sexta-feira, 31 de agosto de 2012

JOÃO PAULO CUNHA, O MENSALÃO E A PROSTITUTA RESPEITOSA

Tinha várias facetas a brincadeira que fiz no último sábado, 25 (vide aqui), ao intitular meu artigo de João Paulo Cunha é culpado..., mas acrescentar o subtítulo ...de fazer uma péssima comparação histórica.

De um lado, como meu blogue tem 651 seguidores, coloquei um título algo chocante, que motivasse os leitores desses sites e blogues a abrirem o post. Algo como a célebre capa d'O Pasquim, que trombeteava, em letras garrafais: TODO PAULISTA É BICHA. Quem olhasse com mais atenção, contudo, perceberia a existência de uma ressalva, em tipos minúsculos. A frase inteira era TODO PAULISTA que não gosta de mulher É BICHA.

E por que eu fazia tanta questão de que fosse lido tal texto? Porque, sendo bom conhecedor dos horrores da ditadura de Getúlio Vargas, nunca me conformei com a imagem deturpada que dele têm as novas gerações. 

Pensam que o seu papel histórico da década de 1950 foi o que sempre cumpriu, ignorando o período 1930/1945, quando ele não passava de um aplicado discípulo de Hitler e Mussolini. Seu chefe de polícia política, Filinto Muller, uma espécie de Brilhante Ustra da época, foi retratado pelo jornalista David Nasser como um carrasco que mereceria ter sido julgado pelo tribunal de Nuremberg.

Já que os jovens esquerdistas de hoje não leem livros como Memórias do cárcere (Graciliano Ramos) e a trilogia Os subterrâneos da liberdade (Jorge Amado), tento suprir tal lacuna da melhor maneira possível.

Eu também pretendi, com minhas ironias, reduzir o assunto da moda às verdadeiras proporções. O julgamento do  mensalão  não mereceu de mim nenhuma abordagem que o levasse a sério, como as da grande imprensa e as dos ingênuos defensores dos réus na web, simplesmente porque não é sério.

Trata-se, tanto quanto o fora Collor!, de mais uma shakespereana  tempestade de som e fúria significando nada. De vez em quando o Brasil pinça alguns personagens para responderem pelo que é regra no mundo da política e dos negócios. Ou seja, trata como exceção o que todos sempre fizeram e fazem.

Provindo de nossos podres Poderes, tais cruzadas são de uma hipocrisia nauseante. Fazem-me lembrar o título de uma peça teatral de Jean-Paul Sartre, A prostituta respeitosa...

Sacrificados os bodes expiatórios de ocasião, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Então, que aplauda ou vaie tal farsa mambembe quem quiser; ela só me causa tédio. A corrupção é intrínseca ao capitalismo e, enquanto não atacarmos o mal pela raiz, continuaremos patinando sem sair do lugar.

Finalmente, eu estava dando um toque do que se sabia antes mesmo do espetáculo começar: Cunha seria condenado. Era a chamada  caçapa cantada.

E, como outrora caí numa armadilha da História e levei décadas para me libertar, sou sempre compassivo em relação a quem, inocente ou culpado, esteja purgando os pecados que todos cometem.

Conheço Osasco, a base eleitoral de Cunha. Sei há quanto tempo ele cultiva o eleitorado local, preparando o grande salto para a prefeitura. Quando chega finalmente a hora, ele é abatido em pleno voo! Este deve ter sido o pior dos castigos para ele.

Torço para que, além do ostracismo, não se chegue ao exagero de impor-lhe prisão em regime fechado, como o noticiário especula.

A prostituta respeitosa não tem moral para ir tão longe, depois de haver   aliviado   para tantos Collors e Malufs. Deixemos a sede sangue para os vampiros e os linchadores.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

MENSALÃO: UM PARÊNTESIS

Atuar nas redes sociais às vezes é complicado para um jornalista.

Acostumamo-nos a reagir imediatamente às novidades. Têm de estar noticiadas, dissecadas, interpretadas  à exaustão na edição do dia seguinte.  Estamos sempre correndo contra o tempo.

Na web, às vezes as pessoas demoram a perceber a relevância de uma ocorrência. Podem até passar batidas por algo que eu divulguei ainda de manhã, só percebendo sua importância depois que o assunto é destacado no noticiário noturno das tevês.

Outro aspecto: passamos a carreira inteira aprendendo a discernir para onde marcham os acontecimentos. Isto é utilíssimo, até vital, no batente de redação. 

E também em lutas como a do Battisti; quem acompanhou meu trabalho dia a dia, sabe que todas as minhas previsões importantes se confirmaram.

Uma aposta arriscada que eu fiz, p. ex., foi a de que o Lula, se a palavra final coubesse a ele, jamais extraditaria o nosso companheiro italiano. Os líderes do comitê de solidariedade avaliaram da mesma forma, daí termos rechaçado todas as propostas de radicalização da luta e hostilização do STF.

Quando arrancamos do Supremo a confirmação da prerrogativa presidencial, suspiramos aliviados. Sabíamos que o resto seria só questão de tempo. E foi.

Os companheiros de outra formação, contudo, tendem a colocar nos seus textos o que querem que aconteça. É sua  torcida  que manifestam, não avaliações perspicazes e realistas.

Várias vezes já me levaram a mal por enxergar um pouco adiante.

Fui, p. ex., o primeiro a manifestar ceticismo quanto à reversão do golpe hondurenho, embora estivesse totalmente contra aquela farsa parlamentar. 

Ou seja, torcia para que o Zelaya fosse reconduzido ao poder. Mas, percebia claramente que, por ele ser um  banana, a resistência fracassaria. 

As quarteladas do século passado me ensinaram tudo que alguém precisa saber sobre tais poltrões. Tenho a certeza de que, se fosse Brizola e não Goulart o presidente, os golpistas de 1964 jamais obteriam êxito sem darem um único tiro.

Os fervorosos bolivarianos escreveram cobras e lagartos a meu respeito. Intimamente sabiam que eu estava certo, mas consideravam necessário heroicizar o bobalhão que se deixou colocar num avião de pijamas e, pouco depois, liderou uma carreata até a fronteira de Honduras, ingressou no seu país... e deu meia volta ao constatar que os militares o aguardavam.

O que ele queria, que lhe estendessem um tapete vermelho? A tal carreata só faria sentido se fosse para deixar-se prender e, com isto, forçar uma atitude mais enérgica da OEA e dos presidentes que lhe eram solidários. Caso contrário, nem deveria  ter sido tentada.

O último desse episódios foi o julgamento do  mensalão.

Tendo acompanhado atentamente as quatro intermináveis sessões relativas ao Caso Battisti, sabia muito bem o que poderia esperar dos ministros do STF sob pressão tão violenta da grande imprensa. Então, antes mesmo do circo começar, eu já sabia que o resultado seria a condenação dos principais réus, e por goleada.

Gato escaldado, não o afirmei tão claramente em artigos, mas cantei esta bola (a condenação por goleada) em resposta a comentários indignados de torcedores em alguns espaços de que participo.

Não deu outra. 

Então, os que tanto tempo desperdiçaram escrevendo textos e mais textos para provar a inocência dos réus e a inexistência do  mensalão, melhor fariam se tivessem adotado a minha linha de argumentação: a de que, sob outros nomes,  mensalões sempre existiram, deveriam ser  todos  igualmente punidos, mas o que comprometia a imagem de Lula e do PT recebeu, desde o primeiro momento, tratamento muito mais severo da mídia; e, depois, também do Judiciário.

Criticarmos o dois pesos e duas medidas fazia sentido. Evidenciarmos a manipulação do PIG, que ora enfoca tais casos de corrupção como pecadilhos, ora como pecados mortais, seria muito educativo. E, já que a derrota era inevitável, mais valia nos a relativizarmos, tirando-lhe peso. Não tentarmos inutilmente mudar o que já estava decidido antes mesmo de o julgamento começar.
 
O mais frustrante é que avaliarmos bem as situações de nada serve  quando não conseguimos tornar útil tal conhecimento (e tais antevisões).

Então, este meu parêntesis não tem o sentido de "Viu? Eu não disse?". Mas sim o de "Pelo amor de Marx, da próxima vez me leiam com a mente aberta!"...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

MEU SEGUNDO ADEUS A CEZAR PELUSO...

...é idêntico ao primeiro. Não vejo motivo para alterar uma única palavra do artigo que escrevi no último mês de abril, quando o Supremo Tribunal Federal voltou a ter um presidente de verdade, em lugar do medievalista que perseguia Cesare Battisti como um Torquemada redivivo e decidia questões jurídicas a partir de seus preconceitos religiosos.

Se condenar duramente os réus do mensalão antes de pendurar a toga, Peluso sairá heroicizado pela imprensa burguesa. É o  grand finale  que se prefigura. 

Para mim prevalecerá sempre o conjunto da obra, que me leva a considerá-lo um indiscutível vilão. Já vai tarde.

Cezar Peluso não saiu da presidência do Supremo Tribunal Federal. Despencou.

E, prestes a  não ter mais os holofotes direcionado principalmente para si, quis roubar a cena pela última vez. Conseguiu: acabou conquistando muito mais espaço na mídia do que o digno e discreto Ayres Britto, o novo presidente do STF. Mas, a que preço! Seu canto do cisne soou mais como grasnado alternado de gralha e abutre.

Peluso simplesmente arrancou a máscara, mostrando-se tão megalomaníaco, fanático, rancoroso e mesquinho que o cidadão comum deve estar-se perguntando: como um indivíduo tão desequilibrado pôde integrar a mais alta corte do País?

Desandou a dar entrevistas as mais inconvenientes e impróprias para o posto que ocupou, agredindo um ex-colega, a corregedora do CNJ, uma ministra do STJ, um senador, a presidente Dilma Rousseff.
Ou seja, simplesmente direcionou sua incontinência verbal contra todos os três Poderes. Sorte de Deus que a carolice medieval do Peluso o impediu de atacar também o Todo Poderoso, como às vezes fazem os que têm conceito tão exagerado de si próprios...

Particularmente chocante foi ele haver novamente colocado em dúvida os problemas de saúde do ministro Joaquim Barbosa, considerando-se mais apto para diagnosticar as dores de coluna do colega que o respeitado neurocirurgião Manuel Jacobsen Teixeira. Ir à imprensa trombetear que o verdadeiro problema de Barbosa não seria físico mas sim psicológico (insegurança) foi uma verdadeira aberração moral.

Então, o melhor obituário do finado ministro e presidente do Supremo acabou sendo a resposta de Barbosa:
"As pessoas guardarão na lembrança a imagem de um presidente do STF conservador, imperial, tirânico, que não hesitava em violar as normas quando se tratava de impor à força a sua vontade. 

Dou exemplos: Peluso inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento. 

Lembre-se do impasse nos primeiros julgamentos da Ficha Limpa, que levou o tribunal a horas de discussões inúteis; não hesitou em votar duas vezes num mesmo caso [salvando Jader Barbalho da condenação e liberando-o para voltar ao Senado], o que é absolutamente inconstitucional, ilegal, inaceitável; cometeu a barbaridade e a deslealdade de, numa curta viagem que fiz aos Estados Unidos para consulta médica, 'invadir' a minha seara (eu era relator do caso), surrupiar-me o processo para poder ceder facilmente a pressões..."
Caberia um acréscimo, que faço por minha conta: como afirmaram na época o maior jurista brasileiro vivo, Dalmo de Abreu Dallari, bem como o também ministro do STF Marco Aurélio Mello, foi totalmente arbitrária a atitude de Peluso, quando não libertou Cesare Battisti tão logo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a última palavra sobre o caso.

Entre a decisão que o próprio STF delegara a Lula e a sessão em que o STF discutiu se a cumpriria ou não, Battisti amargou mais de cinco meses de prisão ilegal.

Eu disse então e repito agora: Peluso apostou que conseguiria alterar o que já tinha sido decidido, assim como ele e Gilmar Mendes haviam mantido Battisti preso depois que o ministro da Justiça Tarso Genro lhe concedeu refúgio.

Nos dois casos houve abuso flagrante de autoridade.

Da primeira vez, conseguiram dez meses depois derrubar a Lei do Refúgio e apagar a jurisprudência, o que serviu como justificativa posterior para a barbaridade jurídica que haviam cometido antes.

Na reincidência, a aposta insensata de Peluso foi rechaçada pelo próprio Supremo por 6x3. Prevaleceu o que Lula decidira em 31/12/2010, de forma que não há atenuante nenhuma para Peluso ter mantido Battisti sequestrado até 08/06/2011.

Deveria responder por isto na Justiça... se o Judiciário não fosse tão condescendente com os crimes dos próprios togados, dos quais a privação injustificada da liberdade de um ser humano, por preconceito do juiz, é um dos mais escabrosos.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

CARTA ABERTA (E DESESPERADA!) À PRESIDENTE DILMA

Presidente Dilma,

faz muito tempo --quase 43 anos!-- que nos conhecemos naquele turbulento congresso da VAR-Palmares em Teresópolis, de triste lembrança para mim e, presumo, também para si. Quantos participantes logo não estariam mais conosco, sofrendo mortes que os usurpadores do poder tudo faziam para tornar mais sofridas, pois a força era seu único argumento e eles se viam obrigados a intimidar uma nação inteira!

Estávamos à beira do abismo e não sabíamos. Animados pelas notícias que nos chegavam sobre o sequestro do embaixador Charles Elbrick pela ALN, ainda nos dividíamos em discussões apaixonadas sobre os rumos da nossa luta, como se bastasse discernirmos as melhores linhas de ação para a vitória se tornar viável.

Hoje sabemos que tanto a postura mais moderada dos que permaneceram na VAR (seu caso), quanto a mais radicalizada dos refundadores da VPR (meu caso), conduziam ao mesmo martírio, face à extrema inferioridade de nossas forças.  O poder de fogo acabou prevalecendo sobre a justeza da causa.

Então, visto retrospectivamente, aquele congresso coincide com o início da agonia dos movimentos de resistência que confrontaram o arbítrio no auge do terrorismo de estado em nosso país. A partir de outubro de 1969 vimos as desgraças aumentarem dia a dia, as mortes e prisões se tornando tão frequentes que até temíamos abrir o jornal a cada manhã.

Nós dois, presidente Dilma, descemos ao inferno e dele conseguimos retornar, mas reconstruímo-nos de formas diferentes, sob diferentes circunstâncias. Temos, contudo, em comum o sentimento de débito em relação aos companheiros que tombaram, a percepção de que nos cabe, como sobreviventes de uma epopéia que tragou algumas das pessoas mais idealistas e generosas já produzidas por este país, honrarmos seu sacrifício.

Então, no momento mesmo de sua vitória na eleição presidencial de 2010, eu já escrevia que "a dívida social (...) está muito longe de ser zerada, como o foi o débito com o FMI", daí os votos de que aproveitasse bem "seu grande momento", continuando a ser, no poder, "a aguerrida companheira que, como Chaplin, queria chutar o traseiro dos ociosos; como Cristo, trouxe uma espada para combater a injustiça; e como Marx, pretendia proporcionar a cada trabalhador o necessário para a realização plena como ser humano".

Mais especificamente sobre o fato de o Brasil ser presidido pela primeira vez por quem pegou em armas contra uma ditadura, eu comentei:
"Talvez seja o que estivesse faltando para a superação, de uma vez por todas, das dores e rancores remanescentes de um dos períodos mais sombrios de nossa História.

E para nós, os que preparamos o caminho da amizade, passarmos a ser vistos com mais bondade..."
A referência a uma poesia famosa de Bertolt Brecht e ao tema musical da peça Arena conta Zumbi (dela derivado) tinha um forte motivo: a mágoa que todos os antigos resistentes carregamos, por muitos brasileiros e boa parte da grande imprensa desmerecerem a luta quase suicida que travamos, contra um inimigo bestial e absolutamente sem escrúpulos.

Arriscamos tudo: nossas vidas, nossa integridade física, nossa sanidade mental e nossas carreiras. E vimos nossos entes queridos covardemente retaliados, pois foram também submetidos a torturas, a intimidações, a humilhações, à estigmatização e até a abusos sexuais.

Como a Resistência Francesa, não fomos nós que realmente derrotamos os totalitários. Mas, se os franceses, orgulhosamente, reverenciam aqueles que salvaram a honra nacional, evitando que o país ficasse identificado com os colaboracionistas de Vichy, há brasileiros para quem nada significa termos sido os  filhos seus  (do Brasil)  que não fugiram à luta

Sem os poucos milhares de combatentes que seguimos o exemplo de Tiradentes, a imagem que ficaria dos nossos  anos de chumbo  seria a daqueles emergente deslumbrados com o milagre econômico e preocupados exclusivamente em enriquecer, enquanto as piores atrocidades eram cometidas.

Sei que não estou falando nada de novo para si, presidente Dilma. Acredito, contudo, que não tenha chegado ao seu conhecimento o fato de que a União há muito descumpre a Lei n.º 10.559/2002, cujos artigos art. 12, § 4º e 18 estabelecem a obrigatoriedade de rápido pagamento das reparações retroativas às vítimas da ditadura militar:
§4º As requisições e decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Justiça nos processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta dias, por todos os órgãos da Administração Pública e quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária.

Art.18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, mediante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações econômicas, desde que atendida a ressalva do § 4º do art. 12 desta Lei.
Fica claríssimo que, havendo disponibilidade orçamentária, tais reparações deveriam ser pagas em 60 dias; e que, inexistindo disponibilidade orçamentária no ano em curso, teriam de estar contempladas no Orçamento seguinte.

Tardou demais o Estado brasileiro em oferecer-nos o que, no momento da redemocratização, teria sido um apoio para reconstruírmos nossas vidas extremamente prejudicadas e quase destruídas nos porões da ditadura, bem como pelas perseguições e estigmatizações subsequentes; agora, acaba sendo apenas uma tábua de salvação para termos, pelo menos, velhices tranquilas.

A União, contudo, reescreveu informalmente a Lei n.º 10.559/2002 ao decidir, em 2007, quitar o retroativo em  suaves prestações mensais, até 2014, quando se propõe a zerar o que ainda haja restado do seu débito.

Alguns conseguiram fazer com que a escrita da lei prevalecesse, mediante mandados de segurança. Por um destino insólito, contudo, novamente estou sendo eu a vítima da morosidade, má vontade e  sabe-se lá mais o quê  dos Poderes majestáticos e suas burocracias arrogantes --exatamente como no caso da própria concessão da anistia, que no meu caso acabou se tornando uma pequena epopéia.

Daquela vez foram 50 meses de espera, agora já estão sendo 66. Porque, como cidadão consciente dos meus direitos, não me conformei com o descumprimento da Lei n.º 10.559/2002 ao longo de todo o ano de 2006 e também em 2007, quando finalmente recorri a um mandado de segurança (nº 12.614 - DF - 2007/0022638-1) para receber o que me era devido. Logo depois a União anunciou seu plano de pagamento parcelado.

Meu processo levou inacreditáveis e exatos quatro anos para ter o mérito julgado. Houve até um pedido de unificação de jurisprudência, pois três Câmaras do Superior Tribunal de Justiça davam decisões conflitantes sobre casos idênticos.

Após a Corte Especial ter dirimido as dúvidas e fixado o paradigma a ser seguido, meu mandado de segurança foi reconhecido por 9x0.

A União interpôs um embargo de declaração, exumando um argumento (o de que tal mandado não seria o instrumento jurídico adequado) que o relator anterior, Luiz Fux, já desconstruíra em 2007!

Inacreditavelmente, o relator atual acaba de modificar a decisão unânime do julgamento, fazendo tudo retornar à estaca zero!

O prosseguimento da batalha judicial me deixa em situação dramática, pois tenho muitos dependentes e muitas dívidas, empréstimos contraídos e várias vezes remanejados, e a obrigação de desocupar minha morada até o último dia do ano, pois não tive como aceitar o aumento de aluguel pleiteado pelo locador.

Sou idoso, discriminado no meu mercado de trabalho em função de idade e convicções políticas, e tenho uma criança de quatro anos morando comigo. Do que eu recebo da União depende também o sustento de uma mãe octogenária e a pensão de minha outra filha menor, que vive com a mãe dela.

Considero iníquo e desumano que eu e os meus dependentes estejamos em situação tão dramática quando o que nos faz tanta falta já me foi concedido por lei e assinado pelo ministro da Justiça em outubro/2005!

Então, presidente Dilma, faço-lhe um duplo e desesperado apelo:
  • que reconsidere a questão do pagamento do retroativo para todos os anistiados; e 
  • que determine a seus assessores a busca de uma saída emergencial para a situação terrível a que fui levado pelo trâmite kafkiano do meu processo e a criatividade dos defensores da União para desencavarem filigranas que retardem o cumprimento da lei. 
Tal criatividade deveria, isto sim, servir  para minorar o sofrimento dos seres humanos. É a desumanidade que não precisa nem deve ser criativa.

Esperançosamente,

Celso Lungaretti

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

MAIS UMA VOLTA NO PARAFUSO: MINHA SITUAÇÃO SE TORNA DRAMÁTICA!

Estou  em cacos, mas continuarei registrando as evoluções de uma situação que se torna cada vez mais dramática para mim.

Para facilitar a compreensão, recapitularei de novo, antes de entrar no quadro que se apresenta nesta 2ª feira, 27.

Em janeiro de 2006, quando comecei a receber minha pensão vitalícia de vítima da ditadura com lesão permanente causada por torturas em estabelecimentos militares, tinha também direito a uma indenização retroativa, correspondente aos 35 anos transcorridos desde que meus direitos haviam sido violentados pelos usurpadores do poder.

As regras do programa estabeleciam que tal indenização retroativa deveria ser quitada em 60 dias. Não o foi.

Passado um ano sem que nada acontecesse, entrei com mandado de segurança para receber o que me era devido e fazia imensa falta, pois ainda não me recuperara dos prejuízos e dívidas acumuladas em dois anos de desemprego (2004 e 2005) e tenho muitos dependentes.

Logo depois, a União mandou correspondência propondo-se a quitar seu débito em suaves prestações mensais até 2014 quando, no pagamento final, seria saldado tudo que ainda estivesse pendente (no meu caso, aproximadamente metade do que me cabia).

Só que meu processo já tinha sido protocolado e autuado no Superior Tribunal de Justiça, então a proposta chegou tarde demais. Provavelmente eu a teria aceitado, dois meses antes.

Os trâmites foram de uma morosidade exasperante --e aberrante, em se tratando de um mandado de segurança.

Em 2009, o ministro relator pediu à Corte Especial que unificasse a jurisprudência, já que havia três câmaras do STJ  julgando tais processos e elas davam decisões discrepantes.

Só em fevereiro de 2011 o mérito da questão foi julgado. Relatando o caso de acordo com o parâmetro fixado pela Corte Especial, ele decidiu pelo acatamento do meu pedido. Os outros oito ministros acompanharam seu voto.

Como ele se transferiu para o STF,  coube a seu substituto apreciar o embargo de declaração da União, a qual reapresentou argumentação que havia sido rechaçada na primeira decisão tomada sobre o caso, ainda em 2007 (!!!), bem como desconsiderada em vários outros processos submetidos ao STJ.

Incrivelmente, o novo titular acatou a velharia que a AGU, à falta de trunfo melhor, exumou. Sozinho, modificou o que nove colegas haviam sentenciado em consonância com o paradigma definido pela Corte Especial.

Não há base para concluirmos nada sobre o motivo de tão grotesca decisão. Mas, como cidadão, sinto-me extremamente atingido por TÃO FLAGRANTE INJUSTIÇA. E pela SEQUÊNCIA DE INJUSTIÇAS que marca minha passagem pelos tribunais e outras burocracias do Estado (a Receita Federal, p. ex.), sempre me deixando com a pulga atrás da orelha.

Perseguição política é uma hipótese óbvia, mas  há outras, como o fato de que os burocratas arrogantes detestam ser confrontados por quem conhece e sabe defender seus direitos, não se prostrando à postura majestática por eles adotada. Onde a grande maioria se verga à  otoridade, os altaneiros tendemos a ser retaliados.

O certo é que, levando esta pendenga jurídica adiante, inevitavelmente vencerei... mas quando?! Então, minha situação financeira crítica e a necessidade de garantir um lar para minha esposa e filhinha me levaram até a admitir a aceitação desse desfecho cruel e aberrante, desde que ao menos me pagassem de imediato todas as parcelas já recebidas por quem aceitou a proposta da União em 2007.

Nem isto consegui, pelo menos até este instante. Como o prazo para eu apelar de uma decisão que o juiz levou um ano e meio para tomar é de apenas cinco dias corridos, se nenhuma das tentativas desesperadas de hoje resultar, liberarei minha advogada para prosseguir a batalha judicial amanhã e utilizarei todas as vias possíveis e imagináveis para denunciar/protestar contra os que me aprisionaram numa armadilha kafkiana: ouvidorias, OAB, comissões parlamentares, imprensa, cortes internacionais, rede mundial de direitos humanos, etc.

Se me empurram sempre para a luta, só me resta aceitar meu destino.

O HOMEM QUE OS EUA DESTROEM AOS POUCOS: BRADLEY MANNING

Assim como eu (acesse aqui), o valoroso companheiro Carlos Lungarzo avalia que, estando Julian Assange a salvo do pior, agora a situação mais crítica, no Caso WikiLeaks, é a do soldado Bradley Manning: ele vem sendo destruído psicologicamente numa masmorra dos EUA que, torturas excetuadas, é pior ainda que os DOI-Codi's da ditadura militar brasileira.

Recomendando enfaticamente a leitura integral do artigo de Lungarzo, Bradley Manning: vítima do fascismo americano (acesse aqui), reproduzo os trechos principais: 

"Manning está preso numa horrenda masmorra dos EEUU por um delito que, numa sociedade sadia e pacífica seria considerado uma honra: ter ajudado Wikileaks a difundir a verdade sobre os crimes de guerra, assassinatos de civis, massacres de pessoas indefesas e outras violações praticadas pelos invasores americanos em Iraque.

Em realidade, sua participação nos vazamentos de Wikileaks não tem sido provada, mas esse argumento é irrelevante para sua defesa. Se ele não vazou essas informações, é uma vítima. Se ele vazou essas informações, é um herói.

Em ambos os casos merece o maior respeito e a maior solidariedade de todas as pessoas que se consideram humanas, pacifistas e inimigas de qualquer forma de fascismo...

Manning é mantido durante 22 horas por dia, numa cela solitária, sem travesseiro, lençóis nem objetos pessoais desde julho de 2010.

Anistia escreveu ao secretário de defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, pedindo que Manning seja objeto de um trato humano. Nos dias seguintes, ele sofreu restrições e penalidades ainda maiores.

Com o pretexto de que ele está em risco de suicídio foi despossuído das roupas externas e de seus óculos, que são imprescindíveis por causa de sua alta miopia.

Estas restrições foram eliminadas pouco depois, mas ele é ainda considerado como detento de máxima custódia, apesar de não ter qualquer antecedente de violência.

Durante as visitas, ele é algemado nos pulsos e nos tornozelos, uma praxe cruel e sádica, sendo que ninguém consegue fugir o rebelar-se numa prisão de alta segurança, muito menos fazer refém uma visita.

O governo americano está colocando em risco sua saúde mental, pois a cada 5 minutos o pessoal de custódia olha para ele através da janela de sua cela, e controla as barras do xadrez mesmo quando está dormindo.

Os advogados de Manning dizem que todas suas reclamações são ignoradas pelas autoridades.

FAÇO UM FORTE APELO AO PARLAMENTO BRASILEIRO PARA APRESENTAR UM PEDIDO AO CONGRESSO AMERICANO EM FAVOR DE MANNING ONDE SE SOLICITE:
  1. Colocar Manning em liberdade, ou então, mostrar claramente qual é a acusação. Fazer notar ao governo americano que a prisão de Manning está em contradição com a Primeira Emenda Constitucional...
  2. Durante o tempo que ele continue preso, transferi-lo a uma prisão normal e dar-lhe todos os direitos de um detento não acusado, como trabalhar na prisão, estudar, escrever, poder mover-se livremente em seu interior, socializar-se com outras pessoas, não ser algemado, não ser especialmente vigiado, etc."

domingo, 26 de agosto de 2012

O QUE EU FAÇO NO MEIO DESTA ELEIÇÃO?

Apesar de existirem milhares de filmes que podemos baixar na internet, ainda não consegui colar no meu álbum algumas  figurinhas carimbadas. Pacientemente, torno a procurá-las de tempos em tempos, apostando em que algum internauta as acabará disponibilizando para download.

Caso de uma western humorístico que vi há quatro décadas, O que eu faço no meio desta revolução?, dirigido por um mestre do bangue-bangue à italiana (Sergio Corbucci) e protagonizado pelo extraordinário Vittorio Gassman. Como ninguém postou legendas, de nada me adianta o torrent do filme, pois não entendo de ouvido o idioma dos meus avós.

Lembro-me remotamente das agruras do ator que, em turnê pelo México, envolve-se casualmente com a revolução de Villa e Zapata, passa o tempo todo tentando safar-se do imbroglio, mas, no final, a acaba assumindo e, parece-me, tendo morte heróica.

É como às vezes me sinto em relação à campanha eleitoral.

A Folha de S. Paulo mancheteia neste domingo que 64% dos paulistanos querem ver mantida a obrigatoriedade do horário eleitoral em rádio e TV. O horror, o horror!

Nem o fato de que qualquer dia aparecerei durante segundos na propaganda do PSOL (o suficiente apenas para cruzar os braços e encarar os telespectadores...), me faz ter a mais remota simpatia pelo interminável desfile de candidatos patéticos, que sempre relacionei a outra fita italiana, esta uma obra-prima de Ettore Scola: Feios, sujos e malvados (1976, c/ Nino Manfredi).

Para quem vê na política o instrumento para transformar a sociedade, no sentido de despertá-la do pesadelo capitalista e propiciar o advento da "terra da amizade, onde o homem ajuda o homem" (belíssimos versos de um dos temas musicais de Arena conta Zumbi), nada pode ser mais depressivo do que tal demagogia grotesca e delirante, tal toma lá o voto sem quase nunca darem cá a ninharia que prometem, tal carnavalização como forma de chamar atenção, tais ambições pequenas de pessoas idem.

O que o Giannazi, um homem idealista, articulado e de trajetória política exemplar, tem em comum com esses farsantes medíocres, esses Russomannos, Haddads e Chalitas? Nada, absolutamente nada. 

É um Gulliver obrigado a disputar espaço com liliputianos... que, se não conseguirmos tirar leite de pedra, acabarão prevalecendo sobre ele por terem poderosas máquinas partidárias, muito mais recursos financeiros, exposição maior na mídia e no horário eleitoral, mensagens que vêm ao encontro das aspirações dos eleitores aferidas em pesquisas qualitativas, etc.

Tratar uma candidatura como produto tem tudo a ver com a sociedade de consumo; é a linguagem a que o grande público está habituado e condicionado. Quem se propõe a aclarar as consciências ao invés de embotá-las leva enorme desvantagem.

O verdadeiro palco para a esquerda sempre foram  as escolas, as ruas, campos e construções, onde o contato com as massas é direto e dramático, não as telinhas que separam  os homens dos outros homens para que, cada um por si, sucumbam mais facilmente à manipulação e à desumanização. 

Mas, se participarmos do mafuá eleitoral gratuíto é ruim, pior ainda seria se nem esta ínfima brecha aproveitássemos para tentar sensibilizar os corações e despertar as mentes.

Em circunstâncias muito raras e especiais, os Davis conseguem vencer os Golias. Só que, se não formos com nossas fundas para o campo de batalha, nunca saberemos se estávamos ou não diante de uma dessas oportunidades únicas. 

Como disse o Vandré numa canção de homenagem ao Che, "Quem afrouxa na saída/ Ou se entrega na chegada/ Não perde nenhuma guerra/ Mas também não ganha nada".

sábado, 25 de agosto de 2012

JOÃO PAULO CUNHA É CULPADO...

...DE FAZER 
UMA PÉSSIMA 
COMPARAÇÃO 
HISTÓRICA.

Sempre me repugnou julgar outras pessoas.

Os sites fascistas mantêm no ar até hoje uma lorota que companheiros presos devem ter impingido à repressão ao serem torturados: a de que teria sido eu um dos três juízes do tribunal revolucionário a que foi submetido um quadro da VPR. Na verdade, durante a minha militância nem sequer tive ciência da realização de tal julgamento. Só fiquei conhecendo o caso na década passada.

Na minha carreira jornalística, sempre fiz o possível e o impossível para evitar demissões de colegas. Liderando equipes, só uma vez tomei a iniciativa de colocar alguém no olho da rua, mas era caso extremo: a repórter deixara de cumprir uma pauta para ir tratar de assunto pessoal e depois tentou me iludir. Mau desempenho dá para administrarmos, má fé não tem conserto.

Então, não sou eu que opinarei sobre a culpabilidade ou inocência de João Paulo Cunha, um dos réus do julgamento do  mensalão.

Mas, detesto as incorreções históricas, as versões convenientes que vão tomando o lugar da verdade quando são evocados personagens com grandes virtudes e grandes pecados.

Vargas (o mais baixo) também tinha seu Brilhante
Ustra: o terrível Filinto Muller (o mais alto)
Como Getúlio Vargas, que liderou uma mera quartelada (jamais uma revolução!), pilotou uma ditadura de características inconfundivelmente fascistas, era admirador e tentou seguir os passos de Hitler e Mussolini, teve como chefe da polícia política um dos piores torturadores da nossa História, deixou que Olga Benário fosse entregue aos carrascos nazistas... e, lá pela metade de uma trajetória até então das mais negativas, deu uma guinada para a esquerda, assumindo a postura nacionalista que lhe valeu o apoio do PCB e a perseguição dos EUA e seus lacaios.

Hoje a esquerda só lembra do seu  grand finale: ter optado pelo suicídio na iminência de ser derrubado por uma articulação reacionária, deixando a carta-testamento que acabaria por abortar a escalada da UDN e seus aliados fardados rumo ao poder.

Omite, contudo, aquilo que nunca poderemos relevar: as atrocidades de Filinto Muller, a cumplicidade no martírio de Olga, o apoio inicialmente dado aos integralistas de Plínio Salgado (seus parceiros na instalação do Estado Novo)  y otras cosita más...

Memória seletiva nunca foi comigo. Sigo Rosa Luxemburgo: "A verdade é revolucionária".

Jamais deixarei de prestar tributo à dignidade de Getúlio, raríssima nestes tristes trópicos. Cada vez que os Zelayas da vida são enxotados do poder com um pé na bunda (deixar-se embarcar num avião de pijama equivale a isto...) faço questão de lembrar que houve quem preferisse a morte à desonra, como Allende e Vargas.

Mas, daí a retocar o lado ruim de uma biografia vai uma grande diferença. Não estou no ramo da maquilagem.

O   tiro ao corvo   foi desastrado:
acertou também o pé de Vargas.
Foi exatamente o que João Paulo Cunha fez, ao comemorar o voto favorável recebido do revisor Ricardo Lewandowski.

Comparando-se a Getúlio, afirmou que este "se matou porque a elite brasileira, os ricos e poderosos pressionavam e diziam que por baixo do Palácio do Catete jorrava um mar de lama e corrupção".

Menos, Cunha, bem menos. Apenas o  mar de lama  teria sido insuficiente para derrubar Vargas, assim como o  mensalão  foi insuficiente para derrubar Lula.

Ocorre que um primata a serviço de Vargas (mas não por sua ordem) ofereceu numa bandeja o ingrediente emocional de que tanto careciam os direitistas: o chefe da guarda pessoal de Getúlio, Gregório Fortunato, comandou um asnático atentado ao principal porta-voz dos conspiradores, Carlos Lacerda, no qual foi mortalmente baleado um major da Aeronáutica. O  corvo, por sua vez, safou-se apenas com um tiro no pé.

Aí, com as lágrimas de crocodilo jorrando aos borbotões e os militares enfurecidos, não havia mais como segurar a onda. E Getúlio cumpriu sua promessa de só sair morto do Palácio do Catete.

É este passado que João Paulo Cunha quis trazer à baila?! Está pagando para receber tortas na cara.  Os paralelos possíveis são muitos, e a maioria desfavorável. Alguém pode dizer, p. ex., que um aloprado jogou Getúlio às feras e outros aloprados quase nocautearam Lula...

Quanto ao  mar de lama, nunca deixou de existir na política brasileira. Às vezes convém à direita utilizá-lo como trunfo, às vezes convém à esquerda. Às vezes o mesmo político (Lula) serve-se dele para derrubar um adversário (Collor) e depois é quase derrubado por ele.

Só acabará quando a sociedade não tiver mais como mandamento supremo o enriquecei! capitalista.

Até lá, nós da esquerda deveríamos ocupar-nos das tarefas revolucionárias, não de forçar a troca de mandatários sem que verdadeiramente sejam alteradas as relações de poder; e muito menos de garantir a governabilidade (sob o capitalismo!!!) usando os mesmos métodos dos nossos inimigos de classe.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

QUANDO SÓ HAVIA INJUSTIÇA E NÃO HAVIA REVOLTA

Há muito compenetrei-me não só da inexorabilidade da morte, como de que estou mais propenso a morrer de repente do que a maioria das pessoas, por força das opções que fiz na vida e dos inimigos que elas me granjearam.

Então, às vezes me sirvo deste blogue para deixar registrados alguns episódios importantes da minha trajetória, mesmo os que talvez não conviesse tornar públicos. Opto por garantir que fique uma lembrança das agruras pelas quais passa quem trava o bom combate neste Brasil de Poderes imperiais e cidadãos resignados a todos os desmandos.

Em janeiro de 2006, quando comecei a receber minha pensão vitalícia de vítima da ditadura com lesão permanente causada por torturas em estabelecimentos militares, tinha também direito a uma indenização retroativa, correspondente aos 35 anos transcorridos desde que meus direitos haviam sido violentados pelos usurpadores do poder.

As regras do programa estabeleciam que tal indenização retroativa deveria ser quitada em 60 dias. Não o foi.

Passado um ano sem que nada acontecesse, entrei com mandado de segurança para receber o que me era devido e fazia imensa falta, pois ainda não me recuperara dos prejuízos e dívidas acumuladas em dois anos de desemprego (2004 e 2005) e tenho muitos dependentes.

Logo depois, a União mandou correspondência propondo-se a quitar seu débito em suaves prestações mensais até 2014 quando, no pagamento final, seria saldado tudo que ainda estivesse pendente (no meu caso, aproximadamente metade do que me cabia).

Só que meu processo já tinha sido protocolado e autuado no Superior Tribunal de Justiça, então a proposta chegou tarde demais. Provavelmente eu a teria aceitado, dois meses antes.

Os trâmites foram de uma morosidade exasperante --e aberrante, em se tratando de um mandado de segurança.

Em 2009, o ministro relator pediu à Corte Especial que unificasse a jurisprudência, já que havia três câmaras do STJ  julgando tais processos e elas davam decisões discrepantes.

Só em fevereiro de 2011 o mérito da questão foi julgado. Relatando o caso de acordo com o parâmetro fixado pela Corte Especial, ele decidiu pelo acatamento do meu pedido. Os outros oito ministros acompanharam seu voto.

Como ele se transferiu para o STF,  coube a seu substituto apreciar o embargo de declaração da União, a qual reapresentou argumentação que havia sido rechaçada na primeira decisão tomada sobre o caso, ainda em 2007 (!!!), bem como desconsiderada em vários outros processos submetidos ao STJ.

Incrivelmente, o novo titular acatou a velharia que a AGU, à falta de trunfo melhor, exumou. Sozinho, modificou o que nove colegas haviam sentenciado em consonância com o paradigma definido pela Corte Especial.

Não há base para concluirmos nada sobre o motivo de tão grotesca decisão. Mas, como cidadão, sinto-me extremamente atingido por TÃO FLAGRANTE INJUSTIÇA. E pela SEQUÊNCIA DE INJUSTIÇAS que marca minha passagem pelos tribunais e outras burocracias do Estado (a Receita Federal, p. ex.), sempre me deixando com a pulga atrás da orelha.

Perseguição política é uma hipótese óbvia, mas  há outras, como o fato de que os burocratas arrogantes detestam ser confrontados por quem conhece e sabe defender seus direitos, não se prostrando à postura majestática por eles adotada. Onde a grande maioria se verga à  otoridade, os altaneiros tendemos a ser retaliados.

O certo é que, se pudesse levar esta pendenga jurídica adiante, inevitavelmente venceria. Mas, minha situação financeira crítica e a necessidade de garantir um lar para minha esposa e filhinha talvez me obriguem a engolir um sapo gigantesco, para destravar um processo que, nos tribunais, tende a alongar-se por anos a fio --tempo do qual já não disponho, porque mandados de segurança no Brasil  simplesmente deixaram de cumprir sua função.

Ademais, quem me mandou nascer num país onde a proteção dos caprichos de locadores pesa mais do que os direitos de idosos e de crianças?!

Disse Brecht: "E vós, que vireis na crista da onda em que nos afogamos, pensai também nos tempos sombrios de que haveis escapado... quando só havia injustiça e não havia revolta".

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DEPOIS DA PROMISCUIDADE, O CINISMO: HADDAD RENEGA MALUF.

"Não acredito na fulanização do debate. Se cada um for ter que responder pelos outros... Você responde por você, eu respondo pela minha biografia."

A frase é do candidato do PT à Prefeitura paulistana, Fernando Haddad, evitando responsabilizar-se pela biografia (o termo mais apropriado seria ficha criminal) do seu aliado Paulo Maluf.

Haddad só responde pela própria biografia, de ministro trapalhão da Educação, que tornou o Enem um  samba do crioulo doido.

Alguém deveria lembrar-lhe uma das pérolas da sabedoria popular: virgindade perdida não se recupera.

Pessoas decentes não andam aos cafunés e abraços com aqueles que não merecem sua confiança.

Pessoas decentes não esquivam-se de defender aqueles com quem andaram aos cafunés e abraços.

Fez me lembrar um clássico da literatura: O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Sobre o dândi que se dispôs a trocar sua alma pela  juventude e beleza eternas, conservando-se no esplendor enquanto um retrato ia se modificando no seu lugar.

Até que não conseguia mais suportar aquela visão repulsiva, na qual estavam vivamente impressas as marcas da velhice e dos deboches a que ele se entregava. 

Então, Dorian resolveu praticar o bem por alguns dias, acreditando que assim o retrato mudaria para melhor.

Quando foi ver o resultado, constatou que a imagem não só continuava sendo a de um ancião asqueroso, como ainda piorara, passando a evidenciar uma característica antes inexistente: o cinismo.

Para bom entendedor...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A DESPOLITIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES É UM ARTIFÍCIO PARA TORNÁ-LAS INÓCUAS

Ao refletir sobre a minha candidatura, cheguei a conclusões mais gerais, que podem servir para todos os candidatos verdadeiramente de esquerda, daí eu estar compartilhando tais reflexões.

O que um vereador de esquerda pode fazer, HOJE, pela cidade de São Paulo?

Apresentar projetos justos e necessários, que são sistematicamente inviabilizados pela maioria de direitistas, reformistas e fisiológicos?

Discursar e votar contra projetos das bancadas direitistas, reformistas e oportunistas, que acabam por ser aprovados, por mais que se escancarem seus defeitos e impropriedades?

Pedir o impeachment do prefeito como ato simbólico, pois, mesmo havendo carradas de razões para o impedimento, será negado?

Então, quais os objetivos de quem é de esquerda e se propõe a ser vereador de São Paulo?

Os imediatos são os de mudar a correlação de forças na Câmara Municipal e contribuir para a eleição de um prefeito de esquerda.

Como fazer isto, igualando-nos aos candidatos de direita, aos reformistas, aos fisiológicos e aos palhaços na forma de fazer campanha? É possível obter sucesso assim? 

Episodicamente, é. Mas, como regra geral, não. Nem, muito menos, é VÁLIDO.

Os outros podem prometer iluminação pública, creches, postos de saúde e outras benesses para os moradores de cada bairro, de cada rua. O  toma-voto-cá-dá-benefício-lá  da política clientelista.

Nós dificilmente teremos como entregar o prometido, enquanto nossas bancadas forem minoritárias.

E, mesmo quando elas são majoritárias, NÃO DEVEMOS, JAMAIS, USAR COMO CARTÃO DE VISITA O QUE NADA MAIS É DO QUE OBRIGAÇÃO. Assim como, em nosso caso, não há mérito, só obrigação, em resistirmos à corrupção e a combatermos. 

A participação na política oficial, para nós, é de ordem tática e não estratégica. Nunca deve obscurecer ou colocar em segundo plano os nossos objetivos de longo prazo e maior relevância. E isto também nos impõe o  DEVER  de nos erigirmos em exemplo vivo dos ideais pelos quais lutamos, mantendo a superioridade moral em todas as circunstâncias.

Para nós, as relações de poder --a luta ideológica, portanto-- têm de vir sempre em primeiro lugar.

Enquanto os direitistas, os reformistas e os fisiológicos jogam poeira colorida nos olhos dos eleitores, cumpre-nos advertir o eleitorado de que:
  • os cidadãos nunca terão tudo de que precisam e tudo que merecem sob o capitalismo;
  • nada do que obtiverem estará garantido sob o capitalismo, pois o quadro sempre poderá ser alterado para atender aos interesses dos poderosos (que o digam os escorraçados pela especulação imobiliária!);
  • muito mais do que uma cidade, o que se faz necessário é mudar um país, pois os grandes problemas da cidade são meros reflexos das distorções que o capitalismo impõe a todo o Brasil.
E nós, candidatos de esquerda, temos de nos desdobrar para cumprir um duplo papel:
  • lutar contra o capitalismo, por um ordenamento da sociedade que concretize os ideais milenares da humanidade (justiça social e  liberdade);
  • defender intransigente e incansavelmente os direitos e o atendimento dos justos reclamos dos munícipes, tudo fazendo para minorar os sacrifícios que o capitalismo lhes impõe, mas nunca esquecendo de deixar bem claro que a solução real e definitiva não é administrativa. É política. É REVOLUCIONÁRIA, enfim!
A burguesia e sua indústria cultural tudo fazem para DESPOLITIZAR as eleições, reduzindo-as a tediosas discussões de questiúnculas administrativas, de miudezas, de meros paliativos. Pequenas reformas na fachada de um edifício condenado e que precisa ser reconstruído desde os alicerces.

Nós só cumpriremos nossa missão de REVOLUCIONÁRIOS se recolocarmos a  NECESSIDADE DE UMA PROFUNDA MUDANÇA  no centro de tudo, seja em eleições nacionais, seja nas estaduais e municipais. É O CAPITALISMO QUE TEMOS DE PÔR EM DISCUSSÃO E EM XEQUE, não apenas as mazelas das respectivas administrações. 

Para começar, é mais do que tempo de voltarmos a utilizar, ORGULHOSAMENTE, a palavra REVOLUÇÃO e de assumirmos, sem eufemismos, que é por ela que lutamos. 

Somos muito mais e muito melhores do que vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores ou presidentes. Somos REVOLUCIONÁRIOS. E se quisermos que os outros nos vejam como somos, temos de começar nós mesmos a nos vermos assim e a nos apresentarmos como tais.

Vencermos ou perdermos eleições, neste momento, é menos importante do que reconquistarmos o  RESPEITO  dos cidadãos.  E isto nós só conseguiremos de peito aberto e com discurso franco.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A TRAGÉDIA DE 1989 PODERÁ REPETIR-SE COMO FARSA NA ELEIÇÃO PAULISTANA

"Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa." (Karl Marx, O 18 de brumário de Louis Bonaparte)

Talvez estejamos prestes a presenciar uma farsa de consequências quase tão funestas quanto a tragédia da eleição de Fernando Collor para presidente da República. Então, vale a pena, primeiramente, recapitularmos o que aconteceu em 1989.

Naquele ano a Agência Estado incumbiu-me de entrevistar os candidatos a presidente da República bem no comecinho da campanha. Fernando Collor aparecia em segundo lugar numa rara pesquisa de intenção de votos feita naquele mês de abril. Nenhum analista político importante apostava um centavo nas suas chances contra Mário Covas, Leonel Brizola, Paulo Maluf, Ulysses Guimarães, etc. 

O consenso era de que, quando a campanha esquentasse, o autoproclamado  caçador de marajás, conhecido apenas no Nordeste, seria desalojado das primeiras posições pelos candidatos que marcavam presença no noticiário político nacional há décadas.

Fui, talvez, o primeiro a desconfiar que Collor não seria  fogo de palha. Era imenso o desencanto com o desgoverno de José Sarney e seus recordes inflacionários que convulsionavam a vida do cidadão comum; e a rejeição se estendia aos outros políticos mais notórios. 

O eleitorado queria uma  nova cara  e Collor atendia a tal expectativa: era desconhecido, carismático e apresentava-se como o guerreiro que teria confrontado com êxito as velhas oligarquias nordestinas. 

E, se a  panca de valente  lhe servia como trunfo em relação ao povão, suas promessas de modernização tecnológica (a Lei de Informática e outros protecionismos travavam nosso desenvolvimento econômico) e  estado mínimo  seduziam parte da classe média.

Os meses foram passando e, ao invés de Collor definhar, passou a ser o líder das pesquisas.

Mesmo assim, os realmente poderosos tentatam alavancar candidatos que lhes seriam mais dóceis, como Aureliano Chaves, Guilherme Afif Domingos e até Mário Covas. Tinham um certo receio daquela incógnita que vinha da periferia do sistema e queria impor-se a ele. Temiam, com razão, que se revelasse um novo Jânio Quadros, imprevisível e destrambelhado.

Mas, nenhuma das opções tentadas colou. A grande imprensa passou, p. ex., umas duas semanas privilegiando um Afif Domingos, com enormes entrevistas nos jornais, exposição privilegiada na TV, matérias de capa nas revistas; era o  candidato do momento. Mas, quando as pesquisas não revelaram um crescimento significativo, direcionou seus holofotes para Covas, igualmente em vão. Então, curvando-se à evidência dos dados, em agosto o sistema optou por Collor como seu paladino para derrotar a esquerda.

Na outra trincheira também uma  nova cara  se impôs. O fantasma que assombrava os poderosos desde que ficaram evidenciados o fracasso e a exaustão da ditadura militar era Brizola. Foi por temerem sua eleição, dada como certa, que manobraram para impedir a aprovação da emenda Dante de Oliveira, favorecendo, em seguida, a eleição indireta de Tancredo Neves (os parlamentares da bancada governista liderados por José Sarney foram, e não por acaso, o fiel da balança nas duas votações, daí ele ser recompensado com a vice-Presidência na  Nova República  que já nasceu velha...).

Mas, no frigir dos ovos, foi Luiz Inácio Lula da Silva quem conquistou a vaga para o 2º turno, ao obter 454 mil votos mais do que Brizola (em termos percentuais, o primeiro ficou com 16,08% e o segundo com 15,45%).

Depois de apostar suas fichas em Collor já no 1º turno, levando-o a obter sozinho tantos votos quanto Covas, Maluf, Afif, Ulysses Guimarães e Aureliano Chaves somados, a direita jogou mais pesado ainda no 2º turno, garantindo-lhe a vitória... e condenando o Brasil à turbulência collorida e à mediocridade de Itamar Franco.

O CAVALO DE TRÓIA DE EDIR MACEDO

Há óbvios pontos de contato com a eleição paulistana de 2012, como a saturação com o domínio muito prolongado e cada vez mais estéril dos tucanos e seus aliados no estado e na cidade de São Paulo, bem como o desalento do cidadão comum com a política e os políticos (mais ainda porque a campanha começa quando o principal assunto do noticiário é o julgamento do mensalão).

Então, como Collor em 1989, a  nova cara  (Celso Russomanno) surpreendeu nas pesquisas iniciais ao aparecer na segunda colocação e mais ainda agora, ao assumir a ponta. Quem dava como favas contadas que ele seria  fogo de palha  começa a ficar com a pulga atrás da orelha.

Uma diferença importante é a que, por enquanto, não há um espectro da esquerda que assuste tanto o sistema quanto Brizola e Lula em 1989. O único que poderá desempenhar tal papel é Carlos Giannazi, se deslanchar.

Mas, a persistir o esvaziamento de José Serra, poderemos chegar a uma situação em que a disputa se decida entre Fernando Haddad e Celso Russomanno.

Como se percebe um nítido empenho dos poderosos e sua indústria cultural em esvaziarem Lula, favorecendo uma candidatura de Dilma Rousseff à reeleição (para começarem a torpedeá-la no dia seguinte à sua homologação pelo PT...), podemos temer, sim, que eles pavimentem o terreno para Russomanno chegar à Prefeitura. A derrota do seu  bebê de proveta  seria o golpe de misericórdia nas aspirações presidenciais de Lula.

Mas, se Russomanno repete Collor quanto a ser uma  nova cara  e ter dotes de bom comunicador, não é messiânico nem arrojado. Trata-se de um oportunista de voos curtos, ligações/episódios nebulosos (ver aqui) e um histórico legislativo de projetos disparatados (ver aqui).

Em termos pessoais, dele só há a temermos que venha a ser outro prefeito lacaio do grande capital e patético como Gilberto Kassab.

Mas, sua eleição aumentaria em muito o poder de fogo político da Igreja Universal do Reino de Deus e outras  empresas  dedicadas à exploração da fé.

O papel extremamente nocivo dessas bancadas evangélicas devotas do bezerro de ouro evidencia-se cada vez mais: satanização dos cultos afro-brasileiros, perseguição aos gays, campanhas extremadas e obscurantistas contra o aborto, reacionarismo (foram elas, p. ex., que condicionaram a aprovação do projeto da Comissão da Verdade à não participação de vítimas da ditadura)... e, claro, fisiologismo escancarado.  

Então, a eleição de Russomanno não seria, talvez, uma tragédia. Mas, leva todo jeito de, lembrando uma velha comédia macabra com Boris Karloff e Vicent Price, vir a tornar-se uma  farsa trágica.

domingo, 19 de agosto de 2012

SÓ FALTA PENDURAREM O DIPLOMA DE OTÁRIO NA PAREDE...

O que você vê na foto, um jovem futebolista que, num jatinho disponibilizado por seu clube, faz longa viagem para defendê-lo no Campeonato Brasileiro, 28 horas depois de ter atuado num amistoso da Seleção ?

Foi assim que a imprensa noticiou, alguns elogiando a abnegação de Neymar, outros recriminando o sacrifício que o Santos lhe impôs. 

Tudo errado. Na verdade, a foto mostra um garoto-propaganda no desempenho do seu ofício, conforme esclareceu o blogue do Milton Neves:
"Neymar veio de jatinho de Estocolmo para Florianópolis não por amor ao Santos ou por pressão de seus patrocinadores que não pagaram a viagem do menino prodígio.
O jogo era algo desimportante pro  Peixe, em nada alteraria as doze campanhas publicitárias estreladas e já gravadas por ele na TV e não houve também 'exploração física' de Neymar.
Houve apenas a 'coincidência' da Labace, a Feira Internacional de Jatos Executivos que rola em São Paulo.
Neymar veio em jatinho que seria exposto na feira e que viria vazio 'batendo lata', mas com o compromisso – remunerado ou não – de se fotografar na cama da aeronave, colocar no twitter e gerar o que chamamos no mercado publicitário de 'mídia espontânea'".
Se os jornalistas humilhados pela tabelinha Labace-Neymar tivessem um mínimo de dignidade profissional, denunciariam que o gol promocional foi irregular.

Antigamente, cairíamos de pau em cima dos espertinhos e do farsante.  Hoje, com a honrosa exceção do Milton Neves, os coleguinhas só faltou emoldurarem e pendurarem na parede seu  diploma de otário...
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