sábado, 23 de maio de 2015

A PRAÇA É DO POVO, COMO O CÉU É DO CONDOR. OS PALÁCIOS SÃO DA ELITE, COMO O ESGOTO É DOS RATOS.

Uma entrevista da deputada estadual Manuela D'Avila (PCdoB-RS), à qual o site Brasil247 deu destaque pra lá de exagerado, exemplifica bem o mundo de fantasias em que vivem muitos militantes de esquerda.

Disse ela que "a proposta de emenda de [Eduardo] Cunha que permite o financiamento privado [das campanhas eleitorais] vai na contramão do que o povo quer, porque vai aprofundar o sistema político falho que temos hoje e não aperfeiçoar a democracia".

Se a Manuela saísse às ruas e ouvisse a voz real do povo, saberia que o financiamento das campanhas é a última das preocupações do homem comum. Agora que, por obra e graça de Dilma Rousseff e do seu superministro neoliberal, ficou tão difícil financiar o pão nosso de cada dia, quem vai se preocupar com os mecanismos das eleições?!

Ainda mais sendo eleições abastardadas como as nossas, nas quais candidatos se elegem com determinados posicionamentos políticos e, depois de empossados, jogam-nos no lixo e fazem exatamente o oposto, adotando as políticas que juravam repudiar e diziam serem intenções sinistras dos adversários...

Por isto tudo, é bem capaz de o povo estar chegando à conclusão de que pouco importa quais políticos eleja, pois mudanças de verdade só conquistará nas ruas. Torço para que a ficha lhe caia o quanto antes. A praça é do povo, como o céu é do condor. Os palácios são da elite, como o esgoto é dos ratos.

Este segundo mandato de Dilma está sendo a pá de cal na ilusão de que o mandato presidencial nos pudesse servir de alguma coisa. Não serve de absolutamente nada se não for utilizado para confrontar o poder econômico, o que nunca foi propósito do PT e da base aliada.

Ou se vai à luta como o Allende, com a coragem do Allende, ou se capitula como a Dilma, com a pusilanimidade da Dilma, que considera mais importante conservar-se no governo do que conservar seus ideais. 

Não há meio termo entre estas duas posturas e a opção coerente e digna, infelizmente, é descartada pela grande maioria dos esquerdistas que atuam na política oficial. São pouquíssimos os que encaram mandatos como trincheiras da revolução. Os que se contentam em gerenciar o capitalismo para os capitalistas, fingindo mandar enquanto só obedecem, são quase todos.

Já deveríamos ter aprendido a lição com Jango. Alunos relapsos, a estamos recebendo de novo.

Com a agravante de que a tragédia se repete como farsa: para obterem o que queriam, desta vez os verdadeiramente poderosos nem sequer precisaram recorrer ao golpismo. A ameaça velada bastou. 

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