sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DESAPARECIDOS: O GOVERNO CONTINUA FIRME COMO GELÉIA

Evaporada: a diretora teatral Heleny Guariba, que conheci como aliada da VPR, foi vista pela última vez na Casa da Morte de Petrópolis.

Onde estão os documentos do regime militar que poderiam esclarecer o destino de mais de 140 perseguidos políticos evaporados durante os anos de chumbo?

Boa parte foi queimada nos quartéis e repartições, como até o Fantástico já flagrou.

Outro tanto foi transferido para arquivos particulares das viúvas da ditadura, como se percebe nos textos de propaganda enganosa difundidos pelos sites fascistas.

Eles trazem informações inexistentes nos arquivos oficiais, mas, claro, os aprendizes de Goebbels só utilizam a parte que lhes convém: aquela que serve para denegrir os antigos resistentes.

O ministro da Defesa Nelson Jobim é o primeiro a defender a impunidade eterna dos responsáveis pelas atrocidades perpetradas pelas Forças Armadas durante os 21 anos de usurpação do poder.

Então, dele não se pode esperar cooperação nenhuma no resgate da verdade, só manobras dispersivas quando, sob vara da Justiça, é obrigado a organizar expedições de busca de restos mortais no Araguaia.

Firme como geléia, o Governo vai recorrer a anúncios de TV para incentivar a população a fornecer documentos e informações que ajudem a localizar os mortos sem sepultura. Seria cômico se não fosse trágico.

Sem papas na língua, Criméia Alice Schmidt de Almeida, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e viúva do evaporado André Grabois, encontrou a definição certa para a campanha: "ridícula".

Vindo ao encontro do que já escrevi várias vezes, ela diz:
"São documentos públicos, produzidos pelo serviço público, que estão em mãos de particulares. O governo, em vez de responsabilizar os agentes do serviço público que fizeram isso, resolve fazer uma campanha na televisão pedindo 'por favor'. É surrealista".
Nada a acrescentar.

Um comentário:

Anônimo disse...

A Criméia e outros têm que se dar conta da separação de poderes, no Brasil. Culpar o governo, sempre o governo, é moleza - mas cada poder tem sua competência específica, delimitada constitucionalmente. Seria o Judiciário que teria, no bojo de uma ação penal ou cível, que convocar os que se apoderaram de tais arquivos para obrigá-los a devolvê-los. Acho que talvez ela saiba disso ... mas prefira jogar a culpa no governo, ou seja, no poder errado, no Executivo.

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