sexta-feira, 18 de junho de 2010

O ESTADO DE UTAH VAI ASSASSINAR HOJE UM HOMEM

Les assassins de l'ordre é o título original de um filme memorável que Marcel Carné dirigiu em 1971, com Jacques Brel no papel principal.

E é também a melhor designação para os que, em pleno século XXI, ainda estão aplicando a lei do
olho por olho, dente por dente, correspondente a um estágio de civilização há muito superado.

Se um ser humano mata outro, é homicida.


Se um estado mata um ser humano, com ou sem formalidades jurídicas, também é homicida. Cruel. Vingativo. Rancoroso. Insensível, Brutal. Bárbaro. Fanático. Maldito. E quantos outros adjetivos houver, que nos permitam expressar nossa indignação e repulsa face à bestialidade do homem contra o homem.


Então, os
assassinos da ordem do estado de Utah, EUA, vão alvejar nesta 6ª feira um senhor que, há 25 anos, matou a tiros um advogado, numa tentativa desastrada de fuga.

Passou um quarto de século tendo pesadelos com o dia da execução. Sofreu o inferno em vida. E hoje vai ser abatido como um cão.


Há lugares onde ainda não se saiu da pré-História da humanidade.


UMA REFLEXÃO
Houve jurados que decidiram a morte de um semelhante; juíz(es) e governador(es) insensíveis a seu apelo desesperado por clemência.

Fico pensando que o pior dos mundos possíveis é essa combinação de uma punição do estágio tribal com a Justiça impessoal dos nossos tempos. A regressão dos que deveriam ser civilizados.

Se as pessoas que condenam um ser humano à morte fossem obrigadas a aplicarem elas próprias a sentença, seriam capazes de o fazer? Olho nos olho, apertariam o gatilho, acionariam a energia da cadeira elétrica ou liberariam a lâmina da guilhotina?

Duvido. São, além de tudo, assassinos sem coragem nem brio. Só matam delegando o serviço imundo de carniceiro a outrém.

Um comentário:

Marco Rocio disse...

Em um debate entre candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro, em 1982, pela tv Bandeirantes, a então candidata defensora da pena de morte, Sandra Cavalcanti, engoliu seco, tergiversou e não respondeu claramente quando foi indagada sobre que método de execução escolheria caso este tipo de punição passasse a vigorar. Salvo engano, a pergunta foi feita pelo jornalista Jaguar. Acho que, naquele momento, ela começou a perder a eleição ao expor sua pusilanimidade diante de um assunto que lhe era tão caro.

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