sábado, 15 de agosto de 2015

DEDICO ESTA MÚSICA AO PRESIDENTE DA CUT...

...POR HAVER DITO BOBAGEM MUITO MAIOR QUE A DO WILSON BATISTA, A QUEM NOEL ROSA RESPONDEU COM UM CALABOCA ANTOLÓGICO:
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É besteira "ir para as ruas entrincheirados, de armas na mão, se deitar e lutar", sem ter feito a lição de casa lá atrás. Amadores sem treinamento estão muito longe de serem "o exército que vai enfrentar essa burguesia"; só servem como alvos, patinhos de parque de diversão.

E luta armada se convoca quando um governante é tirado do poder ao arrepio da Constituição. O que se vê, até agora, são pessoas à cata de uma justificativa legal para o impeachment de Dilma. 
O que é isso, companheiro? Levantando a bola pro inimigo?!

Têm o direito de tentarem, desde que continuem dando os passos previstos na nossa Carta Magna. O Congresso Nacional poderá fulminar cada um desses pedidos, agindo igualmente de acordo com os pesos e contrapesos de uma democracia.

O Vagner Freitas é que está viajando na maionese, com suas bravatas vazias. Fez-me lembrar o Luiz Carlos prestes, pouco antes do golpe de 1964, vangloriando-se de que o Partido Comunista já estava no poder. A propaganda inimiga deitou e rolou em cima de sua incontinência verbal, assim como hoje está deitando e rolando em cima do que ela qualifica de ameaça ao Congresso.

Os arroubos demagógicos também são inoportunos. Ao qualificar de golpistas os que até agora não se comportaram como tais, candidata-se a ser mais um menino que grita lobo! fora de hora. 
Golpe é isto aqui

Infelizmente, não é o único. Até a presidenta segue o conselho de Goebbels e fica martelando sem parar uma mentira, para que acabe passando por verdade. Desmoraliza-se aos olhos das pessoas conscientes e equilibradas.

Golpistas foram os milicos que tomaram o poder pela força em 1930 e 1964, muito dos quais participaram de ambos os golpes, fascistas com carteirinha assinada, embora haja na esquerda quem, aberrantemente, estabeleça uma diferenciação entre a primeira e a segunda quarteladas.

Por enquanto não há tanques nas ruas, nem sequer vivandeiras batendo na porta dos quartéis. E o nosso interesse é que continue assim, pois uma luta armada agora seria mais desigual ainda para o nosso lado que a dos anos 60/70. Daquela vez tínhamos bons guerreiros, só que foram insuficientes. Agora nem isso temos.

Então, Freitas, devagar com o andor, que o santo é de barro...

6 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

De fato, Celsão, é o fim da picada.

Mas esse seu texto me chamou a atenção para outra coisa, que é a movimentação de 1930. Entendi muito bem o motivo pelo qual você a mencionou, mas são processos muitos diferentes os de 30 e 64: se formos ver bem, o golpe de meia-quatro é o anti-1930 em mais de um sentido. É interessante observar como todos os processos fundamentadores da República ocorrem pela mão de ferro, a começar pela própria proclamação da República. O Brasil é assim.

Não tenho dúvida de que este assunto precisa e deve pautar toda a prática de esquerda daqui para frente: a QUESTÃO DA DEMOCRACIA. Não apenas o fanfarrão da CUT foi lá cantar o "às armas, classe operária" (logo a CUT, filiada à CIOSL, que apoiou os EUA na Guerra do Vietnã!), como a esquerda de uma maneira geral anda muito necessitada de refletir e trabalhar profundamente sobre o tema da democracia. Discutir democracia de verdade, criar um sólido conhecimento popular sobre a democracia, não tem sido o forte da esquerda. É um problema que temos de enfrentar.

Por exemplo, haveria aqui na minha cidade uma atividade do PSOL, com pessoas de quem gosto, mas seria muito insatisfatório por um lado, porque eles não estão muito interessados em dar satisfações aos trabalhadores e ao povo sobre o dinheiro gordo e fácil do fundo partidário, muito aumentado um dia desses, em plena crise econômica. Partido de esquerda não diz nada a respeito, e, quando o faz, é de um modo imensamente demagógico, como alguns dizendo-se "contra o fundo partidário", mas aceitando de muito boa vontade o dinheiro, dinheirama, dinheiraço.

Para citar outro exemplo. Poderíamos ter tido, entre 2013 e 2014, uma grande expressão favorável à mais profunda proposta de avanço democrático quanto às relações humanas no Brasil, que foi a PEC 51, pela desmilitarização das polícias, e por extensão, se sabemos enxergar as coisas, da política, idealizada por um sujeito absolutamente genial chamado Luiz Eduardo Soares. E a esquerda toda calou-se, por motivos espúrios, muito ao gosto da mediocridade que assola a política de uma maneira geral.

A nova geração anda muito necessitada de formação política. Esse palhaço sem graça que preside a CUT, e poderíamos citar muitos além dele, deita e rola em cima da despolitização do povo, com resultados tão desastrosos quanto irresponsáveis. É parte da crise monumental da esquerda neste momento, cuja conta nos cabe a nós pagar. Temos muito o que fazer, mas com o tempo, num processo de longa duração. São dias muito amargos os que temos pela frente, e que requererão o nosso melhor.

celsolungaretti disse...

Meu caro Eduardo,

o golpe de 1930 foi bem na linha do fascismo emergente, visando entronizar um populismo de direita, autoritário e estatizante. De certa forma, estava certíssima a Internacional ao determinar a tentativa de tomada de poder, mas errou ao escolher como meio um putsch, ao invés de apostar na agudização das lutas populares. Aí, a revolução sem povo fracassou e a repressão desencadeada pelo Filinto 'faltou alguém em Nuremberg Muller' equivaleu em bestialidade à da ditadura dos generais.

Ao apoiar-se nos integralistas para dar um golpe dentro do golpe (o Estado Novo), Vargas mostrou bem quem realmente era. Foi a contragosto, por puro realismo político, que ele entrou na guerra ao lado dos aliados, quando suas simpatias iam todas para o Eixo. Ainda assim, foi defenestrado pelos estadunidenses e seus lacaios brasileiros na voga antiditatorial de 1945 e só lhe restou guinar à esquerda, voltando em 1950 travestido de nacionalista.

Com extremo oportunismo, o PCB apoiou o velho fascista e Luiz Carlos Prestes subiu ao palanque do assassino de Olga. A historiografia de inspiração comunista passou, então, a enxergar virtudes insuspeitadas até no Vargas golpista de 1930.

Noves fora, a diferença que vejo entre as duas quarteladas, ambas autoritárias de direita, é que a de 1930 flertava com o populismo enquanto a de 1964 era meramente policialesca e entreguista.

Abs.

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Sim, a "revolução" de 30, façamo-la antes que o povo a faça, foi mesmo o grande estandarte do populismo no Brasil, e o PC foi de muitos modos debaixo desse estandarte.

Mas o golpe de 1964 foi contra a movimentação de 1930 (algo muito mais complexo que um golpe, e portanto mais contraditório), na medida em que esta fez aparecer um projeto nacional, gerador das estruturas republicanas e de forças produtivas no Brasil. Nesse sentido 30 e 64 são diferentes: 64 é o projeto genuinamente antinacional, em que o Brasil se integra ao capitalismo internacional por meio da mecanização da agricultura no Centro-Sul com capitais estrangeiros, e com a desnacionalização da terra.

E, é claro, a antirrevolução de 30 foi o que estabeleceu o Brasil sob a asa norte-americana no plano geopolítico, a tal ponto que Getúlio se visse obrigado a participar da Guerra com os aliados. Em 1931, a URSS queria trocar petróleo refinado pelas toneladas e toneladas do café que se queimava em São Paulo dia e noite, e o regime de Getúlio recusou-se.

Por outro lado, a vaga nacional aberta por 1930 teve a sua expressão realmente de esquerda, de um modo muito expressivo com Brizola, e é bastante óbvio que a ideologia de 64 nunca poderia ter uma expressão de esquerda.

celsolungaretti disse...

Meu caro Eduardo, nas décadas de 1920 e 1930 havia desencanto com a democracia burguesa e o tipo de capitalismo que vicejava à sua sombra, responsável pelas carnificinas da 1ª Guerra Mundial. Para os fascistas e nazistas, a alternativa era o Estado totalitário. Para os comunistas, depois do abandono dos ideais da revolução de 1917 e da derrota da revolução alemã, a alternativa também passou a ser o Estado totalitário. O nazifascismo e o comunismo desvirtuado (a "revolução traída" de que falava Trotsky) só se diferenciavam pelos bigodes dos grandes ditadores: Stalin tinha bigodão, o do Hitler era fininho e o Mussolini raspava bigode, barba e cabelo...

É também deste caldo de cultura que nasceu o "golpe" (pois não passou de um realinhamento de forças dentro do sistema capitalista) de 1930. Aliás, a semelhança é grande com a Itália, onde o movimento fascista tinha inicialmente alguns traços esquerdistas, mas depois se definiu como, tão somente, uma forma truculenta de imposição da dominação burguesa.

O certo é que a constelação de forças que seu uniu em torno do golpe de 1930 era um pouco mais diversificada, mas dela já faziam parte todas aquelas que dariam o golpe de 1964.

marcosomag disse...

Sua cabeça parece estar ainda em algum lugar do passado. Hoje, os golpes não são feitos só com tanques na rua. São feitos com operações de propaganda via mídia corporativa e internet. "Lideranças" são formadas e financiadas por ONGs ligadas ao Departamento de Estado. Fabrica-se um "sociedade civil" contra a "opressão" de regimes que contrariam os interesses de empresas estadunidenses. Quando o governo reprime, os EUA fazem bombardeios "responsability to protect" como na Líbía, Iraque e Síria ou então criam uma guerra civil, como na Ucrânia. Quando o governo não reprime, compram parte dos políticos e o Judiciário (único Poder não eleito) e fazem um golpe "suave", como no Paraguai e Honduras. No modelo de golpe que os EUA aplicam hoje, controlar todo o território de um país não é importante sendo até contraproducente pois custa mais caro do que controlar com mercenários as áreas onde estão as riquezas naturais e deixar o povo matar-se em guerra fratricida. O Golpe no Brasil está em marcha desde o "julgamento" da AP 470 na qual o Torquemada Barbosa "atropelou" sem cerimônia a Constituição sem dar importância aos reclamos da OAB e juristas independentes. O "estilo Torquemada" continua com o "Tucanomoro" e procuradores amestrados para os quais o direito de defesa e a existência de provas para condenação de alguém são detalhes irrelevantes. Delação "premiada" só vale contra o PT. Contra o PSDB "não vem ao caso ("Tucanomoro"). O que você chama de "caçar brechas na Constituição" é outro nome para chicana pseudo-jurídica para anular o resultados das eleições. Bem ao estilo "paraguaio" e "hondurenho". O objetivo dos EUA é tomar do Brasil as reservas petrolíferas do Pré-Sal, que podem abastecer o mundo inteiro por 5 anos como demonstrou estudo recente. Muito feio para quem lutou contra o Golpe do velho estilo ser enganado pelas táticas de Gene Sharp, aplicadas pelo Departamento de Estado no Brasil, e tentar justificar um possível Golpe de novo tipo. Sugiro a você que leia mais sobre as "revoluções coloridas" para não cair mais nessa.

celsolungaretti disse...

Teorias da conspiração rendem ficção barata e filmes chatos, mas manipulações sempre existiram e governos de esquerda realmente enraizados no povo não caem de podres.

O fato é que o PT não oferece mais aos explorados motivo positivo nenhum para lutarem por ele, então tenta sobreviver à custa da negatividade: satanização dos inimigos e alarmismo pueril. Não cola.

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