sábado, 31 de julho de 2010

VIVA LULA!

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente vai interceder junto às autoridades iranianas pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada, como adúltera, à execução por apedrejamento.

Ele se dispõe até a conceder-lhe asilo no Brasil, conforme declarou neste sábado (31) em Curitiba:

"Se vale a minha amizade com o presidente do Irã e se ela estiver causando incômodo lá, nós a receberemos no Brasil de bom grado".
Prometendo telefonar ao premiê Muhammad Ahmadinejad para discutir o assunto, Lula acrescentou:
"Acho que nada justifica o Estado tirar a vida de alguém. Só Deus pode fazer isso".
Evidentemente, haverá os que depreciarão a atitude de Lula, enxergando motivações mesquinhas por trás do gesto nobre.

No entanto, se isso salvar Sakineh de uma morte horrível, danem-se os críticos!

Já estou cansado daqueles que, com motivações igualmente mesquinhas, mantêm sua oposição raivosa aos mandatários mesmo nas vezes em que eles agem corretamente.

Quando Lula reconheceu em Carlos Marighella e Gregório Bezerra dois heróis nacionais, sua fala deveria ser aplaudida por todos os homens de esquerda deste país.

No entanto, boa parte não disse uma palavra a respeito.

E houve os que se fixaram num aspecto desta vez secundário -- se é melhor reverenciarmos nossos heróis do que tentarmos condenar nossos antigos algozes --, ao invés de aproveitarem para exigir dos brasileiros respeito por quantos sacrificaram a carreira, a liberdade, a integridade física e psicológica, e até mesmo a vida, para que o Brasil saísse de uma bestial ditadura.

Não levaram em conta o quanto uma posição como a expressa por Lula ainda escandaliza e provoca rejeições neste Brasil mesmerizado por uma reacionaríssima indústria cultural.

Torço para que Sakineh viva.

Ficarei muito feliz se ela viver no Brasil.

Pouco me importa quem venha a capitalizar tal feito.

Agradecerei de coração a Lula, se o nó for desatado graças a ele.

Assim como lhe agradecerei quando ele der um fim ao pesadelo de Cesare Battisti.

Porque coloco e sempre colocarei o destino dos seres humanos acima dos interesses políticos.

Estamos conversados.

2 comentários:

AF Sturt Silva disse...

O Irã tem uma constituição certo?Então o que deve tirar é isso.Mesmo se a mulher vir para o Brasil,bom salvou uma vida,mas e as outras que vão cometer adulterio???

Defendo o governo Irã por sua politica anti-imperialista e por sua soberania nacional.È claro também por ser criminalizado por toda mídia ,inclusive na questão de armamento nuclear que não faz sentindo algum.

Porém sei que de reacinário, das instituiçãos poderosos, o governo é o mais moderado.Mais um motivo para defender o governo do Irã.

Agora nós sabemos como é tradição e pior quando mistura estado e igreja.Ainda tem a questão de criar uma imagem negativa do país para manipular a opinião publica para justificar uma invasão...Ou seja a situação é muito complexa...

celsolungaretti disse...

Companheiro,

mesmo que se salve unicamente a Sakineh, já terá valido a pena.

E sempre há a possibilidade de, abrindo-se uma brecha nessa muralha de intolerância fanática, outras pessoas possam ser beneficiadas.

Então, a melhor forma de encararmos uma situação dessas é levando em consideração apenas os fatores de ordem humanitária.

Sou o primeiro a concordar em que o país mais perigoso e nocivo do Oriente Médio é Israel, que já tem a bomba atômica, não o Irã, que talvez a produza.

E que o tratamento dado a ambos pelas grandes nações e pela imprensa é extremamente desigual e, portanto, injusto.

Mas, isso não serve como justificativa para apedrejarem uma adúltera até a a morte.

Nem é motivo suficiente para nos omitirmos diante de um bestialidade medieval.

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