quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

CANALHA

O presidente da Vale, Roger Agnelli, defendeu recentemente a volta à ditadura, pelo menos na economia. Trata-se do remédio que ele propõe para a crise cíclica capitalista em curso: "Olha, estamos vivendo uma situação de exceção. Para lidar com ela, precisamos tomar medidas de exceção"

Deu o exemplo, demitindo 1,3 mil funcionários, colocando 5,5 mil em férias coletivas e desativando algumas minas.

Evidentemente, poderia ter deixado essas medidas para janeiro, evitando estragar o Natal de 6,8 mil seres humanos. Mas, preferiu iniciar o quanto antes as pressões para arrancar regalias e favorecimentos do Governo. Os funcionários que se danem!

Interlocutor assíduo do presidente Lula, ele tem sugerido iniciativas "no sentido de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas".

Ciente do fedor pestilento que sua posição exala, Agnelli tenta dourar a pílula: "Seria algo temporário, para ajudar a ganhar tempo enquanto essa fase difícil não passa".

O que ele propõe, afinal? "Suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim, em caráter temporário."

Na noite de Natal, vi um exemplo de onde os Agnellis da vida nos querem conduzir.

Hóspede do meu sogro num prédio de apartamentos de Praia Grande (SP), ficamos sabendo que todos os serviçais, terceirizados, não haviam recebido o salário de novembro, nem a 2ª parcela do 13º salário, apesar do condomínio estar com as contas em dia.

Para o pobre porteiro que nos ajudava a armar o cenário para a ceia comum dos condôminos, não haveria Natal. Papai Noel não passaria em sua casa. O almoço seria o de sempre, depois do exaustivo plantão da véspera.

E os Agnellis ainda querem que os pobres trabalhadores sejam mais sacrificados ainda, pagando a conta da recessão de que não foram eles os causadores.

Não sei por que, não me sai da cabeça uma composição do criativo Walter Franco: "Canalha".

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