terça-feira, 1 de novembro de 2011

"A PM MOSTRA SUA TOTAL INAPTIDÃO PARA MEDIAR CONFLITOS SOCIAIS"

Registro que, em meio aos aplausos entusiásticos da grande imprensa à truculenta ação da Polícia Militar no campus da USP, uma honrosa exceção é Vladimir Safatle, cuja coluna Abaixo da lei diz tudo que há a ser dito sobre um episódio característico dos tempos sinistros da ditadura militar e dos mais inaceitáveis numa democracia.

Recomendando, como sempre, a leitura da íntegra, destaco os trechos principais:
"'Ninguém está acima da lei.' Com esta frase, o governador Geraldo Alckmin procurou justificar o fato de, mais uma vez, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP ser alvo de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral lançadas pela Polícia Militar.

No entanto talvez fosse o caso de dizer que ninguém deveria ser tratado dessa forma pela lei. Um delito menor, como o porte de um cigarro de maconha, não justifica a presença de um batalhão da PM em ambiente escolar.
A culpa maior, claro, é de quem
quem colocou a PM dentro da USP
 Trata-se de um delito que nem sequer é considerado como tal em vários países europeus e que vem sendo objeto de discussões sobre sua descriminalização por parte de pessoas insuspeitas de agirem em favor do tráfico internacional...
...a abordagem para problemas dessa natureza vista na quinta-feira está longe de ser a adequada. Mais uma vez, a PM demonstra sua total inaptidão para mediar conflitos sociais e manifestações estudantis. Estudantes saíram, mais uma vez, feridos.
...A atual reitoria tem dificuldades de dialogar com todos os setores da comunidade acadêmica. Ela deveria lembrar que foi escolhida à revelia da maioria, já que a nomeação do atual reitor foi obra do ex-governador José Serra que, pela primeira vez desde Paulo Maluf, resolveu escolher o segundo colocado em uma lista tríplice.
Esperava-se que, devido a esse deficit de legitimidade, a atual reitoria demonstrasse mais habilidade na criação de consenso. Não foi isso o que aconteceu. Vários setores da universidade alertaram para o caráter delicado da presença da PM no campus. Mas nenhum desses setores foi convidado a discutir com a reitoria seus pontos de vista.
...[a PM] não está lá para correr atrás de aluno com cigarro de maconha ou para mostrar aos estudantes que a corporação não aceita provocações. Há maneiras mais inteligentes de resolver problemas banais como esse".

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