sexta-feira, 16 de julho de 2010

TÊMPERA

São três cascas de nozes
que o vento empurra,
as ondas carregam.

Quem vai a bordo

apostou seu sonho
contra todos os medos.

Perdido no mundo,
foi perder-se de vez

ou descobrir novo mundo.

No semblante, só certezas.

No íntimo, só dúvidas.
Que terrível solidão!

Ouvirá gritarem

um dia “terra à vista”?

Pisará chão firme

outra vez nesta vida?

Será água seu caixão,

espuma sua mortalha?

Atingirá o objetivo

antes da completa loucura?

De todos o mais inteiro,

de todos o mais dividido:
Cristóvão Colombo.

Que riquezas e glórias

o levam a perseverar,
indo ao inferno, e além?

Provar sua convicção?

Conquistar um reinado?
Ter o nome na História?

Nada vê além do azul,

nada ouve além das ondas,
nada sente além do frio.

(e no entanto, já poderia avistar

ao longe, muito ao longe, as aves)

(e no entanto, mais feliz

está agora com suas esperanças)

(e no entanto, a benção

poderá revelar-se maldição)

(e no entanto, jamais, jamais

reconheceremos o que fez por nós)

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