segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A BARBÁRIE MORA AO LADO

Escrevi em 2007 que a barbárie nos rondava. A situação evoluiu para pior: está bem mais próxima do que imaginávamos. E começa a mostrar por inteiro sua face monstruosa.

No final da noite de domingo (27), um motorista de ônibus com 59 anos sofreu mal súbito quando conduzia seu coletivo por um bairro pobre da zona leste paulistana.

O apagão faz com que colidisse com um carro estacionado. Foi o suficiente para cerca de TREZENTOS trogloditas saírem de um baile funk e o espancarem até a morte.

A notícia não esclarece, mas o proprietário do veículo certamente era um deles e os incitou.

Que dizer de seres tão desumanos a ponto de lincharem um pobre coitado por causa de um dano material involuntário?!

Um antigo colega de escola e de militância, espanhol que veio para o Brasil lá pelos 10 anos de idade, contou-me que à chegada, perplexo por ver uma turma de moleques espancando um único menino, perguntou ao pai: "São animais?".

No seu país, adultos ou crianças, se dez queriam brigar com um, tinham de enfrentá-lo individualmente, um por vez, caso contrário ficariam desonrados aos olhos da comunidade.

Na  patriamada, 300 massacram um quase sexagenário, em ato de bestialidade e covardia extremas, e nenhum  sequer vai preso, porque a polícia certamente considerou que homicídio de responsabilidade múltipla e difusa não compensa apurar.

O horror! O horror!

Obs.: a partir da primeira versão desta notícia, na qual me baseei, houve várias atualizações. Os 300 funkeiros seriam 40. Houve um atropelado e outros veículos atingidos, mas ora se atribui tais feitos ao próprio motorista, ora aos linchadores que invadiram seu ônibus e, na confusão, teriam soltado a barra do freio, provocando uma segunda colisão. Mas, no essencial, não há discrepâncias: o coitado, na véspera de completar 60 anos, teve um repentino mal-estar  e perdeu o controle do coletivo. A malta o massacrou por presumir erroneamente que ele estava bêbado. 

Um comentário:

Anônimo disse...

2011, século XXI, e ainda assistimos a um crime atroz na cidade mais rica da América Latina. O que é preciso fazer para alcançarmos um padrão mínimo de civilidade (se ainda for possível!)?

Marcílio

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