quinta-feira, 29 de julho de 2010

CIVILIZADOS NÃO PODEM SER CONIVENTES COM A BARBÁRIE

O companheiro Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, conclamou os brasileiros a também se posicionarem contra os crimes abomináveis que são perpetrados pelo estado teocrático do Irã, excrescência medieval sem lugar no século XXI.

Referindo-se à condenação à morte de duas mulheres, uma por adultério (!), outra por inimizade com Deus (!!), Lungarzo disse o óbvio: trata-se de "duas condutas de estrita índole pessoal, cuja punição no Ocidente pertence aos períodos mais bárbaros e selvagens da história, mas que são considerados 'normais' na teocracia iraniana e em algumas outras".

O caso que comoveu a opinião pública internacional é o da primeira, Sakineh Mohammadi Ashtiani. Ela já recebeu 99 chibatadas e deverá ser apedrejada até a morte se as pessoas civilizadas do planeta não conseguirem impedir tal chacina.

Espantosamente, ainda existem defensores da integridade das culturas primitivas, segundo os quais elas se desintegrarão caso impeçamos que imponham sofrimentos inenarráveis a outros seres humanos, pratiquem o canibalismo, etc.

Mas, se absolvermos as práticas hediondas quando têm lugar nos agrupamentos que estacionaram em estágios há muito superados pela marcha da civilização, seremos obrigados, por coerência, a fazer o mesmo com indivíduos que, mesmo vivendo em países ditos civilizados, continuam relegados à mais extrema miséria e à mais crassa ignorância, só conhecendo os direitos da força e a
lei do cão.

Não, mil vezes não! Em casos como o de Sakineh, omitir-se é ser cúmplice. Não há desculpa para um ser humano olhar para outro lado enquanto uma mulher sofre uma morte tão terrível em decorrência do moralismo mais rançoso, boçal e infame, bem como do fanatismo mais ensandecido e cruel.

Vou além: o mesmo se aplica aos executados por participarem de meras manifestações pacíficas contra uma fraude eleitoral.

São práticas nas quais nenhum país deveria jamais reincidir, depois que elas foram condenadas e punidas exemplarmente no julgamento de Nuremberg.

Então, só tenho a lamentar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva haja respondido de maneira tão equivocada quando lhe perguntaram se intercederia por Sakineh:
"As pessoas têm leis, as pessoas têm regras, as pessoas, sabe... Se começam a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, vira uma avacalhação".
Não há conciliação possível com a barbárie. Só conivência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Celso,
nesse caso não tenho nenhuma divergencia substancial. O secularismo e o laicismo sempre foram bandeiras da esquerda mundial. Só faço uma pequena resalva: O islã político é resultado da destruição do nacionalismo de esquerda na região, amplamente apoiado pelos EUA. Tais práticas barbaras de fato subsistem no Irã e devem ser criticadas pelas organizações de DH.Mas devemos lembrar que existe uma "indignação seletiva" com relação ao oriente médio. O Irã está longe, bem longe de ser o pior país nesse sentido da região. As monarquias absolutistas vizinhas praticam os mesmíssimos atos, a situação da mulher é muitissimo pior do que a do Irã, inexiste qualquer traço de sociedade civil (bastante atuante no Irã)e a situação dos homossexuais tb é tão ruim quanto. Curiosidade: O Irã por uma idiossincracia cultural tem uma das legislações mais avançadas do mundo com relaçao aos sujeitos transgêneros, é simples fazer a operação e a mudança de documentos e quase automática.
Há muito de hipocrisia quando se exige de presidentes de esquerda que dêem declarações públicas anti-Irã (que não é, repito, modelo para ninguém na esquerda ocidental) enquanto cale-se cretinamento a boca para os principados pró-ocidentias, piores em todos os sentidos.
Abraços,

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