sábado, 22 de outubro de 2011

PARA FUNDADORA DO THÉÂTRE DU SOLEIL, A ESPERANÇA DE 1968 REVIVE

Paulo Francis escreveu que artistas podem ser fulgurantes atuando e irrelevantes opinando.

Geralmente, as frases bombásticas não abarcam todo o universo a que aludem. Trabalhando como crítico de cinema e de música, além de ter amigos na área teatral, conheci artistas dos dois tipos, os consequentes e os tolos pomposos.

Neste sábado (22), a Folha de S. Paulo publica algumas frases da sabatina a que submeteu Riane Mnochkine, fundadora do Théâtre du Soleil, cuja lucidez é admirável.

Sobre a execução de Muammar Gaddafi, p. ex., disse tudo que havia para ser dito --ou seja, que ele não fez jus à compaixão das pessoas de bem, mas jamais deveria ter sido abatido como um cão, destino que nenhum ser humano do planeta merece:
"Não me importo com a morte de Muammar Gaddafi, se ele foi esquartejado ou não. Mas acho que é um mau começo para a democracia líbia que ele não tenha sido julgado e preso. O que gostaria é que ocorresse um julgamento diante das pessoas que ele maltratou durante mais de 40 anos --até para aterrorizar outros tiranos".
E o ponto alto foi esta afirmação que fez, sobre os movimentos contra a ganância que pipocam no mundo inteiro:
"Se não acham que a esperança de maio de 68 se reconfigura nisso, envergonhem-se!".
Bravíssimo!!!

4 comentários:

Anônimo disse...

para quem se proclama humanista, revolucionário etc e viu as cenas da eliminação de cadafi a afirmação: "Não me importo com a morte de Muammar Gaddafi, se ele foi esquartejado ou não", soa um total contrasenso. Ou então, sintetiza o que foi essa famosa geração meio-oito, um bando de egoístas, corruptos e autoritários que sob uma bandeira libertária estão sempre dispostos a continuar a idolatrar o sangue.

Laércio disse...

Belo o depoimento de Riane. Por vezes penso que a atual apatia da população com a corrupção que assola o país há décadas degenere num outono brasileiro, que aqui o clima é diferente. O clima de descaso da opinião pública, que aparentemente se polariza mais numa questão banal como a do Rafinha Bastos, sinaliza para um ódio maior contra o câncer que corrói a vida pública brasileira. Até quando Sarneys e Malufs serão o padrão,tendo PT e PSDB como aprendizes de feiticeiro?
Como tão bem postulou Brizola, enquanto um banho de sangue não varrer o país, essa ralé política continuará agindo como Maria Antonieta, ao estilo do vereador agradecendo a vida de príncipe que o povo lhe proporcionou.

celsolungaretti disse...

O anônimo tem bons motivos para permanecer incógnito: fala um monte de bobagens sobre mim sem perceber que a frase a que ele alude, na verdade, é da Riane Mnochkine.

Anônimo disse...

Não fiz menção ao seu nome, critiquei a geração meia-oito. Espero que você não se inclua na caracterização que fiz.

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