, poucos tinham noção do que seria divulgação científica. Hoje, o noticiário sobre ciência cresceu, atividades diversas de popularização do saber científico se tornaram mais frequentes e o termo “divulgação científica” é mais conhecido e propalado, inclusive nas redes sociais.
Sem iniciativas como as coleções de livros Divulgação Científica e Temas da Ciência Contemporânea (esta pela Abradic), as revistas eletrônicas Espiral e Vox Scientiae, os boletins impressos e eletrônicos do Núcleo José Reis e da Abradic, o Curso de Especialização em Divulgação Científica e o Congresso Internacional de Divulgação Científica de 2002 – todas ou idealizadas ou com grande participação de Glória Kreinz –, certamente a divulgação da ciência estaria ao menos um passo atrás do que se encontra atualmente.
Enxergava a divulgação científica de modo amplo e dinâmico, com interações perenes com outros campos do conhecimento, em especial a filosofia (tinha forte admiração por Sartre e dominava, como poucos, conceitos de autores como Derrida e Deleuze ou de escolas como a fenomenologia), e transitando com fluidez pelos diferentes meios de informação, dos mais tradicionais aos mais recentes e de mobilidade por vezes caótica.
Não se furtava à polêmica e ao enfrentamento, mas também era fervorosa amante da poesia, tanto escrevendo (é autora de Fogos na Noite, publicado em 1975 pela Casa do Autor) como admirando – nos últimos anos especialmente os poemas do enigmático Marcelo Roque, com quem mantinha grande amizade e foi coautora de dois livros.
Deixará saudades, mas sem dúvida permanecerá sempre como fonte de grande inspiração por seu espírito jovial e perenemente atuante, bem como por tudo que ensinou aos que com ela conviveram".

sexta-feira, 10 de maio de 2013

TORTURADOR À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

Reduzir a pó de  traque a racionália falaciosa e performance colérica do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra é tão fácil que, no meu caso, equivale a bater em bêbado. 

Então, não perderei muito tempo escrevendo uma  crônica do piti anunciado, que só serviria para dar destaque imerecido ao mafuá armado na Comissão da Verdade. 

Prefiro liquidar o assunto sucintamente:
  • Que a convocação do Ustra não lançaria luz nenhuma sobre assunto nenhum eram favas contadas. Como a presidente Dilma Rousseff, há alguns meses, cobrou da Comissão iniciativas que repercutissem mais na mídia, certamente o que se viu nesta 6ª feira (10/05) não passou de uma óbvia tentativa de atender a tal exigência de espetacularização --tanto que se tratou da primeira sessão do colegiado aberta ao público. Só que os crimes perpetrados por Ustra e seus cúmplices foram hediondos demais para que uma  tempestade de som e fúria significando nada  alivie minimamente nossa dor. Se não nos deram justiça, ao menos poupem-nos de farsas. 
  • Em meio à enxurrada de mentiras e asneiras, Ustra disse algo aproveitável: o Exército brasileiro e os generais ditadores foram mesmo os maiores culpados pelo festival de horrores para o qual ele concorreu como vil e servil instrumento. Considerada a correlação de forças do poder de então, um Delfim Netto, ao dar carta branca para o aparato repressivo (como signatário que foi do AI-5), teve responsabilidade muito maior nas carnificinas e atrocidades do que paus mandados como o Ustra, o Fleury e o Curió.
  • Foi pitoresco o Ustra negar a prática de torturas e, ao mesmo tempo, esquivar-se de responder se no DOI-Codi paulista, por ele comandado, existiam a  cadeira do dragão  e o  pau-de-arara. É claro que existiam! Ambos, aliás, me foram apresentados pelo tenente-coronel Waldyr Coelho, seu antecessor, quando por lá passei em abril de 1970. Como eu estivera muito próximo de um enfarte no dia anterior, cheguei do RJ com a recomendação de que não me torturassem em SP. Então, o frustrado comandante se limitou a me conduzir numa  turnê educativa  pelas dependências de sua filial do inferno, mostrando-me aquilo de que eu me safara por ser prisioneiro dos co-irmãos cariocas. Depois, sempre que pernoitava no DOI-Codi/SP após uma audiência nas auditorias do Exército, os gritos dos supliciados não me deixavam pregar o olho. Daí eu já ter comentado que só seria crível  a afirmação do Ustra, de desconhecer as torturas praticadas sob seu nariz, se ele apresentasse um atestado de surdez...
  • Há várias testemunhas, como o companheiro Ivan Seixas, de que o Ustra punha, sim, a mão na massa, participando pessoalmente das sevícias. Mas, no fundo, isto é secundário, em se tratando do comandante de um órgão sobre o qual pesam (durante sua gestão) mais de 500 denúncias de torturas e no qual pelo menos 50 prisioneiros indefesos foram covardemente executados. Os comandantes de Auschwitz e Buchenwald, tendo ou não assassinado eles próprios os presos, foram responsáveis por cada um dos exterminados nos respectivos campos de concentração. Eram bestas-feras; e o Ustra também.
  • A mais acachapante avaliação que alguém já fez de Ustra é a do ex-ministro da Justiça José Carlos Dias: "emporcalhou com o sangue de suas vítimas a farda que devera honrar". Ambos estiveram frente a frente na audiência da Comissão da Verdade e, como sempre, o  torturador símbolo do Brasil  foi incapaz de dar uma  resposta à altura, apesar das bravatas que vomita em livros e sites. Ele berra "lutei, lutei e lutei", mas vale muito pouco quando se trata de confrontar um homem em igualdade de condições.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

OS 12 TORCEDORES SEQUESTRADOS NA BOLÍVIA E A TIBIEZA BRASILEIRA

Eis uma informação da Folha de S. Paulo desta 4ª feira (08/05): 
"O grupo de deputados que trata da prisão dos 12 corintianos na Bolívia se reuniu ontem com representantes de três ministérios e com a OAB para discutir os avanços no caso. 'Os próximos 15 dias serão decisivos', diz Nelson Pellegrino (PT- -BA). O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, viaja à Bolívia na próxima semana para conversar sobre o tema com autoridades locais"
Eis o que escrevi há quase dois meses, no dia 11/03:
"...sendo um cidadão dotado de espírito de Justiça, considero ARBITRÁRIOINCONCEBÍVEL e INACEITÁVEL que, por conta do homicídio culposo cometido por UM torcedor, DOZE estejam presos há 20 DIAS... 
...Estão servindo de BODES EXPIATÓRIOS para as autoridades de lá, PRINCIPAIS CULPADAS PELO OCORRIDO, já que aquele apetrecho naval jamais poderia ter entrado na Bolívia nem no estádio. 
É melhor para elas que a ira popular esteja sendo direcionada contra os detidos e ninguém se lembre de perguntar por que não houve revista policial na fronteira e, sequer, na catraca.
Desde quando se admite o ingresso com ARMA numa competição esportiva?! Granadas também podem? E metralhadoras?
As autoridades de cá estão agindo com tibieza vergonhosa, ao não defenderem da forma mais enérgica BRASILEIROS FLAGRANTEMENTE INJUSTIÇADOS NOUTRO PAÍS.
Já passou da hora de mostrarem algum serviço, pois suas frouxas gestões não tiveram resultado prático nenhum e vêm sendo olimpicamente ignoradas pelos bolivianos".
Demorou demais para a ficha cair, se é que realmente caiu.

Vamos ver se, a partir de hoje, nossas autoridades deixam de agir com a TIBIEZA VERGONHOSA que vem caracterizando sua atuação no episódio.

Por enquanto mantenho tal avaliação, pois ela é mais do que merecida. Tenho certeza de que, se os injustiçados pertencessem à classe média ou à elite, as gestões brasileiras teriam sido incisivas e imediatas.

A Justiça boliviana está agindo de forma tão aberrante que já se justifica uma queixa à OEA.  É o caminho inescapável para o Brasil, caso o sequestro não cesse nos próximos "decisivos" 15 dias.  

quarta-feira, 1 de maio de 2013

PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES...

Chicago, 1886: as jornadas de protesto que deram origem ao Dia do Trabalho.
O  Dia do Trabalho passou a ser data importante no calendário político brasileiro durante o getulismo. 

Era no 1º de maio que o ditador Vargas, seguindo as pegadas do fascista Mussolini, anunciava as medidas benéficas aos trabalhadores, que tinham o efeito colateral de satelizar o sindicalismo ao governo, reduzindo a  influência comunista nas fábricas.

Medidas como a instituição do salário-mínimo, seu reajuste anual, a redução da jornada de trabalho para oito horas, a promulgação das leis garantiram direito de férias e aposentadoria, etc.

Um 1º de maio  raivoso  foi o de 1968, quando os opositores moderados da ditadura (encabeçados pelo velho  partidão) convenceram o governador paulista Abreu Sodré de que ele seria bem recebido na manifestação dos trabalhadores na Praça da Sé. 

Os sindicalistas do ABC e de Osasco não concordaram e, quando Sua Excelência começou a discursar, uma nuvem de pedras voou em sua direção.

Com um filete de sangue escorrendo pela testa, Sodré escafedeu-se para a Catedral da Sé, sem o mínimo respeito pela dignidade do cargo (o presidente francês Charles De Gaulle, quando caçado pelos terríveis terroristas da OAS, mantinha-se imperturbável enquanto os disparos zuniam a seu lado, deixando a tarefa de salvá-lo inteiramente a cargo dos seguranças).

Veio o AI-5 e o terrorismo de estado inviabilizou as manifestações de protesto de trabalhadores até 1978, quando mais de 3 mil metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) fizeram do 1º de maio uma comemoração do renascimento do movimento sindical independente.

Dois anos depois, já eram 100 mil os trabalhadores que se reuniam no estádio da Vila Euclides, para manifestar apoio aos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo que haviam sido presos por organizarem uma greve. Um deles se chamava Luiz Inácio da Silva.

Chocante é a perda de conteúdo e simbolismo do Dia do Trabalho, desde aquele longínquo 1º de maio de 1886, quando oito líderes trabalhistas de Chicago (EUA) organizaram manifestações de protesto contra os baixos salários e condições aviltantes, que incluíam jornadas de trabalho de até 17 horas diárias.

Eles foram presos, submetidos a julgamento sumário e enforcados, o que gerou enorme indignação no mundo inteiro e acabou consagrando essa data como o dia de luta dos trabalhadores.

O que mudou?

Primeiramente, claro, as características do processo produtivo. As enormes fábricas em que trabalhavam milhares de operários deixaram de existir, a mecanização atingiu um grau tal que muitas máquinas são operadas por pouquíssimos homens, o desemprego crônico se tornou uma guilhotina suspensa sobre a cabeça de quem ainda tem vaga (e, quiçá, carteira assinada), a terceirização se alastrou como uma praga que dissolve direitos e mina a solidariedade entre os iguais (pois eles passam a ver-se como competidores), as categorias enfraqueceram-se, os sindicatos passaram a ser quase irrelevantes.

O 1º de maio nasceu com o operariado industrial e esteve sempre tão identificado com ele que o esvaziamento de ambos se deu simultaneamente. É lamentável, entretanto, que os  dias de luto e de luta  não hajam deixado de existir por terem se tornado desnecessários.

Pelo contrário, “nunca antes neste país” (como costuma dizer o Lula) os trabalhadores viveram tão mal e com tanta insegurança.

A distância entre o lar respeitável e o colchão embaixo da ponte hoje é mínima, tanto em tempos normaiscomo quando as traquinagens dos grandes capitalistas colocam o mundo inteiro em recessão. Boa parte das garantias trabalhistas foi pro espaço e a  grande maioria da mão-de-obra está relegada à terceirização e à informalidade.

Quem quer manter-se à tona no nosso abominável mundo novo, é obrigado a longas jornadas de trabalho (cujas horas extras, no caso de quem ainda tem carteira assinada, dificilmente são pagas) e à reciclagem constante, obsessiva. Acaba mais vivendo para trabalhar do que trabalhando para viver.

O 1º de maio institucionalizou-se e definhou. As centrais sindicais só conseguem público para suas festas contratando artistas famosos e sorteando carros ou casas.

Mas, ainda há uma função a ser preenchida pelos dias de luto e de luta – na verdade, importantíssima, face ao caráter cada vez mais predatório e perverso assumido pelo capitalismo. Os trabalhadores das nações levadas à ruína pela  irracionalidade globalizada estão aprendendo isto na carne.

A História não terá fim enquanto o homem não levar a bom termo sua busca da felicidade. Então, para cada bandeira que tombar, outra deverá ser erguida.

É um desafio colocado para todos nós, neste século 21 que, em termos de lutas sociais e políticas, ainda engatinha...

...UNI-VOS!


De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!


Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!
Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verrá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!
 


Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional
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