quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BRASIL OFICIAL: O DO AUÊ NA BOVESPA. BRASIL REAL: O DO TRABALHO ESCRAVO.

O retrato sem retoques do Brasil está nesta notícia de hoje: a Lojas Marisa se comprometeu a auditar seus 50 fornecedores diretos e subcontratados, para evitar novas multas como a que recebeu em março, quando fiscais do trabalho encontraram trabalhadores bolivianos em condições análogas à escravidão numa oficina que lhe prestava serviços.

É nisto que deu a terceirização, saudada como um grande avanço pelos arautos do neoliberalismo.

Não só pulverizou direitos trabalhistas, tornando os trabalhadores mais vulneráveis do que nunca às manobras patronais, como propicia casos de exploração extrema e aviltante -- não só nos grotões longínquos, mas na capital paulista, a  Meca  do capitalismo brasileiro.

Antes de Lula chegar à Presidência, os bem pensantes costumavam destacar as enormes diferenças existentes entre o  Brasil oficial, da propaganda multicolorida, e o  Brasil real, da miséria sofrida.

Depois, muitos companheiros sofreram súbita e inexplicável atrofia do espírito crítico, passando a trombetear aos quatro ventos a propaganda multicolorida, como se a amenização das injustiças, efetuada a conta-gotas, fosse suficiente para quitar a imensa dívida social.

Não é. Nem a pau, Juvenal!

Daí a posição que tenho adotado em relação à sucessão presidencial, defendendo o apoio a qualquer um dos quatro candidatos anticapitalistas (Ivan Pinheiro, Plínio de Arruda Sampaio, Rui Pimenta e Zé Maria) no 1º turno e só admitindo o voto útil no 2º turno, que é o momento no qual nada mais nos resta se não evitarmos o mal maior.

O qual, nesta eleição, atende pelo nome de José Serra (o ex-presidente da UNE que hoje não passa de um neodireitista), repetição como farsa da tragédia do  corvo  Carlos Lacerda (o ex-comunista que teve responsabilidade direta na morte de um presidente legítimo e na derrubada de outro).

Parafraseando o Chico Buarque, havendo 2º turno faremos tudo que pudermos para eleger a alternativa a Serra, "mas sem fantasia, que da noite pro dia", por esse caminho, o Brasil real "não vai crescer".

O que temos, no oitavo ano do governo petista, são:
  • apoteoses capitalistas como a que teve lugar na Bovespa quando do lançamento de ações da Petrobrás;
  • sucessivos recordes de faturamento dos bancos, que aqui encontraram seu paraíso;
  • um ridículo 75º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano;
  • a constatação, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, de que nosso IDH seria ainda mais insignificante caso se desse o justo peso ao fator  desigualdade social.
  • etc.
Somos um dos países mais desiguais do mundo e o terceiro mais desigual da América Latina, onde só a Bolívia e o Haiti conseguem ser piores do que nós.

Este é o Brasil real, que o capitalismo jamais redimirá.

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