quarta-feira, 6 de abril de 2011

"FOLHA" RECEBE MERECIDO PUXÃO DE ORELHA

Nas redações, os jornalistas encaram as cartas de leitores como cricri de leigos, chegando a apelidar tal seção de  muro das lamentações.

O que não impede de, vez por outra, a mensagem não ser uma inutilidade nem uma lamúria, mas sim uma lição de jornalismo que um leitor articulado dá ao veículo destrambelhado.

Caso deste merecido puxão de orelhas que Vitor Souza Lima Blotta, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, aplicou na paquidérmica Folha de S. Paulo:
"Sobre o editorial Liberdade de agressão (Opinião, ontem), que justifica a não punição do deputado Jair Bolsonaro devido à possibilidade de 'abrir precedente contra livre expressão do pensamento', devo dizer que discordo da opinião do jornal. Se a liberdade de expressão e de opinião já é limitada pelos institutos da injúria, da calúnia e da difamação -- que, apesar de tipos penais, não são considerados precedentes contra a liberdade de expressão individual -- , o objetivo fundamental da República, de 'promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação', também pode limitar a liberdade de expressão.
As devidas punições ao deputado não configurarão ameaças nem abrirão precedentes contra a liberdade de expressão, mas serão a forma que o poder público terá de comunicar um dos objetivos mais importantes de nossa República: a não discriminação".
Concordo em gênero, número e grau. Bolsonaro mereceria perder três vezes o mandato, se isto fosse possível:
  1. por racismo, já que ele quis mesmo qualificar de  promíscuos  os romances entre pessoas de cor branca e negra;
  2. por preconceito e má fé, pois a saída pela tangente que algum advogado lhe sugeriu para escapar da acusação juridicamente mais pesada juntou a homofobia à tentativa de logro, configurando gravíssima quebra do decoro parlamentar;
  3. por fazer a apologia do golpismo, da tortura e do genocídio, ao defender a quartelada de 1964, atitude que deveria ser punida exatamente como se pune no exterior a negação do Holocausto.

2 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Certa esquerda faz todo o dia apologia de ditaduras como Cuba e Irã e fica enraivecida quando certa direita faz apologia à ditadura militar brasileira.

celsolungaretti disse...

Engraçado, não me lembro de ter feito apologia nenhuma de Cuba e sou sempre bem crítico em relação ao Irã. Parece que o comentarista está me confundindo com outra pessoa...

Related Posts with Thumbnails