segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ABSTENÇÃO, NULOS E BRANCOS DISPARAM EM SAMPA

Na eleição para prefeito de São Paulo havia duas certezas:
  • a chegada de José Serra no 2º turno;
  • sua derrota final.
Os sucessivos e cada vez mais insatisfatórios mandatos dos tucanos e seus aliados, no Estado e na cidade de São Paulo, saturaram o eleitorado. Com enorme rejeição, Serra jamais conseguiria remar contra esta maré. Seu eleitorado cativo só lhe permitiria levar a disputa para a prorrogação, tornando-se, a partir daí, presa fácil para o adversário.

Mais: os eleitores ansiavam pelo  novo.

Muito se falará sobre o talento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem para eleger postes, mas a sorte desempenhou papel importante.

O espaço da novidade foi imediatamente ocupado por Celso Russomanno, beneficiando-se do prestígio televisivo e do apoio da Igreja Universal.

Sua arrancada fulminante impediu que um  novo  mais consistente (e menos identificado com a velha podridão) se afirmasse.

Nas duas semanas que antecederam o 1º turno, a propaganda do PT desconstruiu Russomanno, explorando episódios do seu passado e plantando na cabeça do eleitor a idéia de que ele iria encarecer o transporte coletivo. Não era bem isto, mas só candidato tolo faz propostas complicadas, que podem ser voltadas contra si, tendo pouco tempo no horário eleitoral para as explicar.

O esvaziamento do balão Russomanno, em cima da hora, não deu aos eleitores oportunidade para se direcionarem a outro  novo. O caminho ficou aberto para  o triunfo de Fernando Haddad.

A esquerda consequente fez campanha pelo voto nulo no 2º turno e tem um resultado apreciável para exibir: 500.578 votos (7,26%).

Somados aos votos em branco (299.224, 4,34%) e à abstenção (1.722.880, 19,99%), são quase três eleitores em cada dez (29,2%) que não viram motivos para votar nem em Haddad (3.387.720, 39,3%), nem em Serra (2.708.768, 31,4%).

Lembrem-se: estamos num país em que  O VOTO NÃO É FACULTATIVO (!), TENDO-SE MANTIDO, MESMO DEPOIS DA REDEMOCRATIZAÇÃO, SEU AUTORITÁRIO CARÁTER COMPULSÓRIO (!!) ATÉ A AVANÇADA IDADE DE 70 ANOS (!!!). Então, tais números evidenciam um enorme desânimo e insatisfação com as opções predominantes.

E que predominam exatamente porque o jogo é de cartas marcadas: os maiores partidos usam e abusam do poder econômico, além de praticamente monopolizarem o horário gratuíto.

De quebra, dão um jeito de fazer com que sejam cancelados os debates televisivos QUANDO TEMEM UMA ALTERAÇÃO DO QUADRO ELEITORAL. Foi o que a TV Record fez nos dois turnos e a Globo no 1º turno.

Ou seja, o sistema aprendeu como evitar que uma nova Luíza Erundina conquiste um governo importante, o que é fundamental para o deslanche de um pequeno partido.

Se já tivesse tal expertise em 1988, o PT levaria muito mais tempo para crescer e talvez não estivesse hoje, paradoxalmente, em condições de barrar os herdeiros dos seus ideais de outrora, como acaba de fazer na cidade do Rio de Janeiro, onde sua opção política foi, simplesmente, IMORAL.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

VOTO NULO É OBRIGATÓRIO NA ELEIÇÃO PAULISTANA

Há posicionamentos díspares no PSOL sobre se os filiados devem votar nulo ou praticar o voto útil neste domingo.

Como não falo pelo partido nem me considero suficientemente informado sobre o quadro nacional, vou opinar somente sobre o contexto paulistano.

José Serra iniciou, como governador, a montagem de um embrião de estado policial no Estado e na cidade de São Paulo, transformados num verdadeiro laboratório de testes de fórmulas fascistizantes; votar nele é impensável.

Fernando Haddad não se propôs, como candidato, a lutar contra tal escalada autoritária, nem assumiu o compromisso de exonerar imediatamente os 30 subprefeitos (de um total de 31) que são oficiais da reserva da Polícia Militar; votar nele é inútil, pois quem faz  campanha de consumo  governa como  prefeito do sistema, não como prefeito ideologicamente coerente.

O PT hoje é um partido reformista. Quer apenas atenuar os malefícios do capitalismo, tendo abdicado de fazer a revolução. 

Então, quem considera que o capitalismo esgotou sua função histórica e se tornará cada vez mais nocivo, desumano e exterminador nesta fase terminal, não tem motivo nenhum para apoiar os que se propõem a prolongar sua agonia, ao invés de dar-lhe um fim.

Os autênticos seguidores de Marx ou Proudhon não podem, portanto, optar nem pelo voto impensável, nem pelo voto inútil. Têm de votar NULO!

A MORAL DELES E A NOSSA

Comi o pão que o diabo amassou nos anos de 2004 e 2005; desempregado, cinquentão, tive de vender praticamente tudo que tinha e até passei privações. Para visitar minha mãe, chegava a fazer caminhadas de mais de 20 quilômetros por falta de grana para o ônibus.

Um juiz da vara da Família decretou minha prisão por não pagamento de pensão alimentícia, aceitando a bizarra argumentação de que, como jornalista, eu  deveria  estar conseguindo algum dinheiro com freelances; ou seja, tomou uma medida extrema a partir de mera suposição, sem prova nenhuma.

Sei lá o porquê, nunca vieram me prender e o problema acabou sendo superado adiante. Mas, durante vários meses fiquei com essa lâmina pendente sobre a cabeça.

Decidi que jamais poderia resignar-me a tal descalabro; que, se fosse detido, iniciaria no ato uma greve de fome, até me libertarem, até morrer ou até terminarem os 30 dias de reclusão.

Por que? Porque, mesmo em circunstâncias tão adversas, eu tinha uma imagem de revolucionário pela qual zelar. Nós não nos conformamos com as injustiças. Jamais as aceitamos passivamente. Consideramos que o  espírito  de Justiça está acima da   aplicação distorcida   da Justiça numa sociedade de classes.

Daí eu ficar estupefato quando vejo antigos revolucionários se declarando injustiçados e, ao mesmo tempo, jurarem que cumprirão como cordeirinhos as sentenças da Justiça burguesa.  Isto só mostra o quanto eles encontram-se distantes dos valores de outrora. 

E é exatamente por terem deles se distanciado que agora estão tão vulneráveis. "Quem entra num buraco de rato, de rato tem de transar", constatou o Raulzito.  Mas, os roedores vocacionais se movimentam melhor no esgoto do que os roedores acidentais.

domingo, 21 de outubro de 2012

O PASTELÃO DO MENSALÃO

Os melhores filmes de tribunal que vi na vida foram Sacco e Vanzetti (d. Giuliano Montaldo, 1971), O veredicto (d. Sidney Lumet, 1982), Doze homens e uma sentença (d. Sidney Lumet, 1957), Julgamento em Nuremberg (d. Stanley Kramer, 1961), O sol é para todos (d. Robert Mulligan, 1962) e O vento será sua herança (d. Stanley Kramer, 1960).

Um degrau abaixo estão Testemunha de Acusação (d. Billy Wilder, 1957) e Anatomia de um crime (d. Otto Preminger, 1959).

O amargo, mas um tanto forçado, Justiça para Todos (d. Noman Jewison, 1979) se coloca num patamar ainda inferior, o que não o impede de ser o mais apropriado para explicar o que vimos na maratona do  mensalão.

No final de um julgamento igualmente grotesto, o advogado Kirkland (Al Pacino) chuta o pau da barraca, explicando aos jurados que os partícipes daquela encenação pomposa queriam mesmo era vencer, não fazer justiça.

Isto ficou mais do que evidenciado no mafuá da ação penal 470, com o relator Joaquim Barbosa usando e abusando de retórica intimidatória para obter as condenações e o revisor Ricardo Lewandowski reagindo às derrotas pessoais com incoerências típicas de um pavão pirracento, como suas mudanças de votos para fabricar empates.

O pouco de respeito que ainda tinha pelo Supremo Tribunal Federal, eu o perdi nos julgamentos do Caso Battisti, ao constatar a tendenciosidade extrema com que Cezar Peluso e Gilmar Mendes atuaram, alinhados escancaradamente com a posição italiana. 

Como a extradição era impossível segundo as leis brasileiras, os dois não hesitaram em, alternando-se nas posições de presidente do STF e relator do processo, promoverem um verdadeiro  arrastão  jurídico. Chegaram, p. ex., a estuprar a instituição do refúgio, sem que os demais ministros reagissem à altura.

Com isto, ambos alongaram artificialmente uma pendenga que jamais deveria ter prosseguido após a decisão do ministro da Justiça Tarso Genro em janeiro de 2009; e, menos ainda, depois da palavra final do presidente Lula em dezembro de 2010, tendo a mais alta corte do país, nos meses seguintes, se acumpliciado com um indiscutível  SEQUESTRO!

Agora, o pastelão do mensalão veio comprovar definitivamente que o Judiciário é mais um dos nossos podres poderes, nada ficando a dever ao Executivo e  Legislativo. 

Quem consegue enxergar o óbvio, percebeu de forma cristalina que cada ministro decidiu seus votos por motivos que nada tinham a ver com a Justiça  e depois foi garimpar as justificativas cabíveis, expondo-as num juridiquês abominável.

E a  veja   (que um dia foi revista, mas hoje não passa de house organ da extrema-direita) caiu no ridículo total, ao saudar o desfecho que ela tudo fez para insuflar como uma  "vitória suprema".

Para  as pessoas equilibradas, mesmo as que acreditavam na culpabilidade dos réus, a sensação que ficou foi a de eles terem sido linchados, não julgados.

Eu iria além: tão pesaroso quanto Violeta Parra, concluo que "en mi patria no hay justicia" quando a indústria cultural manipula as consciências de forma tão avassaladora como desta vez.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O TRAPALHÃO HADDAD E O 'DIREITOSO' SERRA

No balanço que fiz da eleição paulistana, um dia depois do primeiro turno, já defini minha posição quanto ao segundo:
  • não apoiarei José Serra nem em eleição para síndico de prédio;
  • só apoiaria Fernando Haddad se ele assumisse um compromisso explícito de tudo fazer, como prefeito, para a desmontagem do estado policial em gestação no estado e na cidade de São Paulo, começando pela exoneração imediata dos 30 subprefeitos (de um total de 31) que são oficiais da reserva da PM;
  • se, como tudo levava a crer, Haddad continuasse fazendo campanha anódina, como  candidato de consumo  e não  candidato ideológico, a única opção coerente para um homem de esquerda seria o voto nulo.
Hoje já é evidente que o PT permanecerá em cima do muro quanto ao que realmente importa, como ficou quando o governador Geraldo Alckmin ordenou a blietzkrieg do Pinheirinho, incluindo descumprimento de ordem judicial e sequestro de idoso ferido por parte da Polícia Militar para que seu estado lastimável, após o espancamento sofrido, ficasse fora do noticiário. 

É compreensível o governo federal não agir contra o governo estadual, mas se o PT tivesse o mínimo respeito pela própria história, convocaria sua militância para protestar da forma mais veemente possível.

Enfim, está certíssimo o PSOL em recomendar o voto nulo.

Causou alguma celeuma o comentário feito no Twitter pelo maior nome do partido, Plínio de Arruda Sampaio, de que "o importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do  mensalão".

Mais tarde, completou: votará segundo a orientação partidária, mas considera Serra competente (embora "direitoso") e Haddad incompetente ("É só ver o estrago que foi esse Enem").

Peço licença ao  imprescindível  Plínio para discordar: entre um reformista trapalhão e um  direitoso  competente, o segundo é pior.

Haddad, no poder, agirá exatamente como Lula e Dilma, servindo o banquete para a burguesia e zelando para que algumas migalhas cheguem à mesa do povão.

A dupla sinistra Alckmin/Serra nos ameaça com um novo 1964, pois salta aos olhos que dela partiram vários balões de ensaio totalitários e que, havendo uma oportunidade golpista, vai jogar todo o peso de São Paulo a favor da derrubada do governo do PT.

Vejo o Haddad como alguém que jamais se destacaria no PT de 1979, um  não-cheira-nem-fede  que personifica bem a descaracterização do partido.

E o Serra como um novo Carlos Lacerda, aquele desertor das nossas fileiras que, utilizando o aprendido conosco, causou enorme mal ao Brasil.

O primeiro me causa tédio. O segundo, nojo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

HOMOFOBIA ELEITORAL TAMBÉM É CRIME

Durante esta fase em que estarei priorizando o parto do meu segundo livro, continuarei, como antecipei, a posicionar-me em questões de maior relevância.

Também seguirei divulgando textos de autores que me são afins, como o desta 3ª feira (16) do filósofo Vladimir Safatle, Os novos reféns, reação implícita aos ataques
 eleitoreiros contra Fernando Haddad em função do  kit gay  que o Ministério 
da Educação começou a distribuir durante a sua gestão.

Vale lembrar que, também por motivos eleitoreiros, o governo do PT recuou de forma vergonhosa no episódio em questão, cedendo a mais uma chantagem das bancadas evangélicas. Ou seja, a campanha de José Serra está chutando cachorro morto.

Feita a ressalva de que deveria ter dado nome aos bois, concordo com o que está dito no artigo do Safatle (abaixo reproduzido na íntegra) em gênero, número e grau.

As diátribes dos Bolsonaros não
passam de "enunciados criminosos"
Os homossexuais tornaram-se os novos reféns da política brasileira. O nível canino de certos embates políticos fez com que setores do pensamento conservador procurassem se aproveitar de momentos eleitorais para impor sua pauta de debates e preconceitos.

Eleições deveriam ser ocasiões para todos aqueles que compreendem a igualdade como valor supremo da República, independentemente de sua filiação partidária, lutarem por uma pauta de modernização social que inclua casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, permissão de adoção de crianças e constituição de família, além da criminalização de toda prática de homofobia e do engajamento direto do Estado na conscientização de seus cidadãos. Parece, no entanto, que nunca nos livraremos de nossos arcaísmos.

Alguns acreditam que se trata de liberdade de expressão admitir que certos religiosos façam pregações caracterizando homossexuais como perversos, doentes e portadores de graves desvios morais. Seguindo tal raciocínio, seria também questão de liberdade de expressão permitir que se diga que negros são seres inferiores ou que judeus mentem em relação ao Holocausto.

Sabemos muito bem, contudo, que nada disso é manifestação da liberdade de expressão. Na verdade, tratam-se de enunciados criminosos por reiterar proposições sempre usadas para alimentar o preconceito e a violência contra grupos com profundo histórico de exclusão social.

Como em 2010, a campanha de Serra
apela para os piores clichês direitistas
Nunca a democracia significou que tudo possa ser dito. Toda democracia reconhece que há um conjunto de enunciados que devem ser tratados como crime por fazer circular preconceitos e exclusão travestidos de "mera opinião".

Não há, atualmente, nenhum estudo sério em psiquiatria ou em psicologia que coloque o homossexualismo enquanto tal, como forma de parafrenia (categoria clínica que substituiu as perversões).

Em nenhum manual de psiquiatria (DSM ou CID) o homossexualismo aparece como doença. Da mesma forma, não há estudo algum que mostre que famílias homoparentais tenham mais problemas estruturais do que famílias compostas por heterossexuais.

Nenhum filósofo teria, hoje, o disparate de afirmar que o modelo de orientação sexual homossexual é um problema de ordem moral, até porque a afirmação de múltiplas formas de orientação sexual (à parte os casos que envolvam não consentimento e relação com crianças) é passível de universalização sem contradição.

Impedir que os homossexuais tornem-se periodicamente reféns de embates políticos é uma pauta que transcende os diretamente concernidos por tais problemas. Ela toca todos os que lutam por um país profundamente igualitário e republicano.

domingo, 14 de outubro de 2012

ZÉ DIRCEU

Este Zé Dirceu merecia nosso apoio irrestrito.
Até hoje vinha evitando escrever sobre a desgraça do Zé Dirceu, porque ela me deixou conflituado. 

Meus sentimentos sempre foram de simpatia por ele, velho companheiro; quando estruturamos a Frente Estudantil Secundarista, nosso grupo gravitava na órbita da chamada  Dissidência Universitária de São Paulo, dele, do  Fernando Ruivo, do Aldo Arantes, do PT Venceslau, etc.

Minhas convicções, contudo, sempre refrearam o ímpeto que tinha de solidarizar-me ao Zé no caso do  mensalão. Garantir a governabilidade não justifica o delito a ele imputado, nem se tratava de uma ação aceitável num revolucionário, em se tratando de um governo que não se propunha a acabar com o capitalismo mas, apenas, a atenuar seus malefícios. 

Se era para manter uma política econômica subserviente aos banqueiros, por que o PT não pediu para eles próprios fazerem o serviço sujo de subornar a ralé parlamentar?! É indesculpável que, incidindo nas mesmas velhacarias dos partidos burgueses,  haja fornecido tamanhos trunfos para a desmoralização da esquerda!

Este, não.
Felizmente, o Juca Kfouri, bom discípulo do Joaquim Câmara Ferreira (o  Toledo  da ALN) veio em meu socorro, dizendo tudo que há a ser dito sobre o Zé:
"José Dirceu, o líder estudantil que foi preso, virou guerrilheiro e mais poderoso ministro do governo Lula, simbolizou como poucos uma geração inteira -a de 1968. 

E caiu na esparrela de usar as armas da burguesia contra a burguesia, comprá-la para fazer o bem. Convenceu-se disso a tal ponto que se deixou encantar pelas maravilhas da vida burguesa e virou um grande burguês, traído por raposa muito mais experiente nessa coisa de submundo".

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

BALANÇO ELEITORAL x FIM DE UMA FASE

Terra em Transe: "As coisas que vi naquela campanha...
uma tragédia muito maior do que as nossas próprias forças!"

Estamos salvos do espectro que assombrou a campanha paulistana: o de que Edir Macedo, o  apóstolo  Estevam e a  bispa  Sônia se apossassem da chave do cofre da Prefeitura paulistana e, colocando seu zumbis nas ruas, gerassem um populismo de direita que, a julgar-se pelos antecedentes (perseguição a gays, umbandistas, defensores do aborto, etc.), certamente teria características nazistóides.

Depois do  fogo de palha  constatado neste domingo --o equivalente político da expulsão dos vendilhões do templo--, a bancada evangélica no Congresso deverá continuar sendo apenas o que é atualmente, já suficientemente ruim: fisiológica e com viés direitista. Se, além disto, passasse a ser uma força autônoma, tudo pioraria.

O 2º turno se disputará entre José Serra, que tocaria adiante a escalada autoritária dos últimos anos, em parceria com Geraldo  blietzkrieg do Pinheirinho  Alckmin; e Fernando Haddad, uma incógnita (por enquanto, o único motivo que oferece aos eleitores para votarem nele é ser filhote do Lula e da Dilma, algo meio vexatório em se tratando de um marmanjo que se tornará cinquentão em janeiro...).

A forma pífia como o PT combateu o espantalho Russomanno --evitando caracterizá-lo como cavalo de Tróia dos exploradores da fé porque o PRB integra a base aliada-- não constitui bom augúrio. Ideologicamente, o partido criado em 1979 por sindicalistas do ABC, esquerdistas que lutaram contra a ditadura e adeptos da Teologia da Libertação é, na atualidade, firme como geléia.

Enfim, eu ainda o apoiarei no 2º turno caso se posicione incisivamente contra os balões de ensaio totalitários que têm marcado a atuação hegêmonica dos tucanos e seus aliados na cidade e no estado de São Paulo, começando por assumir o compromisso de demitir imediatamente os 30 oficiais da reserva da PM a quem Gilberto Kassab entregou todas as subprefeituras, menos uma.

Como dificilmente Haddad descerá do muro, tudo levando a crer que seguirá fazendo uma mera  campanha de consumo, é bem provável que o movimento pelo voto nulo cresça, pois o desalento com os principais partidos aumenta cada vez mais.

Em 2010 foi a última vez que favoreci uma  campanha de consumo  no 2º turno, e isto porque o adversário estava sendo apoiado pelas viúvas da ditadura e o que havia de pior na direita golpista. Mas, votando no menos pior, nunca chegaremos ao melhor.

Então, em todo e qualquer pleito no qual não houver uma  candidatura ideológica  merecedora do apoio da esquerda, acredito que o voto nulo seja hoje a opção mais coerente para nós.

O PSOL E EU

Terra em Transe: "Não conseguiu firmar o nobre pacto entre o
cosmo sangrento e a alma pura... tanta violência, mas tanta ternura".
A candidatura de Carlos Giannazi não foi tão longe quanto a de Marcelo Freixo, com a qual tinha muitas semelhanças e afinidades, por vários motivos. Os principais:
  • São Paulo é uma cidade bem mais conservadora e direitista do que o Rio de Janeiro, tendo inclusive um segmento eleitoral nitidamente fascista, que acaba de eleger três vereadores identificados com as execuções sumárias de bandidos pelos policiais;
  • na reta final Giannazi encontrou a postura correta (mais agressiva) para os debates eleitorais, mas o cancelamento dos dois últimos, os da Record e da Globo, impediu que se beneficiasse disto;
  • e, claro, sua extrema inferioridade em fundos de campanha, estrutura partidária e em tempo disponível no horário gratuíto.
A conquista de uma cadeira na Câmara Municipal foi uma pequena vitória do PSOL, mas continuarei sempre achando autofágica a disputa entre as tendências partidárias, que levou as principais delas a travarem uma guerra particular pela vitória do  seu  representante, com a vitória da encabeçada pelo presidente nacional do partido, Ivan Valente (à qual pertence o eleito professor de matemática Toninho Vespoli).

Quanto a mim, lamento não ter obtido um resultado à altura dos comoventes esforços dos poucos que me ajudaram muito, como o incansável poeta Marcelo Roque, o genial artista gráfico Eliseu de Castro Leão, as abnegadas Auriluz Pires Siqueira e Sônia Amorim, os injustiçados uspianos Glória Kreinz e Osmir Nunes.

Os 6 mil folhetos impressos graças a uma doação que o grande escritor e revolucionário Chico de Assis enviou lá do Nordeste não se transformaram em votos; infelizmente, não encontrei  a trilha do labirinto.

Fico reconhecido também ao Carlos Lungarzo por, indiferente a eventuais danos à sua imagem no circuito dos DH, ter apoiado minha candidatura.

Há os que seguem seus princípios e são solidários. Há os que priorizam conveniências, são indiferentes ou preguiçosos. Lutas desiguais como as que eu costumo travar trazem sempre à tona o melhor e o pior das pessoas.

Evidentemente, não me candidatarei a deputado em 2014, nem a vereador em 2016. Esta etapa só fazia algum sentido se tivesse conseguido me eleger desta vez, aos 62 anos.

Como é uma hipótese remotíssima eu vir a receber o apoio de algum partido de esquerda para me candidatar ao Executivo ou a senador, eu diria que há 99,9% de chances de haver sido minha primeira e última tentativa eleitoral.

O meu desgaste físico e emocional foi enorme. Mas, inexiste repouso para guerreiros. Como esta empreitada não frutificou, decidi lançar o quanto antes a parte final do Náufrago da Utopia.

Até o Ano Novo, eu a estarei escrevendo. Nesse meio tempo, só me manifestarei nos meus blogues ou nas redes sociais se e quando houver assunto de real importância em que minha contribuição possa fazer alguma diferença.

E avaliarei cuidadosamente o que fazer em 2013. O certo é que uma fase terminou e ainda não tenho clareza quanto a novos rumos. 

Minha única certeza é a de que continuarei até o fim da vida lutando contra o capitalismo.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O SONHO NUNCA ACABA

Para quem tem uma longa estrada atrás de si, o aniversário convida à reflexão, a fazer um inventário dos sonhos concretizados, pendentes e desfeitos.

Mais ainda quando, como é o meu caso, ocorre exatamente na véspera de um dia decisivo: no domingo saberei se o meu último sonho terá sido, parafraseando meu velho amigo Raulzito, um sonho que sonhei só ou um sonho que se sonha junto e vira realidade.

Como estou desde os 17 anos empurrando pedras para o topo da montanha e várias vezes elas despencaram (algumas de forma extremamente sofrida, como quando tantos  imprescindíveis  se imolaram numa guerra impossível de ser vencida), não encaro uma eventual derrota como tragédia. O importante é lutarmos pelos objetivos corretos, de forma íntegra e dando o melhor de nós.

Até porque os combatentes da justiça social e da liberdade perseguimos um ideal milenar, sem que a vitória até agora nos sorrisse. Aproximamo-nos e distanciamo-nos dela, apenas. A humanidade irmanada na priorização do bem comum e do pleno atendimento das necessidades humanas continua existindo apenas na imaginação de poetas como John Lennon, de profetas como Karl Marx e de bravos guerreiros como Che Guevara.

Não existe, contudo, nada de mais nobre a que dedicarmos nossa existência. Quem trava o bom combate e o faz como bom combatente é o sal da Terra, o arauto da solidariedade e o portador da esperança.

Os que nos propomos a desempenhar tal papel não nascemos prontos. Tentamos construirmo-nos como homens novos ao longo da jornada, conscientes de que as pessoas estarão sempre atentas, avaliando nossos sonhos pelo que fizermos. Ninguém sonhará junto se nós mesmos não nos mostrarmos à altura dos ideais que professamos.

Então, refleti muito antes desta incursão tardia pela política convencional. Estava consciente de que me exporia à incompreensão de alguns e à desqualificação por parte de outros; e que a mentalidade clubística ainda predominante na esquerda me faria, deixando de ser independente, perder espaços e tribunas na internet.

Havia, no entanto, valores mais importante a considerar do que meus ônus pessoais.

Desde 2007 eu vinha denunciando os balões de ensaio fascistizantes na capital paulista. Com os tucanos e seus aliados monopolizando os governos estadual e municipal, a cidade se torna, cada vez mais, o laboratório no qual se testam as fórmulas para um novo totalitarismo, aferindo-se a resistência da sociedade ao estado policial.

A escalada autoritária veio intensificando-se de ano a ano:
  • as  invasões bárbaras  da USP começaram com o ingresso das mais truculentas tropas de choque da Polícia Militar em algumas situações e acabaram com a ocupação permanente da Cidade Universitária, evocando os piores tempos da ditadura militar;
  • a repressão da Marcha da Maconha também representou uma volta àquele passado infame em que se atentava impunemente contra a liberdade de expressão e de manifestação;
  • a forma como dependentes químicos foram escorraçados da cracolândia a pontapés fez lembrar o próprio nazismo;
  • na desocupação do Pinheirinho, chegou-se ao absurdo de desconsiderar uma ordem judicial para cumprir outra e de sequestrar um idoso para que a imprensa não constatasse seu estado lastimável após o espancamento sofrido (com a agravante de que ele faleceria três semanas depois);
  • a prática, adotada pela PM sob as vistas grossas do governo do Estado, de maquilar execuções a sangue-frio como mortes decorrentes de resistência à prisão tem merecido repúdio universal;
  • a designação de oficiais da reserva da PM para gerirem 30 das 31 subprefeituras paulistanas implica a adoção da mentalidade policial no trato dos problemas sociais e para fins de controle político, com os excessos intimidatórios já sendo notados na periferia e bairros pobres (a vandalização do Sarau do Binho é um exemplo).
A DECISÃO DE LEVAR A LUTA AO CAMPO DO INIMIGO

A influência exercida pela web no Caso Battisti só se repetiu no episódio da proibição da Marcha da Maconha, quando os saudosos do arbítrio foram obrigados a recuar. Mas, mostrou-se insuficiente nos demais casos, principalmente o do Pinheirinho, quando havia gritantes motivos para se exigir o impeachment do governador Alckmin, mas nem sequer foi tentada uma mobilização neste sentido (embora eu tenha lançado sucessivas exortações e estimulado de todas as maneiras tal iniciativa).

Então, levando em conta o menor impacto atual das redes sociais em batalhas importantíssimas e o fato de estar sendo boicotado pela grande imprensa (que, macartista como nunca, fechou-se para mim como profissional e nem sequer permite que meu nome seja citado como personagem histórico e participante de acontecimentos atuais), decidi abrir uma segunda frente, levando a luta para o campo do inimigo.

Qualquer que seja o resultado do pleito, não me arrependo. Era o que havia a ser feito. Quando portas se fecham, os revolucionários temos de abrir outras, jamais deixando que nos reduzam à impotência. Cumpri o meu papel.

Também acredito ter contribuído para aclarar noções sobre como deve comportar-se um candidato de esquerda em processos eleitorais que, no nosso caso, devem ser encarados sempre como oportunidades táticas para acumulação de forças e não como objetivos estratégicos.

Por mais que este conceito seja tido como axiomático em termos teóricos, a compulsão de vencer a qualquer preço acaba contaminando muitos companheiros, que incorporam acriticamente as práticas das campanhas dos candidatos do sistema, em todos os sentidos:
  • buscando evidenciar-se melhor do que eles na gestão das miudezas paroquiais, quando nossas campanhas devem ser sempre ideológicas, por princípio e até por eficácia (correndo na mesma faixa dos direitistas e reformistas, sempre perderemos para seus recursos e sua máquina de comunicação infinitamente superiores);
  • personalizando as campanhas como eles fazem, o que vem ao encontro da intenção da burguesia e sua indústria cultural, de desideologizar as eleições, tornando-as semelhantes à escolha de ítens para consumo;
  • e até repetindo a prática repulsiva de convidar os eleitores a votarem em alguém apenas por ser filhote deste ou daquele, e não por ter as melhores aptidões e antecedentes na luta revolucionária.
Do meu pai herdei o exemplo, os princípios morais e a educação que ele, com tanto sacrifício me proporcionou. Nunca precisei de outros pais, nem os procurei. Desde os 17 anos venho escrevendo minha própria história.

E é ela que deve justificar, ou não, a escolha dos eleitores e o apoio dos companheiros que ainda venham a contribuir para uma arrancada final.

No fundo, trata-se de mais uma luta de Davi contra Golias. Mesmo quando todas as carta parecem estar todas marcadas contra nós, temos de manter o ânimo e lutar até o fim. Às vezes, como no Caso Battisti, o aparentemente impossível acontece.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CAÇADA AO OBSCURANTISMO

É curiosa a CartaCapital. Desde os tempos em que a Tribuna da Imprensa (RJ) expressava, da primeira à última página, as posições do aguerrido Hélio Fernandes, eu não vejo um veículo tão identificado com seu  dono.

Pena que Mino, o arqui-super-ultra-megalomaníaco que faz questão de exibir a  certidão de propriedade  até no nome da revista, não tenha a milionésima parte do talento e da coragem de Hélio Fernandes.

Aquele, de peito aberto, confrontava ditaduras. Já o Mino foge como um fedelho quando desafiado para debater com intelectuais que travam o bom combate, como o Carlos Lungarzo, o Rui Martins e eu. Nunca fez jus ao apelido de  imperador, salvo se o paradigma forem imperadores como Nero e Honório.

Herdeiro do que o Partido Comunista Italiano tinha de pior --e não, jamais!, do extraordinário legado de Gramsci--, Mino tem uma característica inconfundível dos stalinistas: adora caçar bruxas.

Ele e seu escudeiro Walter Maierovitch ultrapassaram todos os limites jornalísticos na cruzada histérica para tentarem forçar a extradição de Cesare Battisti. Houve momentos em que textos adversos ao escritor se sucederam edição após edição; não contente em destilar seu rancor em editoriais, Mino escrevia ele mesmo as notícias sobre o Caso Battisti, sem assiná-las, mas  entregando o ouro  ao utilizar o linguajar vetusto e pernóstico que lhe é peculiar.

Depois daquela derrota acachapante, parece que o novo alvo da CartaCapital é Monteiro Lobato.

Um tal Willian Vieira adota, na patética querela dos patrulheiros cricris contra um dos maiores escritores engajados que este país já produziu, uma posição tendenciosíssima, bem ao feitio do Mino e do Maierovitch.

Enviou uma pauta simplesmente grotesca a Teresa Lajolo, que, além de doutora em Letras e professora titular da Unicamp, tem em seu passado lutas importantes, como a do resgate das ossadas de Perus. As perguntas vieram impregnadas de furor inquisitorial, como se constata neste exemplo:
"Ao contrário de Twain, que era um defensor da igualdade racial, um antirracista notório, Monteiro Lobato é reconhecidamente um autor com tintas racistas – para alguns, era um eugenista. Isso faria do livro uma situação distinta da de Twain?"
A entrevistada não se deixou coagir pelo advérbio intimidatório (é bem maior a quantidade e a qualidade dos acadêmicos e estudiosos que   reconhecem  exatamente o contrário). E retrucou:
"Minha opinião é diferente. Não acho que a posição assumida pelo narrador lobatiano manifesta atitudes que possam ser consideradas 'racistas', isto é, não creio que a obra literária lobatiana expresse ou propague atitudes de agressão e de desamor a negros".
O tal Willian concedeu à companheira Lajolo apenas um parágrafo de sua reportagem, cujo viés é o dos pupilos da Dona Solange, a censora-mor da ditadura militar. Começando pelo título: Caçada ao racismo (vide aqui).

Indignada, ela pediu ao Observatório da Imprensa que publicasse o conjunto de suas respostas ao tal Willian (vide aqui). 

Tudo que havia a dizer-se sobre essa questiúncula que, de tão ínfima, jamais deveria ter sido levada ao Supremo Tribunal Federal, está dito na resposta final de Teresa Lajolo, cujos trechos principais transcrevo e assino embaixo:
"Não acho que seja universal ('em todo mundo') a tendência a 'corrigir' obras literárias. Mas mesmo que fosse – judeus e prostitutas excluídos da obra de Shakespeare, escravos negros expulsos da Bíblia e das Mil e Uma Noites, homossexuais banidos da obra de Dante – eu seria contra.
Também discordo de incluir 'ressalvas' (como notas de rodapé, anotações & similares ) em livros. Elas manifestam uma vontade disfarçada de 'gerenciar' a leitura, impondo certos significados (e proscrevendo outros) aos leitores.
...Que tipo de cidadão forma a frase final de Caçadas de Pedrinho, na qual Tia Nastácia, tomando o lugar de Dona Benta em um carrinho, proclama: 'Agora chegou minha vez. Negro também é gente, sinhá...' (p.71).
Será que a voz da própria Tia Nastácia, no livro, não é mais convincente do que rodapés e advertências?"
Quanto ao tal Willian, a diferença entre ele e Shakespeare não está apenas na grafia do prenome (William, no segundo caso). Está na trincheira ocupada por cada um. São antípodas, inimigos irreconciliáveis, os criadores e os censores (tanto os assumidos quanto aqueles que não ousam dizer seu nome...). 

Torquemada é pior do que os vampiros: por mais que cravemos estacas no seu coração, ele sempre volta.  Só que, já não tendo o Tribunal do Santo Ofício a seu dispor, ele agora é obrigado a recorrer ao STF. 

A repetição da História é, mais do que nunca, uma farsa: no século 21 já não se colocam livros no index, nem se condena Giordano Bruno.  

Não nos livramos da ditadura dos militares para cairmos na ditadura do  politicamente correto, autoilusão impotente dos que abdicaram de mudar o mundo e agora tentam convencer-se de que cumprem um papel revolucionário mudando a forma como nos referimos às coisas do mundo.

Marx rechaçou esta saída pela tangente há exatos 167 anos, na 11ª tese sobre Feuerbach: 
"Os filósofos nada mais fizeram do que interpretar o mundo, de diversas maneiras. Chegou a hora de transformá-lo".

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A DEMOCRACIA À MODA DA 'FOLHA' É, ELA SIM, UMA DITABRANDA

Os dirigentes municipais do PSOL decidiram não questionar juridicamente o boicote da Folha de S. Paulo à coligação PSOL/PCB, ao organizar  seletivamente  o debate de candidatos a vereador que vai realizar na tarde desta 3ª feira (2) e publicar no próximo domingo.

Segundo o parecer legal que embasou tal decisão, não prevaleceriam neste caso as regras dos debates em rádio e TV. Seria encarado juridicamente como uma mera coleta de informações para a produção de um texto jornalístico.

Trata-se, enfim, de mais uma iniciativa discricionária que, mesmo não sendo ilegal, é flagrantemente imoral.

Democracia não existe sem oportunidades iguais para todos; daí eu nunca ter considerado verdadeiramente democrática a sociedade que o capitalismo desenha, na qual o poder econômico prevalece de forma esmagadora sobre Executivo, Legislativo, Judiciário e imprensa.

Não só a coligação PSOL/PCB, mas também as candidaturas do PSTU e do PCO deveriam estar presentes em todos os debates. Contra as duas últimas, contudo, havia o  pretexto  de não terem deputados federais. Daí eu ter centrado fogo no direito moral espezinhado de quem os tem, estando habilitado mesmo à luz dos critérios casuísticos estabelecidos para evitar o crescimento e afirmação de agremiações engendradas  na contramão do sistema.

Quanto ao veículo de imprensa cujo  reizinho, usando as prerrogativas de dono da bola , impõe regras a seu bel-prazer, está esquecendo mais uma vez os pomposos princípios do seu Manual de Redação, que afirma ser o "jornalismo crítico" um "princípio editorial da Folha". Eis a postura nele recomendada aos profissionais da casa:
"O jornal não existe para adoçar a realidade, mas para mostrá-la de um ponto de vista crítico. Mesmo sem opinar, sempre é possível noticiar de forma crítica. Compare fatos, estabeleça analogias, identifique atitudes contraditórias e veicule diferentes versões sobre o mesmo acontecimento. A Folha pretende exercer um jornalismo crítico em relação a todos os partidos políticos, governos, grupos, tendências ideológicas e acontecimentos".
Ganha um doce quem me explicar como se pode ser crítico sobre a eleição para a Câmara Municipal deixando de fora do debate e das notícias dele decorrentes a coligação que tem as propostas mais diferenciadas, praticamente um contraponto às dos cinco partidos que realmente têm direito de participar e ao sexto (o do prefeito Gilberto Kassab) que estará presente  porque Deus quer.

Retórica à parte, a Folha da Manhã continua sendo a mesmíssima empresa que cedia viaturas para o serviço sujo da repressão, durante a ditadura militar; e a Folha de S. Paulo continua sendo o mesmíssimo jornal que um dia ousou qualificar de  ditabranda  a ditadura mais bestial a que este país já foi submetido. Leopardos nunca perdem as pintas...

Reitero minha exortação a todos os companheiros de esquerda e a todos os verdadeiros democratas, no sentido de que manifestem seu inconformismo enviando mensagens à ombudsman. Mesmo que não haja resultados práticos, não devemos deixar essas infâmias passarem batidas. Resignarmo-nos, jamais! Eis as formas de protestar:
  • e-mail para ombudsman@uol.com.br;
  • telefonema para 0800 0159000; e
  • carta para al. Barão de Limeira 425, 8ºandar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Suzana Singer/ombudsman ou pelo fax 0/xx/11 3224-3895

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O JORNAL DA DITABRANDA DISCRIMINA A COLIGAÇÃO PSOL/PCB!!!

A Folha de S. Paulo noticia nesta 2ª feira (01/10) que pretende promover amanhã um debate entre candidatos a vereador das "cinco principais coligações nas eleições municipais deste ano e o partido do prefeito, Gilberto Kassab", quais sejam: Luíza Nagib Eluf (PMDB), Andrea Matarazzo (PSDB), Ricardo Young (PPS), Nabil Bonduki (PT), José Police Neto (PSD) e Celso Jatene (PTB).

A exclusão da coligação PSOL/PCB seria arbitrária e inaceitável.

Cientifiquei de imediato nosso candidato a prefeito Carlos Giannazi e o presidente do Diretório Muncipal paulistano, Maurício Costa, além de requerer a intervenção da ombudsman Suzana Singer, qualificando a iniciativa de "extremamente antidemocrática e, provavelmente, ilegal".

Exorto todos os companheiros de esquerda a manifestarem seu inconformismo com mais este ato de evidente discriminação contra as forças políticas combativas deste País. Eis os canais para se contatar a Suzana Singer:
  • e-mail para ombudsman@uol.com.br;
  • telefonema para 0800 0159000; e
  • carta para al. Barão de Limeira 425, 8ºandar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Suzana Singer/ombudsman ou pelo fax 0/xx/11 3224-3895
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