domingo, 30 de novembro de 2008

O BLEFE DOS GORILAS E O GOVERNO ACOVARDADO

Às vezes outros jornalistas dizem coisas muito interessantes a respeito de um assunto que eu também costumo abordar. Como nunca perdi a humildade, faço questão de reproduzir tais textos.

É o caso do artigo "Lula vai mal nos direitos humanos e no acesso à informação" ( http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/brasiliaonline/ult2307u473280.shtml ), do colunista da Folha OnLine Kennedy Alencar.

Recomendando a leitura do texto integral, reproduzo os parágrafos referentes aos direitos humanos, minha praia:

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à segunda metade do segundo mandato devedor em duas áreas importantes e correlatas: direitos humanos e direito à informação.

"Seria infantil negar avanços na primeira delas. O secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, tem feito um bom trabalho. Lançado em agosto do ano passado, o livro "Direito à Memória e à Verdade" foi o primeiro documento do governo federal a acusar claramente a ditadura militar de 1964 de atos cruéis contra opositores que não podiam mais reagir -- como decapitação, esquartejamento, estupro, tortura de modo geral, ocultação de cadáveres e execução.

"O livro relatou os 11 anos de trabalho da Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos, instância que integra a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, órgão comandado por Vannuchi, ele próprio um ex-preso político.

"Mas Lula parou por aí. A entrada de Nelson Jobim no Ministério da Defesa teve o mérito de resolver a crise área, mas o demérito de levar para o centro do poder uma figura que tem sido muito conservadora, exercendo uma influência nesse sentido sobre Lula e colegas de ministério.

"Jobim é da turma dos que acham que questionar se a Lei de Anistia (1979) perdoou crimes de tortura geraria uma crise militar. Ora, crise militar? As Forças Armadas hoje são profissionais e não têm o menor espaço para se intrometer na vida política. Alimentar o fantasma de crise militar quando se defende que tortura é crime imprescritível soa anacrônico, para ser elegante. No fundo, é uma reação corporativa e conservadora. Pena que essa visão tenha sido aceita na cúpula do governo por ministros que participaram da luta armada e que foram perseguidos pela ditadura.

"Lula assumiu uma posição vexatória, algo acovardada. A AGU (Advocacia Geral da União) acha que a Lei de Anistia perdoou os crimes de tortura. O presidente poderia mudar essa opinião - um parecer jurídico, mas também político. No entanto, o presidente preferiu fingir que não é com ele, deixando a decisão para o STF (Supremo Tribunal Federal).

"O fato de a decisão caber à Justiça não significa que Lula não possa ter opinião. Seu governo representado pela AGU, poderia e deveria defender uma posição mais progressista."

COMENTÁRIO: KENNEDY ESTÁ SENDO CONDESCENDENTE EM DEMASIA COM VANNUCHI, QUE NÃO REAGIU BEM QUANDO ELE E TARSO GENRO PERDERAM A DISPUTA COM NELSON JOBIM NO SEIO DO GOVERNO. AMEAÇOU ENTREGAR O CARGO SE A AGU NÃO VOLTASSE ATRÁS NO SEU PARECER, DEPOIS DEIXOU O DITO POR NÃO DITO. QUANTO À POSIÇÃO DE LULA, É "VEXATÓRIA" MESMO E NÃO APENAS "ALGO ACOVARDADA", MAS SIM TOTALMENTE ACOVARDADA. E CONCORDO INTEIRAMENTE COM A AFIRMAÇÃO DE QUE OS VELHOS GORILAS MILITARES ESTÃO APENAS BLEFANDO E NÃO CONSEGUIRIAM LEVANTAR AS TROPAS CONTRA O GOVERNO, CASO ESTE DECIDISSE FAZER O QUE É CERTO.

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