quarta-feira, 2 de setembro de 2009

PASTA DE VANNUCHI DENUNCIA PRÁTICAS HEDIONDAS DA POLÍCIA GAÚCHA

Uma amiga virtual gaúcha, estudante de jornalismo, há muito me cobra uma condenação dos desmandos e arbitrariedades da governadora Yeda Crusius.

Eu vinha lhe pedindo paciência, pois detesto entrar em tiroteios entre os dois esquemas políticos que disputam a hegemonia no Brasil: o do PT e o do PSDB/DEM. [Quanto aos gelatinosos partidos mercenários, quanto menos falarmos neles, menos poluiremos o espaço virtual.]

Não vejo os esquemas lulista e tucano/demoníaco como solução para nada. Eles são, isto sim, o problema. Disputam a gerência do estado burguês, para fazerem cumprir os objetivos capitalistas. Nada mais.

Pouco se me dá se os banqueiros têm como representante de seus interesses no Palácio do Planalto, envergando a faixa presidenciual, um petista, um tucano ou um capeta. A política econômica neoliberal introduzida por Fernando Henrique Cardoso quando era ministro de Itamar Franco, atravessou inalterada os dois governos de FHC, o primeiro do Lula e o segundo também, até agora.

Então, se presidentes da República se prestam a iludir os cidadãos, fingindo tudo decidir quando só decidem o secundário e obedecem ao poder econômico no fundamental, não sou eu que vou coonestar essa farsa.

Quem não tem autonomia para contrariar o grande capital e os banqueiros não é, a bem dizer, um presidente. Está mais para rainha da Inglaterra.

E eu, plebeu convicto, nada tenho a ver com as intrigas da Corte, pois dela não participo nem quero participar. Ponto final.

Já as violações dos direitos humanos são outro departamento. Estas eu condeno sempre, seja quem for que as cometa.

Há quem me acuse de favorecer o PT, quando protesto contra o sinal verde que Serra deu para trogloditas fardados barbarizarem a USP.

Há quem me acuse de favorecer o PSDB, quando protesto contra o sinal verde que Lula deu para trogloditas fardados barbarizarem o morro da Providência.

Pouco me importa. Sou revolucionário: defendo princípios. Sempre.

Então, repudio com máxima indignação a tortura de crianças e o uso de choque elétrico na ação dos policiais militares do RS durante a reintegração de posse da fazenda Southall, no mês passado.

Mais: se Crusius não punir severamente os responsáveis, considero que este seja motivo suficiente para sua destituição do cargo.

Governante que compactua com práticas hediondas tem de ser remetido de volta às cavernas. Não serve para governar civilizados.

Faço minhas as conclusões da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, que colheu depoimentos na semana passada em São Gabriel e constatou ter havido "emprego desproporcional e inadequado da força policial letal", com o uso ostensivo de cachorros e da cavalaria contra as famílias do MST e o lançamento de bombas a esmo, tanto que atingiram até crianças com seus estilhaços (um bebê foi ferido no rosto).

Quanto ao assassinato do sem-terra Elton Brum da Silva, baleado pelas costas, foi uma recaída na barbárie da qual pensávamos nos ter livrado em 1985, quando o Brasil saiu das trevas.

É simplesmente ultrajante que até o nome do carrasco esteja sendo sonegado da opinião pública pelo governo gaúcho. Quem comete um ato desses não merece privilégio nenhum, mas sim a execração da coletividade.

O relatório da Pasta de Paulo Vannuchi será encaminhado ao Ministério Público Federal e Estadual, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, ao Ministério da Justiça e à Corregedoria Geral da Brigada Militar.

Espera-se que, desta vez, haja apurações isentas e punições compatíveis com a gravidade dos crimes.

Pois o acobertamento dos maiores culpados e as punições insuficientes de outras recaídas na barbárie (o massacre da Casa de Detenção à frente) contribuíram para a situação a que chegamos, em que nossas instituições estão absolutamente desacreditadas aos olhos do homem comum.

Se não começarmos a reverter esse quadro, mais dia, menos dia, as consequências serão funestas.

Ou a democracia brasileira consegue manter a aparência de que funciona a contento, passando a punir pelo menos os crimes flagrados, ou algum homem providencial acabará se oferecendo para restabelecer a moralidade pública com a imposição da ordem unida.

É simples assim.

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