quinta-feira, 2 de outubro de 2008

JUSTIÇA RUSSA REABILITA O ÚLTIMO CZAR

Nicolau 2º, o último czar da Rússia, foi reabilitado pelo Tribunal Supremo do país, que acaba de declará-lo (e à sua família) vítima de "injustificada repressão" por motivos políticos.

O czar, a czarina, o czarevitch (herdeiro do trono), quatro grã-duquesas, o médico e três criados da família imperial foram mortos por um pelotão bolchevique na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918, em Ecaterimburgo, onde eram mantidos prisioneiros.

O nascente governo soviético tentava sobreviver aos reacionários internos (czaristas e liberais) e à invasão de exércitos estrangeiros (estadunidenses, ingleses, franceses e japoneses, dentre outros).

Só conseguiu vencer essa guerra em duas frentes porque os inimigos, militarmente muito superiores, atuaram como forças independentes, sem coordenação entre si.

O comandante do Exército Vermelho, Trotsky, conseguia movimentar seus efetivos, rapidamente, para onde eram mais necessários em cada momento; mas não teria como escapar à derrota, se todos os rivais atacassem ao mesmo tempo nas várias frentes de luta.

A intenção dos bolcheviques era levar Nicolau 2º a julgamento. No entanto, quando as tropas brancas (monárquicas) se aproximaram demais do local onde ele e sua família estavam presos, decidiu-se a execução, para que fosse evitado qualquer risco de resgate.

O temor era de que os contra-revolucionários utilizassem o czar ou qualquer herdeiro seu como bandeira, em torno da qual se aglutinassem os adversários da república soviética.

O fantasma da união dos inimigos os assombrava. Idem, a possibilidade de que os camponeses, mais sensíveis ao fascínio do trono, se voltassem ativamente contra a revolução.

Foi uma decisão cruel. Deveu-se às chamadas razões de estado e não a uma pretensa índole sanguinária dos bolcheviques que, pelo menos até aquele momento, utilizavam apenas a força necessária para assegurarem a sobrevivência do regime, em meio à guerra, ao caos e à penúria.

Mas, repugna aos homens de bem saber que cinco mulheres e um jovem foram sacrificados apenas por causa de seus laços sanguíneos ou conjugal com o czar; e outros quatro, serviçais, para que não relatassem o que ocorrera.

Quanto ao próprio Nicolau 2º, era um autocrata convicto, embora infantilizado e de personalidade tíbia. Se não ordenou massacres, deixou que outros os cometessem impunemente em seu nome, como o grão-duque Sergei Alexandrovitch, que deu à guarda ordem para disparar contra uma manifestação pacífica em janeiro de 1905, causando centenas de mortes, no episódio que passou à História como domingo sangrento.

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