segunda-feira, 15 de julho de 2013

ANDERSON SILVA E A VERSÃO 2013 DO 'ME ENGANA QUE EU GOSTO'

É fácil percebermos...
Um tal Jorge Correa, que presumo seja comentarista das tais MMA --Marmeladas Marciais Acabrunhantes?--, aparece no UOL (vide aqui) defendendo a  lisura  do espetáculo em que o lutador brasileiro Anderson Silva fingiu perder do estadunidense Chris Weidman, repetindo uma das práticas mais manjadas das lutas, desde a  era do boxe: um franco favorito se deixa derrotar por um azarão, a máfia das apostas fatura uma fortuna com a mutreta e a revanche se transforma em acontecimento de primeira grandeza, rendendo outra fortuna aos promotores --afora a comissão que recebem dos mafiosos por baixo do pano. Alguns meses depois, a ordem natural das coisas é restabelecida, com a Cinderela de ocasião sendo devolvida ao depósito de coadjuvantes, do qual nunca deveria ter saído.

...o que é marmelada...
Assim os Dana Whites da vida realizam o antigo sonho dos alquimistas: transformam metal comum em ouro. Afinal, o estoque de adversários à altura do campeão é limitado e as grandes lutas constituem a alma do negócio. Por que não fajutar algumas?

O que vale mesmo a pena ler no UOL é o depoimento de um dos maiores  marmeleiros  brazucas, o  gigante do ringue  Michel Serdan (vide aqui). "Muita coisa no MMA não é real", diz ele, com total conhecimento de causa. 

E, diferenciando-se dos caras-de-pau como o White, ele enfatiza que jamais escondeu do seu público o fato de a luta livre não passar de um show esportivo que combinava  golpes e artes circenses. [Já o  danoso  personagem que é  dono  do MMA tem seu ilusionismo facilitado pelo fato de que as lutas de verdade ajudam a impingir as que não o são...]

...e o que é luta de verdade.
Só mesmo quem queria iludir-se não percebeu que Anderson tudo fez para ser atingido no queixo e Weidman tudo fez para não o machucar quando ele estava caído --tanto que a face do pseudo-nocauteado nem de longe exibia as marcas características de nocautes. Já um Joe Frazier, depois de haver perdido sua terceira luta com Mohammed Ali, parecia ter passado por um moedor de carne. 

Aliás, mesmo um gigante do pugilismo como Ali fez a sua mamata: quem acreditou que ele realmente perdeu a primeira luta com Leon Spinks deve ter recebido um diploma de otário.

Idem, quem engoliu a encenação constrangedora de Anderson. A julgar por ela, eu lhe aconselharia a arquivar seus projetos de atuar no cinema. Nunca será um Chuck Norris ou Steven Seagall. Nem mesmo um Hulk Hogan.

P.S.: A revanche foi um pouco diferente da minha previsão. Tendo ambos se enfrentado seriamente -Weidman, inclusive, atuando com muita maldade-, sou obrigado a admitir que a primeira derrota de Anderson não deva ter sido, como imaginei, uma repetição do velho truque do boxe para valorizar lutas com adversários sem gabarito. E que o brasileiro simplesmente tropeçou nas próprias pernas, ao imitar Muhammad Ali sem ter a mesma competência. Como nunca almejei ser infalível, mantenho o post exatamente como o redigi em julho. Não se pode acertar sempre...

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