segunda-feira, 19 de setembro de 2011

BATTISTI x HAIA: GRANDE IMPRENSA JÁ EXPÕE BLEFE ITALIANO

Desatento, não percebi que O Estado de S. Paulo publicou na 5ª feira passada (15) uma notícia muito esclarecedora sobre a   buffonata   berlusconiana de fingir, para efeito doméstico, que a decisão soberana do Brasil no Caso Battisti poderá ser revertida em Haia.

Carlos Lungarzo já em janeiro esclarecia, de forma irrefutável, que isto é impossível. E eu, reconhecendo-lhe a expertise no assunto, endossei sua análise desde o primeiro momento.

Mais uma vez, ambos colocamo-nos anos-luz à frente da grande imprensa brasileira, que só agora chega onde estamos há oito meses: "Não há nada que obrigue o Brasil a acatar qualquer decisão de Haia". Ou seja, tudo não passa de jogo de cena de maus perdedores.

Eis, com grifos meus, a notícia do Estadão:
"O governo brasileiro adotou uma manobra diplomática para retardar um julgamento pela Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), e reduzir o impacto de uma eventual condenação por decidir não extraditar o ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na Itália.

O Brasil rejeitou a proposta da Itália de criar uma comissão de conciliação para se chegar a uma 'solução jurídica amigável'. Com isso, o governo tenta manter o assunto no âmbito quase sigiloso dos despachos diplomáticos e evita os holofotes de um tribunal internacional.
A Itália havia pedido ao Brasil que indicasse até hoje um representante para a Comissão Permanente de Conciliação, prevista na Convenção sobre Conciliação e Solução Judiciária, assinada pelos dois países em 1954. Assim, conforme o texto da Convenção, daria por encerradas as tratativas sobre o caso pela via diplomática. Um árbitro neutro, provavelmente indicado pela Corte de Haia, estaria incumbido de propor um acordo entre as partes. O prazo estipulado pela Itália não está expresso na convenção e, por isso, o Brasil não trabalhava com esse limite.
Impasse. Independentemente disso, já havia um entendimento de que o Brasil não indicaria seu representante nessa comissão. A avaliação do Itamaraty é que não há possibilidade de acordo no caso. A única resposta aceitável para a Itália é que Battisti seja extraditado; o Brasil insiste que uma decisão soberana foi tomada pelo Estado brasileiro e recusa-se a entregá-lo.
Assessores jurídicos da Presidência da República e do Itamaraty enfatizam que o caso, de qualquer maneira, chegará à Corte de Haia. Por isso, não veem razão para instalar a comissão.
Rejeitar a interferência dessa comissão teria uma consequência adicional considerada relevante pelo governo brasileiro. A avaliação de assessores jurídicos é de que evitar essa comissão restringe os efeitos e a legitimidade de uma eventual decisão da Corte de Haia contrária à permanência de Battisti no Brasil.
Se aceitasse essa comissão, o Brasil estaria admitindo o julgamento pela Corte de Haia. O texto da convenção estabelece que a falta de acordo entre as partes leva automaticamente o caso para uma decisão final da Corte. Mesmo que a decisão seja contrária ao Brasil, ela tem, na avaliação de diplomatas brasileiros, só efeito moral - que seria amenizado pelo fato de o País não ter reconhecido a ação de uma comissão de conciliação. Não há nada que obrigue o Brasil a acatar qualquer decisão de Haia.
    Diplomacia. Na próxima semana, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, deve encontrar o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, em Nova York. Um dos temas a serem tratados é justamente a situação de Battisti. Ao longo dos últimos meses, o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, tem-se encontrado com o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Ruy Nogueira. As conversas, no entanto, não levam a nenhuma conclusão.
    Diplomatas ouvidos pelo Estado afirmam que o governo brasileiro entende a pressão italiana como um caso de política interna muito sensível. Nem por isso poderá ceder, já que o asilo político já foi concedido a Battisti. Quando o caso chegar a Haia, o Brasil contratará um advogado para fazer sua defesa. Antes disso, nada será feito".

    2 comentários:

    Haroldo Mourão disse...

    Celso, tem o "Brancaleone" italo-brasiliano Mino Carta com mais um artigo sobre o Battisti. Será que esse caso do Mino seria para ser tratado pelo Freud?

    Haroldo Mourão disse...

    Celso e o Mino "Brancaleone" Carta, será um caso para psicanálise? Ele não aceita as regras do jogo criadas por pessoas como ele mesmo! Parei de ler a Carta em sua totalidade, acompanho mais o Maurício Dias. Mesmo o Wálter Maierovitch não fica enchendo o saco com a história, CABÔU, CHEGA! PQP!!!!

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