sexta-feira, 2 de julho de 2010

DITABRANDA?

Passaram-se exatos 40 anos: em 2 de julho de 1970 eu recebi pela primeira vez a visita dos meus pais, depois de 75 dias de incomunicabilidade e torturas de todo tipo, como preso político por ter pegado em armas contra a ditadura militar.

Mesmo o draconiano Ato Institucional nº 5 só facultava que ficássemos incomunicáveis por um mês. No meu caso, foram dois meses e meio. A força tinha todos os direitos
.
Como não atingira a maioridade legal (21 anos), também não poderia ser interrogado para fins jurídicos sem a presença de um tutor; chamou-se uma professora que lecionava na Vila Militar para assinar a papelada e a formalidade foi contornada.

Minha mãe quase desmaiou quando me viu pela primeira vez, tão magro (perdera 20 quilos) e maltratado estava, com manchas roxas na face e sangue/pus escorrendo do ouvido.

Anos mais tarde, disse que eu parecia um daqueles judeus esqueléticos de quando os aliados chegaram aos campos de concentração nazistas.

Enfim, tais lembranças não me dão nenhum prazer. Nem a vocês, com certeza.

Mas, é preciso nunca esquecermos que coisas assim -- e até bem piores, como o terrível martírio imposto ao Bacuri, que teve os olhos vazados e os dentes triturados antes de ser abatido como um cão -- aconteceram neste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.

Para que jamais se repitam.

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