sexta-feira, 22 de julho de 2011

A GRANDE ESPERANÇA BRANCA

É o título de um ótimo filme de 1970, dirigido por Martin Ritt, sobre o pugilista com que a máfia estadunidense do boxe conta para despojar o campeão negro do seu título, ainda que recorrendo a meios escusos.

Tratava-se de um evidente paralelo com o episódio de Muhammad Ali, a quem destronaram sob o pretexto de não haver atendido à convocação para a Guerra do Vietnã.

Para os que lutávamos para salvar Cesare Battisti da  vendetta   dos neofascistas italianos, a  grande esperança branca, no segundo semestre de 2009, era José Antonio Dias Toffoli, que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicara para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Poderia ser dele o voto decisivo para a permanência de Battisti no Brasil, pois os prognósticos indicavam placar apertado.

Em termos estritamente jurídicos, era uma indicação bem discutível; afinal, Toffoli havia se lançado como advogado do PT e passara diretamente a advogado geral da União.

Gilmar Mendes alertou a direitalha midiática que Toffoli atuaria como fantoche de Lula no STF e logo apareceu uma enxurrada de editoriais questionando seu mérito para ocupar tal posição.

De nossa parte, avaliamos que ninguém conseguiria ser pior ministro, mais tendencioso e caricato do que o próprio Mendes, então não vimos problema em defender Toffoli. E o fizemos.

No entanto, os dois personagens tiveram um encontro reservado, após o qual Gilmar Mendes mudou o tom de suas declarações. Deixando estupefatos  seus aliados nos jornalões e revistonas, passou a defender a confirmação de Toffoli como novo ministro. E ele foi confirmado.

Face a tão inverossímil reviravolta, ficamos  com a pulga atrás da orelha. E não deu outra: Toffoli se declarou impedido de participar do julgamento de Battisti.

A decisão mais vergonhosa do STF desde o caso de Olga Benário só foi evitada porque outro ministro caiu em si e não ajudou Gilmar Mendes e Cezar Peluso a usurparem a prerrogativa do presidente da República, de dar a última palavra no caso. Se dependesse de Toffoli, Battisti já estaria na Itália... ou morto.

Desde então, destacou-se principalmente por seu posicionamento contra a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa, nos processos de Joaquim Roriz e Jader Barbalho.

Foi muito criticado o apoio da Caixa Econômica Federal à sua festa de posse no Supremo: um patrocínio de R$ 40 mil que, segundo o senador Pedro Simon, constituiu-se num "absurdo desnecessário".

Agora, Toffoli está de novo sob os holofotes da mídia, como se vê na edição desta 6ª feira (22) da Folha de S. Paulo:
"O ministro do STF José Antonio Dias Toffoli faltou a um julgamento na corte para participar do casamento do advogado criminalista Roberto Podval na ilha de Capri, no sul da Itália. Ele não informa quem pagou pela viagem.
Os noivos ofereceram aos cerca de 200 convidados dois dias de hospedagem no Capri Palace Hotel, um cinco estrelas cujas diárias variam de R$ 1,4 mil a R$ 13,3 mil...
Procurado pela Folha, Toffoli não esclareceu se a viagem, os deslocamentos internos e a hospedagem foram cortesias de Podval. O advogado também não quis falar sobre o assunto.

No STF, Toffoli é relator de dois processos nos quais Podval atua como defensor dos réus. Ele atuou em pelo menos outros dois casos de clientes de Podval".
Que cada um tire suas conclusões.

3 comentários:

Marcelo Rodrigues disse...

É, mais uma presença na congestionadíssima galeria dos ministros minúsculos dos tribunais brasileiros.

CARLO PONTI disse...

QUINTA COLUNA É O QUE ESTE CARA É.

José Carlos Lima disse...

A máfia dos bacharéis é um troço sem conserto, duvido muito que este pútrido STF acabe com este escândalo chamado "concurso para tirar a carteira da OAB" que resultou numa reserva de mercado para uma elite do mundo juridico.
E olhe lá que nem tem concurso para médico poder fazer cirugia na gente.
Mas tem prá advogar, quando a OAB deveria existir para punir advogados incompetentes e não para impedir o trabalho de quem se forma

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