sábado, 20 de dezembro de 2014

UM FILME DE TRIBUNAL INESQUECÍVEL: "12 HOMENS E UMA SENTENÇA".


12 homens e uma sentença (1957), que escolhi a dedo para retomar a disponibilização de filmes para ver no blogue, é uma obra-prima do cinema humanista. Marcou a estréia do fundamental diretor Sidney Lumet na tela grande, depois de cinco anos desperdiçando talento com tralhas televisivas.  

O roteirista Reginald Rose estava inspiradíssimo ao criar esta história tão fora do padrão estadunidense: a ação se passa inteiramente na sala de deliberações de um júri. Parece teatro filmado, mas não é. E Lumet soube evitar uma possível monotonia ao criar um clima de tensão crescente, absorvente, não deixando a peteca cair em momento algum.

Além do tema fascinante, dos diálogos memoráveis e da excelência do trabalho de Lumet, um filmes desses depende em muito da escolha dos atores certos e da qualidade dos seus desempenhos. Foi outra bola dentro: nenhum destoou.

Num dia muito quente, no qual a ventilação (para piorar) não está funcionando, o que os jurados mais querem é um rápido desfecho, com a condenação a toque de caixa de um jovem porto-riquenho acusado de parricídio. 

Mas, a sentença precisa ser unânime e um deles (Henry Fonda, magnífico!) começa a levantar dúvidas e mais dúvidas, alegando que o advogado de ofício o defendera pessimamente. Vai desmontando a acusação e trazendo um a um para seu lado.

Outros atores superlativos: E. G. Marshall, Jack Warden, Lee J. Cobb e Martin Balsam.

Foi o pontapé inicial de uma carreira cinematográfica das mais consistentes do século passado. Lumet fez outro dos melhores filmes de tribunal de todos os tempos (O Veredicto, 1982) e tem no seu currículo preciosidades como O homem do prego (1964), A colina dos homens perdidos (1965), Até os deuses erram (1972), Rede de intrigas (1976) e O príncipe da cidade (1981).

A mesma história seria depois refilmada três vezes: 12 Homens e uma Sentença (d. William Friedkin, 1997), 12 (d. Nikita Mikhalkov, 2007) e Douze hommes en colère (d. Dominique Thiel, 2010). Nenhuma chega perto desta aqui. A picaretagem russa não credita a ideia original a Reginald Rose, embora salte aos olhos que a inspiração veio dela.

Por último: considero simplesmente grotesca a prática brasileira de impedir qualquer discussão entre os jurados, relegando a sua participação a entrarem mudos, a tudo assistirem sem dar um pio, preencherem um reles questionariozinho e saírem calados. Nossa formação é elitista e autoritária (em sentido amplo) a ponto de sequer admitir que os membros do júri troquem idéias entre si e, talvez, cheguem a conclusões diferentes das que promotores e advogados lhes propõem. Este filme mostra quão melhor seria se eles fossem encarados como adultos e seres pensantes...


Se as legendas não aparecerem, clique no 4º ícone da dir. p/ a esq.

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