sábado, 20 de setembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO

Estas declarações bem poderiam ser de qualquer vítima da truculência e bestialidade com que a repressão tratava uma persona non grata à ditadura brasileira, nos tempos de Médici.

Infelizmente, são atuais: é como José Miguel Vivanco, diretor do Human Rights Watch, relatou sua expulsão da Venezuela, anteontem (18):

- Na quinta, fomos jantar num restaurante italiano, Daniel Wilkinson e eu. Eram cerca de 22h15 quando voltamos ao hotel. Subimos até o 14º andar, e, quando saímos do elevador, nos deparamos com uns 20 agentes diante das portas dos nossos quartos.

- Uns estavam fardados com roupa militar, outros estavam à paisana, com armas à cintura. O chefe nos leu uma declaração informando que estávamos intimados a deixar o país imediatamente, sob acusação de termos insultado o governo. Argumentei que aquilo não era verdade, em vão. Tentei mandar um torpedo ao embaixador do Chile, mas um dos capangas me arrancou brutalmente o Blackberry das mãos.

- O aparelho me foi devolvido sem bateria, e o do Daniel foi destruído pelos agentes. Pedi então para fazer as malas, e me disseram que os agentes já haviam entrado no quarto e empacotado nossas coisas. Nos colocaram em jipes, e fomos levados a toda velocidade até o aeroporto num comboio de motos e carros com sirene.

- Perguntamos várias vezes, mas não responderam. O comboio entrou diretamente na pista, sem passar pela alfândega ou balcão de embarque, e só entendemos qual seria nosso destino depois de sermos desembarcados na frente de um avião da Varig.

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