sábado, 19 de fevereiro de 2011

QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO ESPERA ACONTECER

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer", cantou/exortou o Geraldo Vandré.

Então, bem antes que o povo dos países árabes enviasse esta forte mensagem libertária à esquerda mundial, eu já me posicionava francamente contra a absurda pretensão de se pretender transformar o mundo de cima para baixo, tangendo as massas, qual rebanho, para o paraíso desenhado na mente de uma casta de autoproclamados  guias geniais dos povos.

Assim, no post Profissão de fé, em 05/09/2008, eu já alinhavei algumas diretrizes de atuação pessoal que, evidentemente, resumem a visão que tenho de como deveria ser a atuação coletiva da esquerda neste século 21:
"Os parâmetros que sigo no meu blogue são os mesmos que sigo em minha vida:
  1. sou e sempre serei um homem de esquerda, ou seja, considero que os objetivos maiores da humanidade são irrealizáveis sob o capitalismo;
  2. portanto, não estou empenhado em aprimorar ou moralizar o capitalismo, mas sim em criar uma sociedade nova que concretize as aspirações milenares de liberdade e justiça social;
  3. e o que eu quero ver criado é exatamente o 'reino da liberdade, para além da necessidade' prometido por Marx, no qual cada indivíduo tenha garantido o necessário para uma sobrevivência digna e possa, livre dos grilhões da necessidade, desenvolver plenamente suas potencialidades;
  4. Acredito também na verdade dialética de que meios e fins estão em permanente interação, de forma que um fim nobre não pode ser atingido por meios indignos, mas, pelo contrário, o recurso aos meios indignos contamina e desvirtua o fim;
  5. Então, o respeito aos direitos humanos deve permear todo o processo revolucionário, se o que se pretende construir é uma sociedade de homens verdadeiramente livres e plenos;
  6. O stalinismo é uma distorção e uma aberração que até hoje contamina a esquerda, com sua prática autoritária de impor uma posição como a única aceitável, enquanto todas as demais favoreceriam o inimigo;
  7. O pensamento crítico é a alternativa a essa prática de rolo compressor, adotada por grande parte da esquerda organizada e aparelhista.
Então, este blogue se define como um espaço para os ideais de esquerda, para o exercício do pensamento crítico e para a defesa intransigente dos direitos humanos, sem priorizar nenhuma destas três linhas-mestras.

Pois, só tornaremos realidade os sonhos dos grandes revolucionários (inclusive os anarquistas) se conseguirmos fazer com que esses valores sejam complementares e simultaneamente concretizados. Jamais excludentes.

Quem pretende criar uma sociedade com justiça social mediante práticas autoritárias e por meio da arregimentação de fanáticos, na verdade estará engendrando um monstro."
É o que as revoltas árabes estão demonstrando: o autoritarismo não tem mais lugar em nossa época,  pouco importando se a retórica do governo que o adota seja de direita ou de esquerda.

Se quisermos liderar a humanidade em sua marcha para uma sociedade igualitária, fraternal e livre, teremos de empunhar de novo (e para valer!) essas três grandes bandeiras da Revolução Francesa -- ideais que a burguesia era incapaz de concretizar, mas nós podemos.

Se insistirmos em priorizar a justiça social em detrimento da liberdade, acabaremos não viabilizando a primeira e ainda entregaremos de mão beijada a liderança dos movimentos emergentes às forças políticas que querem apenas instituir um capitalismo pleno. 

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