sábado, 2 de julho de 2016

FESTAS JUNINAS NÃO DEVEM SER BANCADAS COM OS RECURSOS QUE TANTA FALTA FAZEM NOS HOSPITAIS E CRECHES MUNICIPAIS!

Por Pedro Cardoso da Costa
ALTOS CACHÊS EM
 FESTAS JUNINAS
Não é preciso lutar para acabar com as festas juninas nem com nenhuma que faça parte da cultura nacional ou de determinadas regiões. Mas é preciso colocar em discussão os altos cachês pagos por prefeituras às bandas famosas.

No caso específico das festas juninas, seria preciso recolocá-las nas suas características tradicionais. Uma festa típica de família se modificou a ponto de já vislumbrarmos uma disputa com o carnaval. Caruaru e Campina Grande disputam o título do maior São João, assim como Salvador e Recife rivalizam-se na busca de ser o melhor carnaval do Brasil.

O licor que regava as famílias em visitas recíprocas foi substituído pelos sofisticados drinques de frutas, com destaque principal para os capetas.

As comidas caseiras de milho cederam espaço aos mirabolantes bolos e doces industrializados. As fogueiras foram substituídas pelas perigosas guerras de espadas. Os foguetes sumiram diante das pirotecnias de gigantes refletores. 
Acredite:  esta é uma festa junina no interior baiano...

Tais transformações fazem parte da evolução natural da sociedade e de suas inevitáveis tecnologias. Ocorre que muitas dessas mudanças decorrem de interesses de grandes empresas, abrindo espaços para o merchandising de músicas, bebidas e outros produtos,enquanto os fecham para as atrações tradicionais do genuíno São João.

Com isto, houve um divórcio não amigável entre os festejos familiares, forçosamente substituídos pelas megas festas industriais e tecnológicas. Nesse ponto, surge a maior de todas as distorções que se transformou em problema: as prefeituras assumiram os papéis das famílias e passaram a competir entre si e a bancar as festas com o dinheiro escasso do contribuinte.

Daí por diante, em busca do topo, passaram a contratar duplas sertanejas, cantores de axé e de todos os ritmos, numa busca frenética de destacar o São João da sua cidade perante os demais municípios da região. A disputa foi além das músicas, na linha de “o forró daqui é melhor do que o seu”... 

Mais disputados, os artistas elevaram seus cachês a patamares estratosféricos. Houve uma polêmica nacional recente, segundo o noticiário, quando uma prefeitura do Nordeste teria contratado um cantor por mais de meio milhão de reais para o São João de 2016.

As festas podem se desenvolver e chegar ao nível de Olimpíada, mas jamais com o dinheiro que falta para o hospital, a creche, a limpeza da praça, o remédio e os aparelhos para exames simples!
...e esta é a de Campina Grande (PB).

Isto vale para as prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro, que bancam as escolas de samba, e para todas as celebrações Brasil afora. Não somos a Inglaterra. Os ingleses podem bancar sua monarquia. Os ingleses!

Por aqui perdura a cultura de manter, pelo menos, a festança, face ao perpétuo descaso  com o mais necessário. Daí esta repreensão de uma munícipe, no interior da Bahia: 
"Pedro, não reclame do preço das bandas de forró. Só temos a festa para nos divertir. Se você acabar com ela, nós não teremos a festa, nem hospital, nem médico; nada"
Vida que segue...

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