sábado, 13 de setembro de 2008

A BOLÍVIA MARCHA PARA O CAOS

Na madrugada deste sábado, a Bolívia marcha para o caos.

Já houve enfrentamentos entre partidários e opositores do presidente Evo Morales no departamento de Pando, que foi colocado sob estado de sítio. O número de mortos estaria entre 8 e 14, segundo as diversas versões.

O presidente venezuelano Hugo Chávez prometeu intervir com tropas "se derrubarem ou matarem Evo". O comandante-em-chefe das Forças Armadas bolivianas rechaçou "enfaticamente intervenções internacionais de qualquer tipo, não importa de onde venham".

O governo acusa seus inimigos de terem cometido um atentado a bomba contra um gasoduto na região de Yacuiba. O bombeamento de gás natural para o Brasil e a Argentina esteve temporariamente afetado.

Morales e Chávez expulsaram os embaixadores estadunidenses. Os EUA pagaram na mesma moeda.

O colunista Josias de Souza, da Folha de S. Paulo, garante que Morales concordou em receber uma missão de paz, integrada por diplomatas brasileiros, venezuelanos e colombianos, depois voltando atrás, para irritação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enfim, todos os indícios são de que a crise boliviana desembocará em:
  1. guerra civil;
  2. golpe de extrema-direita, seguido de repressão violenta sobre os legalistas;
  3. vitória de Morales, seguida de repressão violenta sobre os golpistas.
Há companheiros da esquerda brasileira que, como sempre, favorecem o partido da guerra -- o que é uma opção confortável para quem dela não participará.

Eu, que já estive suficientemente próximo do fogo para me queimar, apelo à OEA e às nações latino-americanas, no sentido de que insistam nos seus esforços para evitar matanças inúteis.

Qualquer cidadão com o mínimo bom-senso concluirá que, em qualquer dos três desdobramentos que apontei acima, o resultado final será a devastação da Bolívia.

Nem preciso explicar como isto se dará havendo guerra civil.

E salta aos olhos que, vencendo Morales ou vencendo os golpistas, os aliados dos derrotados reagirão, seja intervindo militarmente, seja estimulando atos radicais, seja impondo embargo comercial.

A Bolívia, que já é paupérrima, será levada a uma situação catastrófica, tornando-se um novo Iraque, Biafra ou Bangladesh.

Eu, que sempre encarei a revolução como a parteira da História, para darmos à luz um estágio superior de civilização, não compactuarei jamais com esses confrontos insensatos, nos quais todos perdem, o país se desintegra e o povo sofre. É este, visivelmente, o caso boliviano.

Então, repito: os atores políticos bolivianos já não conseguem deter a marcha para o caos. Só um esforço internacional conseguirá evitar o pior.

LEIAM TAMBÉM: http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/2008/09/bolvia-em-transe.html

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