terça-feira, 15 de junho de 2010

OVO DA SERPENTE CONTINUA SENDO CHOCADO NOS COLÉGIOS MILITARES

No mesmo espírito do post anterior, vale registrar uma oportuníssima denúncia da repórter Angela Pinho, da Folha de S. Paulo que, por ter saído na editoria de Geral, passou despercebida para muita gente interessada em política (inclusive eu): a de que os alunos dos colégios militares, futuros oficiais, recebem lições de totalitarismo e golpismo, não de História.

É inaceitável e inqualificável tamanha pusilanimidade face à racionália falaciosa das viúvas da ditadura, por parte de governantes que foram perseguidos pelo regime militar -- caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também de José Serra que, quando era governador de São Paulo, ignorou meus sucessivos protestos contra a manutenção de loas ao arbítrio na página virtual da Rota.
Eis os principais trechos da reportagem que a Folha publicou no último domingo (13), Livro do Exército ensina a louvar ditadura:
"A história oficial contada aos alunos dos 12 colégios militares do país omite a tortura praticada na ditadura e ensina que o golpe ocorrido em 1964 foi uma revolução democrática; a censura à imprensa, necessária para o progresso; e as cassações políticas, uma resposta à intransigência da oposição.

"É isso que está no livro didático 'História do Brasil - Império e República', utilizado pelos estudantes do 7º ano das escolas mantidas com recursos públicos pelo Exército.

"As escolas militares poderiam utilizar livros gratuitos cedidos pelo Ministério da Educação a todas as escolas públicas. Mas, para a disciplina de história, optaram pela obra editada pela Biblioteca do Exército, que deve ser adquirida pelos próprios alunos. (...) O Exército afirma que o material 'atende adequadamente às necessidades do ensino de História no Sistema Colégio Militar'.

"O livro de história mais adquirido pelo MEC para o ensino fundamental, da editora Moderna, apresenta a tomada do poder pelos militares como um golpe, uma reação da direita às reformas propostas por João Goulart. A partir disso, diz a obra, seguiu-se um período de arbítrio, com tortura e desaparecimentos, em que a esquerda recorreu à luta armada para se manifestar contra o regime.

"Já a obra da Bibliex narra uma história diferente: Goulart cooperava com os interesses do Partido Comunista, que já havia se infiltrado na Igreja Católica e nas universidades. Do outro lado, as Forças Armadas, por seu 'espírito democrático', eram a maior resistência às 'investidas subversivas'.

"No caderno de exercícios, uma questão resume a ideia. Qual foi o objetivo da tomada do poder pelos militares? Resposta: 'combater a inflação, a corrupção e a comunização do país'.

"A obra não faz menção à tortura e ao desaparecimento de opositores ao regime militar. Cita apenas as ações da esquerda: 'A atuação de grupos subversivos, além de perturbar a ordem pública, vitimou numerosas pessoas, que perderam a vida em assaltos a bancos, ataques a quartéis e postos policiais e em sequestros'.

"A censura é justificada: 'Nos governos militares, em particular na gestão do presidente Médici, houve a censura dos meios de comunicação e o combate e eliminação das guerrilhas, urbana e rural, porque a preservação da ordem pública era condição necessária ao progresso do país'.

"As cassações políticas são atribuídas à oposição do MDB. 'Embora o governo pregasse o retorno à normalidade democrática, a intransigência do partido oposicionista motivou a necessidade de algumas cassações políticas', diz trecho sobre o governo Ernesto Geisel".


Um comentário:

Anônimo disse...

Eles também são jovens, acessam a internet.

Que tal repisar que eles vivem em um Brasil diferente e não têm nada a ver com a mentalidade daqueles que praticaram o golpe e a ditadura a partir de 1964?

E não têm que ser coniventes com os erros daqueles que usurparam direitos e praticaram brutalidades no passado?

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