quinta-feira, 21 de abril de 2011

CHICO ANYSIO VOLTOU!!!

Uma das melhores notícias da semana é o restabelecimento do grande humorista Chico Anysio, depois de haver superado graves problemas de saúde (teve de fazer uma angioplastia e, em seguida, contraiu uma pneumonia). Ele acaba de completar 80 anos.

Foram quase quatro meses de internação hospitalar, mas Anysio agora está firme e forte, tanto que gravou  suas primeiras cenas em 2011 do humorístico Zorra Total, da Globo, revivendo a personagem Salomé, numa conversa  de mulher para mulher  com Dilma Rousseff. O quadro irá ao ar neste sábado (23).

TÚNEL DO TEMPO

Quando eu tinha nove anos, fiquei fascinado por uma grande novidade na programação da TV: o Chico Anysio Show.

Estava anos-luz à frente do humorismo convencional.

Tratava-se do primeiro programa semanal gravado em videoteipe (pela TV Rio) e enviado a outros Estados. Em São Paulo, a TV Record o exibia nas noites de domingo.

A utilização inicial do VT se dera em 1958, com a apresentação de um teleteatro previamente gravado ("O Duelo", inspirado em Guimarães Rosa) no TV de Vanguarda da velha TV Tupi  - Canal 3 de São Paulo, pertencente a Assis Chateaubriand.

Nem edição havia. Foi tudo registrado de uma tacada só, com a única vantagem de poder ser reprisado ou exibido também nas outras Emissoras Associadas.

Em 1960, entretanto, o diretor Carlos Manga e Chico Anysio já contavam com esse recurso.

E o aproveitaram magnificamente, para criar um show dividido em quadros, com Anysio mostrando toda sua versatilidade na composição dos vários personagens.

Era humor inteligente, em muitos casos direcionando-se para a sátira  ferina da qual a TV comercial depois fugiria, para não desagradar anunciantes e audiências.

Assim, além de tipos meramente engraçados, como o barman fanho "Quem-Quem" e o torcedor de futebol "Urubolino", havia abordagens mais críticas, como a dos industriais paulistas italianados ("Comendador Vittorio") e dos latifundiários nordestinos ("Coronel João Pessoa do Limoeiro").

Na concepção desses tipos e situações, Anysio interagia com uma excelente equipe de redatores: Antonio Maria, Aloísio Silva Araujo e Max Nunes.

E o show incluía algo inimaginável num programa humorístico de hoje: uma crônica, às vezes  nostálgica, sempre de muito bom gosto, que Anysio apresentava como ele próprio (ou seja, vestido normalmente), em algum ambiente carioca.

Seguramente, o Chico Anysio Show sofisticou o humor da TV brasileira, até então voltado para o povão. Algo como um Jacques Tati chegando onde só havia Três Patetas...

Infelizmente, ele foi cada vez mais se banalizando, sob o  toque de Sadim  da Rede Globo. É um daqueles talentos que o sistema engoliu, como Arnaldo Jabor, Pedro Bial, William Waack e tantos outros. A  vênus platinada é, na verdade, uma   górgona...

Então, a grande maioria dos telespectadores acabará lembrando mesmo de Chico Anysio como o  Professor Raimundo  da   escolinha, um de seus personagens menos brilhantes, tanto que nem original era: tratava-se de uma variação de  Professor Lourenço, seus bons alunos e sua aluna boa  (*), quadro de um programa humorístico do final da década de 1950, da então TV Paulista - Canal 5 (SP), da Organizações Victor Costa.

* Borges de Barros intepretava o professor que tudo fazia para agradar à aluna  gostosa  e burrinha, inclusive elogiando suas asneiras e rejeitando as respostas corretas dos três alunos mais sabidos.

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